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REVISTA DA ARMADA | 509
Em uma das suas anteparas, o nosso navio tem gravado aquilo Hoje, muito perto de celebrar 25 anos em que o Estandarte
que significa pertencer à guarnição, pois são eles a sua alma. Nacional foi entregue, sempre que este sai de bordo por ocasião
São já várias as gerações de marinheiros que por aqui passaram. de alguma cerimónia de excecional significado, o elemento da
Todos eles deixaram o seu legado, pois uma guarnição é com- guarnição transporta, com orgulho e sentido de pertença, a his-
posta por aqueles que vivem o presente, honrando e aperfei- tória do seu navio.
çoando o conhecimento deixado pelos seus antecessores. É no
passado que encontramos as bases do nosso futuro e o estímulo ÚLTIMAS PALAVRAS
para vencer as adversidades, tornando-nos mais resilientes. É
com determinação e atitude que cada um enfrenta os desafios Numa altura em que Portugal sai de um programa de resgate,
constantes da vida a bordo, resolvendo-os com o ânimo e sere- que o país atravessa as dificuldades sobejamente conhecidas e que
nidade necessários para que o NRP Álvares Cabral tenha como a esquadra não se apresenta com as capacidades desejáveis, não
mote ser um navio feliz e com bom astral. podemos deixar de observar semelhanças com os anos que despo-
O nosso navio só é feliz se cada elemento da guarnição se letaram a decisão da vinda do nosso navio.
sentir satisfeito a bordo, com as condições de habitabilidade Considerando a sua já longa história e a transformação organiza-
adequadas e tendo os desafios que lhe permitam evoluir pro- cional provocada, quer operacional, quer administrativa, podemos
fissionalmente na carreira que abraçou. Terá bom astral se a se- afirmar que a chegada dos navios da sua classe permitiu formar nes-
gurança da guarnição e do material for salvaguardada, e estiver te quarto de século a coluna vertebral da nossa Marinha, que muito
pronto em tempo e na posição que lhe for ordenado, transpa- tem contribuído para a afirmação e projeção internacional de Por-
recendo assim, aos olhos da organização, rigor e profissionalis- tugal. Contudo, hoje, e apesar de a plataforma continuar em bom
mo. Se tal acontecer, a probabilidade de ser atribuída ao navio estado, assiste-se à necessidade da adequada modernização tecno-
uma daquelas missões únicas para a nossa Marinha será mais lógica, sem a qual perderá a sua utilidade para a qual foi destinada.
elevada, contribuindo desta forma para que os seus militares se Uma palavra de agradecimento para as nossas famílias pelo cari-
sintam orgulhosos por nela terem participado e evoluído profis- nho com que, na retaguarda, garantem o indispensável apoio que
sionalmente. necessitamos para acreditar que vale a pena fazer a diferença ao
Cabe ao Comandante a responsabilidade de motivar a sua servir o país a bordo deste magnífico navio. Sem eles a singradura
equipa de modo a que esta se supere, tornando o navio um ins- seria bem mais desafiante.
trumento de excelência, que, sem qualquer comprometimen- Não nos esquecemos igualmente de quem nos apoia diariamente
to de segurança, no mar ou em terra, cumpra a sua missão de nos organismos em terra, pois sabemos e sentimos que esse apoio
forma exemplar e irrepreensível. É ele o derradeiro responsável resulta também na saída do nosso navio para o mar, único local
pela atuação do navio, inspirando um clima de confiança junto onde ele revela toda a sua utilidade.
não só do seu comando superior, mas também dos seus pares, Por fim, não podemos deixar de referir os restantes navios da
pois no mar não estamos sozinhos. Desde 1991 o NRP Álvares classe, as nossas manas, pois com elas seremos sempre as «fragatas
Cabral apresenta nos seus registos onze comandantes, que, por novas» que já marcaram a história da Marinha e que perdurarão
certo, têm o nosso navio no coração e no pensamento. para além do quarto de século.
Por altura do vigésimo quinto aniversário do navio, a sua
guarnição não quis deixar de marcar presença nas celebrações, Colaboração do COMANDO DO NRP ÁLVARES CABRAL
apesar de dois dias antes ter regressado a casa na Base Naval
de Lisboa, depois ter finalizado o intenso período de 6 semanas
de treino no Operational Sea Training em Inglaterra. Estiveram Notas
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igualmente presentes os Comandantes e representantes das an- 1 O termo MEKO é a abreviatura de Mehrzeweck Korzept em Alemão, ou seja, con-
teriores guarnições, dignificando desta forma as celebrações. Se ceito polivalente. Assenta na contentorização das armas, sensores e equipamen-
tos cujas dimensões são padronizadas.
é um evento com especial significado para o seu navio, a alma 2 Constituída pelos NRP Vasco da Gama, NRP Álvares Cabral e NRP Corte Real.
tem de estar presente mostrando também nessa ocasião que 3 4 Standing Naval Maritime Group – Força de reação rápida da OTAN.
Nona participação do navio naquele centro de treino de excelência, sobre a qual
o NRP Álvares Cabral está, mais uma vez, pronto para apitar à será elaborado um artigo específico a ser publicado em edição posterior.
faina para o que Portugal e a sua Marinha necessitarem.
Foto SMOR E José Armada
8 JULHO 2016