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NRP ÁLVARES CABRAL indispensável na produção de segurança, contribuindo desta for- fora da área do Atlântico e que tinha, entre outros, como objeti-
vo fazer a circum-navegação ao continente africano, o almirante
ma para a afirmação de Portugal.
Ao dispor de capacidade combatente para assegurar as tarefas
da US Navy comandante da força referiu durante uma cerimónia
de defesa militar, a sua principal função é a escolta e a luta ASW, na África do Sul que, para a Organização, o melhor que pode-
disciplina da guerra que ressurgiu recentemente com elevada ria acontecer era “ter um navio holandês com uma guarnição
prioridade por parte da OTAN. Assim, mantem-se a necessidade de portugueses”. É certo que esta afirmação carregava também
de preservar estas plataformas, como naquela altura, tão moder- uma forte convicção pessoal, mas não podemos deixar de ficar
nizadas quanto possível, face às novas exigências operacionais e orgulhosos pelo prestígio que a nossa Marinha tem acumulado
ao avanço tecnológico entretanto registado. perante os seus pares.
Este artigo, integrado nas comemorações dos 25 anos da classe No campo mais lúdico também se dão provas além-fronteiras.
Vasco da Gama, surge no seguimento de outros entretanto publi- Como exemplo, a participação desportiva por ocasião das cele-
cados em janeiro e fevereiro deste ano pela Revista da Armada. brações do Reino Unido dos 200 anos da Batalha de Trafalgar,
Revela pequenos acontecimentos de um navio singular, sem, no as quais contaram com a participação de 167 navios vindos de
entanto, se desvincular da própria história que a sua classe tem todos os continentes, onde, pelos resultados obtidos, nível de
erigido na nossa Marinha. envolvimento e conduta da sua guarnição, o NRP Álvares Cabral
conquistou o troféu de “melhor navio do torneio”.
O NOSSO NAVIO
O NRP Álvares Cabral, lançado à água em 6 de junho de 1990,
é o segundo navio da classe e foi o primeiro a ser concebido nos
estaleiros navais da HDW, em Kiel, Alemanha. Foi aumentado ao
efetivo da Marinha no dia 24 de maio de 1991, celebrando este
ano um quarto de século que se encontra ao serviço para assegu-
rar a defesa dos interesses de Portugal no Mar. Desde então tem
cumprido um conjunto de tarefas no âmbito da defesa militar, do
apoio à política externa e da segurança e autoridade do Estado,
sendo, no mar e a partir do mar, um multiplicador do poder na-
cional em qualquer parte do mundo.
Cada missão é um momento especial da sua já longa vida. As
tarefas puramente militares servindo o propósito político, a di-
plomacia naval no apoio à política externa nacional, a escolta de
navios considerados valiosos, o combate ao terrorismo, a luta
contra a pirataria, as operações interagência como as de com-
bate ao narcotráfico, o apoio humanitário em situações de ca-
tástrofe e a busca e salvamento, são algumas das já realizadas.
Entre outras missões, a Álvares Cabral fez uma circum-navegação
ao continente africano, comandou e participou por diversas ve-
zes integrado em forças militares da OTAN, da UE e da Força de
Reação Imediata (FRI) nacional, participou em missões de apoio
humanitário ou de resgate como na Ilha do Fogo em Cabo Verde,
ou em Jazirt Mount al Tair, ilha do Iémen no Mar Vermelho, arvo-
rando sempre orgulhosamente a bandeira nacional por aquelas
paragens.
O navio já percorreu para cima de 423 mil milhas em mais de
36 mil horas de navegação, tendo demandado até à data 75 por-
tos em todo o mundo. Visitou inúmeros países onde a nossa di-
áspora está marcadamente presente, incluindo os países amigos Portos visitados pelo NRP Álvares Cabral.
da Comunidade de Países da Língua Portuguesa. Todavia, nunca
visitou as terras de Vera Cruz, aquelas que ficaram para sempre A SUA GUARNIÇÃO
associadas ao seu patrono, visita que naturalmente teria especial
significado. A Dra. Maria Cavaco Silva, madrinha do navio, por ocasião da
Fazendo jus à tradição marítima de Portugal, se associarmos entrega do Estandarte Nacional em 23 de julho de 1991, desejou
nestes 25 anos as missões de todos os navios da classe, verifica- “a todos os que por aqui passarem/navegarem o melhor da vida,
mos que através dela a Marinha marcou presença em todas as que é afinal a própria vida com tudo o que ela dá”.
regiões do globo. Assim, não será de estranhar que fruto da sua A ação individual e coletiva de cada elemento da guarnição é
experiência secular e, mais recentemente, com a entrada destes que dá significado e valor à sua vida enquanto marinheiro que
meios ao serviço, a Marinha e os seus militares granjeiem entre serve a bordo. A existência de cada um valoriza-se, portanto,
os parceiros internacionais elevada reputação marinheira e de pela continuidade dos atos benéficos com que contribui para a
profissionalismo. A título de exemplo, em 2007, quando o NRP constituição da equipa, que não é mais do que a própria guar-
Álvares Cabral integrava a SNMG na primeira missão da OTAN nição.
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