Page 227 - Revista da Armada
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Custa tamo já hoje a assinalar na socieda-  lU/o ou em rejeitar in  liminc a opinião do   Havendo e.fpanllOlas,  todos os portu~
         -de portuguesa o ponto em que a aristocra-  seu  ilustre  interlocutor,  porque ° senhor   geses que estao em  Paço de Arcos concor+
          cia principia e o pomo em que ela acabal   ellcarregado pel/sa que as paredes têm ou-  rem  ao  cltlbe;  muitos  vêm  para esse fim
            Há  por  exemplo  viscondes  que  lIill~   vidos e que lima impmdência diplomática   das  praias  circunvizinhas:  da  Boa  Via-
          gllém considera aristocratas.  Há famosos   pode - quem sabe? - agitar os fundos.   gem,  da Cruz Quebrada, do  Dafulldo.  A
          e alltigos apelidos cujos possuidores pas·   De sorte que nada mais solene,  mais gra-  valsa /Oma  nessas noites mais velocidade,
          mm igl/almetl/e pelas pessoas menos aris·   ve,  mais casuística,  mais subtil, mais difi-  mais ímpeto, mais arranque. A prol/uncia
          /Ocratas do mUI/do.               cultoso,  do que formar-se elltre suas exce-  espanhola  lança  no  ruído  geral  do baile
            Aristocrata drama-se em  Portugal ao   lências um acordo sobre a opinião, tão au-  um elememo de rebate,  de alarme,  como
          indivíduo que tem certos hábitos de vida,   daz para uns, tão insidiosa para oulros, de   se se pressemisse ao longe o  frémito  dos
          cerlOS  desvelos  de  roupa  bral/ca,  certas   ~star ou de nãoes/arcalorl   pandeiros,  o  frenesi  das  caslanllolas,  a
          convivências de salão, um pouco de ar, de   Em todo o  caso as caleches,  as  librés   ver/igem do bolero.
          maneiras, de toilettc e de mao de rédea.   dos  senhores ministros,  as  saute-en-bar-  .As P,aiasdt' PorlUga/~ (Ob;ascomp/elUs dt'
             Que eSlas cOl/(iições se dêem  mais es-  que de flanela  e os chapéus canotier dos   Ramalho Ortigão.  Livraria Clássica Edi/ora).
          pecialme/lte I/OS  banhistas de Paço de Ar-  ;ovens senhores adidos de embaixada es'
          cos  do  qlle lias outros,  eis o  que lião mt   pargem  I/OS  passeios 1m! aspecto  de  corte
          atrevo a afirmar.                 que  os  olhos  admitidos  aos  grandes  es-  N.  R.  - Ramalho  Ortigão,  no seu  livro
             Como quer que seja,  o corpo diplomá-  plendores agradecem,  bem como um per-  .As P,aiasdt' PorlUgul~ (Guia do BII/lhis/a t'do
          tico patenteia por Paço de Arcos uma pre-  fume de moda que aceitam  reconhecidos   Viajanle).  /10 cap/llllo OMar, 110 rt'ferir 11//1 ifl-
          dilecção  manifesta.  Isto  imprime  à  vida   os "arizes haut-placés.   cidenlt' ell/re um  /Ia~io de gl/erra IUlll'!icaflo t' a
          dos seus sal6es o carácter grave e reserva-  Paço de Arcos tem um hotel habitável   Torrt' de  Belim dE'.'t'  /I'! [ti/o C(mfusdo,  pois o
          do que a diplomacia impõe.  Este carácter   -o do 8ugio-, e um c/ubeem cujosalão   gesto  qut'  atribui  ao  coma/ldl/nte  umericlI/lO
          procede do duplo selltido que os represel/-  há soirécs aos sábados.  Os bal/histas por-  passou-st',  fia  relllidl/de.  com o IIlmiralllt' frl//I-
          tanfes de C(/lia potêl/cia folgam de perscru-  tugueses  são  apresentados  e  pagam  14ma   cês  Ror.ssi/l,  coma/ldll/ue  dt'  IIml/  esquadm
          tar lias palavras que os muros dizem e de   quota. Para os estrangeiros há conYi/es.   fra/lcesa que forçou  a barfll do  Tt'jo pllm apri-
          dar  dqllelas  que  eles  mesmos proferem.   SeI/horas  espanholas a  banhos nestes   sionll' /la~ios mercl/fllt's pormgllt'ses (II l/e lu-
          Assim,  qUQ/ldo  um  senhor  enviado  ex-  subúrbios são convocadas em cada sema-  lho de 1831) (vidl' . Rel'islU da Armadu~ /I. n  1251
          traordinário tem calor não o diz sem reser-  na  a levarem (Ias sábados de Paço de Ar-  Fev. deS2. GcslO Bonito dum Almirante Fran·
          va,  sem  restrição  condicional,  porque   cos o doce tributo da sua presença,  da SIlO   cês). O incideme com o ,/avio umericlI/lO dl'rHe
          quem sabe se será essa  0/1  lião a opinião   toilcttc e da SIlO expansiva vivacidade.   em 27 de  Murça dI' IBM (vide ",Rn-islU da  Ar-
          termométrico da política (lo seu Governo?   Assim  como pela  manhã se perguma   mI/da ..  /l." 162fMurço dI' 85,  Um insólito Con-
          Do  Olllro  lado  o  senhor el/carregado'tk   !)Ora  o  banho -  "há  maré?,. -  assim  d   flito  no Tejo).  qlla/ldo dois  ,ruvios dI'  guerra
          negócios qlle ouve o  senhor ellvimio ex-  1I0ile se pergullla para o baile - .,há espa-  dos  federais I'/I/raram /10  Tejo em JlI'!$f'gllição
          traordinário hesita em cOllfirmar em abso-  nholas?  ...             de um vapor couraçado dosoonfcdcrados.


                                           Inologia Nava







          •  PÔR  À  GALGA -   Colocar o  ferro  e  a  amarra de
          modo  a  poder  fundear·se à  galga  (com  o  chicote  da
          amarra de um dos ferros passado em volta da amarra e
          iunto do anete do outro ferro).










          •  POR ANTE-A-RÉ -   Situação entre um ponto deter-
          minado e a popa.
                                                              •  PÔR  OE  ~,  ~R EM  TRAVÉS -  Colocar  o  navio  a
          •  POR  ANTE-A-VANTE -    Situação entre  um  ponto   receber a vaga pelo través; atravessar o navio.
          determinado e a proa; por d'avante.
                                                              •  PÔR  O  FERRO  EM  CIMA -  Içar e  fazer  entrar a
          •  PORÃO  -   Espaço  compreendido  entre  a  quilha   haste do ferro no escovém; engolir.
          ou  sobrequilha e a coberta imediatamente acima,  para
          conter carga ou lastro.                             •  PÔR-SE AO LARGO -    Fazer-se ao mar; afastar-se
                                                              da costa.
          •  PORÃO DA AGUADA - Porão onde são contidos os
          tanques de aguada do navio.                         •  PÔR-SE AO SOCAIRO -     Resguardar-se do tempo
                                                              e mar, abrigando-se com a terra ou outro navio.
          •  PORÃO DA AMARRA -      Porão onde são alojadas
          as  amarras.  Dispõe  de  um  compartimento  para  cada                                     S. E/p/dia,
          amarra.                                                                                    cap.-m.-g.AN
                                                                                                             9
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