Page 305 - Revista da Armada
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em que entrei - levou-me a visita quase obrigatória à depois a Escola Naval, a Sala do Risco, o Museu de Mari-
sede da Marinha, na ilha das Cobras. onde passara já nha, onde desembarcaram os restos mortais de Vasco
duas semanas como imediato de navio em doca. A ami· da Gama e de Camões, por onde passaram Mousinho de
zade e camaradagem que se revivem em tais ocasiões Albuquerque e o corpo do duque de Saldanha, para anele
fizeram chegar às minhas mãos algumas publicações foi transportado, moribundo, o rei D. Carlos apóso regici-
magníficas que a Armada brasileira se orgulha de editar. dia, ali à porta, onde houve uma nascente de águas san-
Com história quinhentos anos mais curta que a nossa, tas, onde ocorreram dramas como o da noite sangrenta.
nem por isso lhes faltam motivos, gravuras, pinturas, es- Enfim, pode dizer-se que aquelas pedras falam; nomes
critos e relíquias em que se revejam e agarrem-as tais como Casa da Balança, Ribeira das Naus. Bica de D. Mi-
raízes, onde o presente se vai alimentando. Edições de guel, além de Sala do Almirantado, balão do Arsenal, cal-
luxo? Talvez sim, talvez não ... Como as fardas, as vestes deirinha, cábrea, e tantos mais. sugerem-nos, de facto,
talares litúrgicas, até o simples teatro de revista, escritos outros tempos, outras vivências, outras histórias. Só que
desta natureza se não necessitam de pompa, requerem nós não lemos as pedras. lemos os livros. Uvros neces-
, pelo menos apresentação de que se goste. E depois, sários.
passam a objectos dignos (e muito apreciados) quando
Oxalá, pois, este que já está feito, passe, breve. o
aplicados em ofertas de certa distinção. tempo de gestação a aprontá-lo para emergir à luz do
Pois está feita a história da nossa " Nau de Pedra ... dia, e nos revejamos nele como descendo ao fundo das
É preciso que ela se transforme em livro que possa ler-se nossas raízes, que são as raízes da nossa Marinha. O
com interesse, e, se passivei, se constitua em obra de que afinal pouco mais custa que bochecho de combustí-
arte, admirável em si mesma. Conteúdo não lhe falta. vel em quarto de hora de manobras.
Como aperitivo imagine-se apenas que foram lá cons-
truidos muitos dos navios das nossas descobertas, onde Sousa Machado,
descarregaram riquezas as naus da índia, onde houve cap.-m.-g.
Numismática
e Medalhística
Dia
da Marinha
-1986
(Fotos .. RA . -RuiSalta)
Desde 1980 que o Clube Militar Naval e o Clube do No reverso, num fundo de cruzes de Cristo, foram
Sargento da Armada vêm, anualmente, mandando reproduzidOS um mar encapelado e um cabo (no qual
cunhar uma medalha para comemorar o Dia da Mari- se inscreve a legenda ll Dia da Marinha 1986n). o qual
nha. Este ano foi gravada a que reproduzimos, a qual é assinalado por um faroL
presta homenagem a um notável escritor português Foi seu autor o cadete João António da Cruz Rodri-
que também foi oficial da Armada - Wenceslau de gues Gonçalves, pertence ndo a gravação a Cunharte-
Moraes. -Adolfo. Foram cunhados 2000 exemplares em bron-
O anverso da medalha tem o comandante Wences- ze, numerados, no módulo de 80mm.
lau de Moraes como figura principal e uma legenda M.Horta,
extraída da sua obra (<<Sopram ventos I Do Ocidente I sarg.·a). L
I E as folhas mortas I No Oriente se ajuntam II); nele
são também reproduzidos os mapas da Europa e do N. R. - A .. RA. agradece oexemp/arque lhe foi oferecidopelo
Clube do Sargento da Armada. A medalha pode ser adquirida ao
Japão, de cujas ilhas se expandem os raios do Sol
preçode 500$00, no CMN (Praça Marqu6s de Pombal, 2-1200 Li$'
Nascente. Na orla superior estão gravados os emble· 1200 Lisboa ou
boa) ou no CSA (Largo Trindade Coelho. 21·2. G _
mas das associações promotoras da edição. PraC6taB Rua 15. Feijó-2800AJmada).
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