Page 270 - Revista da Armada
P. 270

",
            -=---



            ---





            Lorchas. tancar, tancareÍIa -imagens de Macau (totodos81g.-af. LManueJ Hona).
            Recordação de Macau





                   o  iniciarem-se as negociações para a passa-        Ganhando umas sapecas, esfomeado,
                   gem da administração do território de Macau,        p'ra ir logo perdê-las no fan-tan ...
            A desde 1557 entregue a Portugal, para a Repú-
            blica Popular da China, os versos que publicamos, fei-     Vejo agora a sempre alegre tancareira
            tos por um inspirado e jovem olicial da Marinha dos        Que nasce, vive e morre no tancar ..
            anos 50, têm o sabor amargo de uma despedida. Des-         E a lorcha, com suas velas de esteira
            pedida que põe ponto final num pedaço da nossa His-        E canhões de pela boca carregar ...
            tória, dos mais bonitos e mais agitados também, que        E o tin-tin, pelas ruas passeando,
            muitos portugueses viveram.  fora  deste rectánguJo        Sem mostrar qualquer desejo de vender
            da Península Ibérica de onde partiram .li  descoberta      O que vai no seu cesto transportando
            e conquista de um grande império, que como todos ...       (Que é mais velho que o velho pode ser) ...
            sedesfezl
                                                                       E vejo, com assombro, o vil pirata
                          JÓIA  DO  ORIENTE
                                                                       Que o novo, o velho e a mulher ataca,
                    Jazendo, junto à água procelosa                    Maltrata, rouba e se preciso mata,
                    Onde o tufão impera, omnipotente,                  Quer seja por milhões ou uma pataca ...
                    Rebrilha linda pedra preciosa                      E apei-pa-chai, bonita e elegante,
                    À branda e rubra luz do Sol nascente,              Cantando numa voz sem harmonia,
                    Em sândalos e lótus engastada,                     Ao som dum instrumento arripiante,
                    Envolta em cambraja da mais' fjna,                 A mais desconcertante melodia ...
                    Em mil e uma faces lapidada ...
                    Visão caleidoscópica da China:                     E escribas ... massagistas ... dançarinas
                                                                       E cantadores de histórias, aoluar ...
                    Daqui, vejo a chinoca insinuante,                  E ópio .. e jogo ... e as meninas
                    Passando de cabaia adamascada,                     Que nascemp'ra viver num lupanar ...
                    Exótica, sorrindo fascinante,                      E tudo a bela jóia nos reflecte,
                    De aromas estravagantes perfumada ...              E sempre algo de novo - bom e mau ..
                    Ali, naquele outro facetado,                       E mais cada faceta nos promete
                    Vejo o coolie correndo com afã,                    Da jóia da cidade de Macau!

            16
   265   266   267   268   269   270   271   272   273   274   275