Page 7 - Revista da Armada
P. 7

REVISTA DA ARMADA | 509


 NRP ÁLVARES CABRAL  indispensável na produção de segurança, contribuindo desta for-  fora da área do Atlântico e que tinha, entre outros, como objeti-
                                                              vo fazer a circum-navegação ao continente africano, o almirante
          ma para a afirmação de Portugal.
           Ao dispor de capacidade combatente para assegurar as tarefas
                                                              da US Navy comandante da força referiu durante uma cerimónia
          de defesa militar, a sua principal função é a escolta e a luta ASW,   na África do Sul que, para a Organização, o melhor que pode-
          disciplina  da  guerra  que  ressurgiu  recentemente  com  elevada   ria acontecer era “ter um navio holandês  com uma guarnição
          prioridade por parte da OTAN. Assim, mantem-se a necessidade   de portugueses”. É certo que esta afirmação carregava também
          de preservar estas plataformas, como naquela altura, tão moder-  uma forte convicção pessoal, mas não podemos deixar de ficar
          nizadas quanto possível, face às novas exigências operacionais e   orgulhosos pelo prestígio que a nossa Marinha tem acumulado
          ao avanço tecnológico entretanto registado.         perante os seus pares.
           Este artigo, integrado nas comemorações dos 25 anos da classe   No campo mais lúdico também se dão provas além-fronteiras.
          Vasco da Gama, surge no seguimento de outros entretanto publi-  Como exemplo, a participação desportiva por ocasião das cele-
          cados em janeiro e fevereiro deste ano pela Revista da Armada.   brações do Reino Unido dos 200 anos da Batalha de Trafalgar,
          Revela pequenos acontecimentos de um navio singular, sem, no   as quais contaram com a participação de 167 navios vindos de
          entanto, se desvincular da própria história que a sua classe tem   todos os continentes, onde, pelos resultados obtidos, nível de
          erigido na nossa Marinha.                           envolvimento e conduta da sua guarnição, o NRP Álvares Cabral
                                                              conquistou o troféu de “melhor navio do torneio”.
          O NOSSO NAVIO

           O NRP Álvares Cabral, lançado à água em 6 de junho de 1990,
          é o segundo navio da classe e foi o primeiro a ser concebido nos
          estaleiros navais da HDW, em Kiel, Alemanha. Foi aumentado ao
          efetivo da Marinha no dia 24 de maio de 1991, celebrando este
          ano um quarto de século que se encontra ao serviço para assegu-
          rar a defesa dos interesses de Portugal no Mar. Desde então tem
          cumprido um conjunto de tarefas no âmbito da defesa militar, do
          apoio à política externa e da segurança e autoridade do Estado,
          sendo, no mar e a partir do mar, um multiplicador do poder na-
          cional em qualquer parte do mundo.
           Cada missão é um momento especial da sua já longa vida. As
          tarefas puramente militares servindo o propósito político, a di-
          plomacia naval no apoio à política externa nacional, a escolta de
          navios  considerados  valiosos,  o  combate ao  terrorismo, a  luta
          contra a pirataria, as operações interagência como as de com-
          bate ao narcotráfico, o apoio humanitário em situações de ca-
          tástrofe e a busca e salvamento, são algumas das já realizadas.
          Entre outras missões, a Álvares Cabral fez uma circum-navegação
          ao continente africano, comandou e participou por diversas ve-
          zes integrado em forças militares da OTAN, da UE e da Força de
          Reação Imediata (FRI) nacional, participou em missões de apoio
          humanitário ou de resgate como na Ilha do Fogo em Cabo Verde,
          ou em Jazirt Mount al Tair, ilha do Iémen no Mar Vermelho, arvo-
          rando sempre orgulhosamente a bandeira nacional por aquelas
          paragens.
           O navio já percorreu para cima de 423 mil milhas em mais de
          36 mil horas de navegação, tendo demandado até à data 75 por-
          tos em todo o mundo. Visitou inúmeros países onde a nossa di-
          áspora está marcadamente presente, incluindo os países amigos   Portos visitados pelo NRP Álvares Cabral.
          da Comunidade de Países da Língua Portuguesa. Todavia, nunca
          visitou as terras de Vera Cruz, aquelas que ficaram para sempre   A SUA GUARNIÇÃO
          associadas ao seu patrono, visita que naturalmente teria especial
          significado.                                          A Dra. Maria Cavaco Silva, madrinha do navio, por ocasião da
           Fazendo jus à tradição marítima de Portugal, se associarmos   entrega do Estandarte Nacional em 23 de julho de 1991, desejou
          nestes 25 anos as missões de todos os navios da classe, verifica-  “a todos os que por aqui passarem/navegarem o melhor da vida,
          mos que através dela a Marinha marcou presença em todas as   que é afinal a própria vida com tudo o que ela dá”.
          regiões do globo. Assim, não será de estranhar que fruto da sua   A ação individual e coletiva de cada elemento da guarnição é
          experiência secular e, mais recentemente, com a entrada destes   que dá significado e valor à sua vida enquanto marinheiro que
          meios ao serviço, a Marinha e os seus militares granjeiem entre   serve a bordo. A existência de cada um valoriza-se, portanto,
          os parceiros internacionais elevada reputação marinheira e de   pela continuidade dos atos benéficos com que contribui para a
          profissionalismo. A título de exemplo, em 2007, quando o NRP   constituição da equipa, que não é mais do que a própria guar-
          Álvares Cabral integrava a SNMG  na primeira missão da OTAN   nição.
                                    3


                                                                                                    JULHO 2016  7
   2   3   4   5   6   7   8   9   10   11   12