Page 308 - Revista da Armada
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DIA DA MARINHA



                                          Alocução




                   do almirante CEMA









               Na cen"mónia miJjtardoDia da Marinha, oalmiran-
             te Sousa Leitão,  chefe do Estado-Maior da  Armada,
             pronunciou a seguinte alocução:
               Decorrem em 1986 na Figueira da Foz as prinCi-
             pais  celebrações  do  Dia  da  Marinha,  continuando
             uma afirmação de presença em todos os portos e ma-
             res do nosso País. na defesa dos interesses nacionais
             e  no apoio sem quebras aos que vivem do mar e  no
             mar exercem a sua actividade. Foi assim, nesta orien-
             tação, que em anos anteriores o  ponto alto da festa
             teve lugar no Funchal, em Lagos, em Lisboa, em Pon-
             ta Delgada, no Porto e em Setubal. Serã por isso que
             em anos vindouros outros importantes centros marí-
             timos serão escolhidos para o efeito. Neste ano a Ma-
             rinha pretende homenagear esta acolhedora cidade
             que  tem  sido berço de tantos homens do mar que,
             com o seu saber, experiência, espírito de sacrifício e
             grande amor à  profissão,  tantas vezes arriscando e
             perdendo a vida, lhes trouxeram prosperidade e reno-
             me.
                Recordo os lugres que anualmente regressavam
             dos bancos da Terra Nova, com os seus belos mas-
             tros, e com os bojos de tal modo atestados de peixe
             que era necessário descarregar uma parte utilizando
             embarcações menores, antes que pudessem entrar a
             barra, mesmo em tempo de marés vivas. Recordo os
             arrastões que lhes seguiram, quando a  hora do pro-
             gresso condenou impiedosamente os  lugres.  Como   (Foto " RA n - cabo T ArnaldoSá)
             recordo as características secas de peixe na margem
             Sul do Mondego.                                       Começarei por lembrar as missões que estão rela·
                E quem não conhece as tradições da pesca artesa-  cionadas com o exercicio da soberania em águas inte-
             nal, sediada na Figueira e  em Suarcos, que a  par do   riores e  territoriais, e  com a sua dissuasão e conten-
             porto de abrigo, desde séculos vêm dando uma típica   ção da ameaça militar externa.
             caracteristíca maritima a esta bela cidade?           Não menos importantes e  necessárias são as mis-
                                     •  ..                      sões que constituem o exercício da autoridade do Es-
                                                                tado Português em todas as águas onde tem jurisdi-
                                                                ção e  que nelas defendem os interesses económicos
                o  Dia da Marinha não é  apenas o dia de festa em   e outros. Sem a  presença efectiva dos nossos navios
             que recordamos o início da viagem extraordinária que   de guerra nos mares nacionais, e sem a sua acção dis-
             levou Vasco da Gama à Índia, simbolo das descaber·   suasora e fiscalizadora, não teriam sentido os acordos
             tas portuguesas dos séculos XV e XVI e de tudo o que   internacionais e as leis internas que estão estabeleci-
             elas significam.                                   das para defender as pescas e para impedir a poluição
                O Dia da Marinha é  especialmente uma forma de   das águas e outros actos ilicitos.
             mostrar ao País e  aos seus dirigentes a  presença e o   Lembrarei ainda as missões da Marinha destina-
             estado de prontidão da Marinha para a execução das   das ao conhecimento cientifico das águas em que te-
             missões que lhe estão confiadas, e que constituem ra-  mos responsabilidades militares ou interesses econó-
             zão da sua existência.                             micos.  Sem esse conhecimento hidrográfico e  ocea-

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