Page 340 - Revista da Armada
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pernas, logo prescrevia compressa.s   hav1a garrafões de água do mar, esta   o  médico  desaparecera.  Como?
           de água do mar,  bem quentes, apli-  colhida na prevenção de dificuldades   Para onde? Era conhecido o seu há-
           cadas ao deitar. A outro que, palpan-  de  recolha  por  ocasiâo  de  mau   bito,  depois das refeições, de fazer
           do  o  fígado,  se  contraia  em  dores   tempo.                     os cem passos, lá em cima, no con-
           agudas, receitava  água do mar, too'   Veio  a  suceder  que  uma  noite,   vés, mesmo com mau tempo. Inter-
           mada  às  colheres,  antes  das  refei-  em viagem, O navio foi assaltado por   rogado o pessoal dos quartos da noi-
           ções. E a um terceiro, ainda. que, de,  mar grosso, que o fazia dançar, meio   te,  uns  o  tinham  visto  de  facto,  no
           cara inchada,  gemia  com  guinadas   doido,  nas  cristas  das  vagas  irrita-  convés, num passo incerto, para trás
           nos  queixais,  aconselhava  boche-  das.                            e para diante, a defender-se do ba-
           chos de água do mar, um tanto mor-   Oe  manhã  cedo,  o  pessoal  da   lanço desencontrado que fazia. Teria
           na, de hora a hora.               despensa  estranhou  que  o  senhor   decerto acontecido o pior. Ao fim de
              Das  prateleiras da botica  de  há   Doutor, sempre tão pontual nacãma-  tantos anos de mar, o doutor jamais
           muito que haviam desaparecido qua-  ra ao pequeno almoço, em quaisquer   voltaria a pisar terra. Por fim, a confir-
           se  todas  as  especialidades  farma-  condições  de  tempo,  não  tivesse   mar o triste evento, o cabo de quarto
           cêuticas. E as escassas, que resta-  aparecido  ainda.  Receoso,  odes-  da prima, que não fora ouvido, escla-
           vam, nas embalagens amarelecidas   penseiro foi  chamá-lo ao camarote,   receu, com naturalidade:
           pelo  tempo,  decerto já teriam  ultra-  mas  ninguém respondeu.  Abrindo a   -  Sim,  eu  vi:  o  senhor  Doutor
           passado  largamente  os  prazos  de   porta, a cama estava intacta e, num   caiu  ... à botica ...
           validade.  Agora,  bem  alinhados  e   alarme,  foi  dar  noticia  ao  imediato.          Silva Braga,
           travados  por  causa  do  balanço,  só   Devassado o navio de popa à proa,                       vla/m.




                  Terminologia Naval








           •  PORTAwVOZ  -   Instrumento  tronco-cónico  provido   •  PORTO SUJO -  Porto onde as autoridades sanitá-
           de bocal, utilizado em comunicações a distância ou para   rias declararam registar-se casos de doença infecciosa
           dirigir manobras em ocasião de mau tempo; megafone.   grave ou epidemia.


           •  PORTE -   Peso total  que um  navio pode carregar,   •  PORTO SUSPEITO -  Porto contaminado por doen-
           compreendendo carga, tripulação, combustível, passa-  ça  contagiosa generalizada que obriga os  navios dele
           geiros, água e provisões, até alcançar a imersão máxima   provenientes  a  estacionarem  de  quarentena  antes  de
           que lhe está fixada (em inglês O termo usado para a desi-  chegarem ou tocarem oulros portos.
           gnação de porte total é deadweighf).
                                                               •  PORTUGUESA -     Forte botão executado com cabo
           •  PORTO - Lugar de abrigo e fundeadouro ou amarra-  de libra ou de arame usado para ligar firmemente dois
           ção de navios; pode ficar situado na costa ou  num rio,   grossos cabos de força ou duas antenas cruzadas.
           normalmente na sua foz.

            •  PORTO OE ARMAMENTO -      Porto em que se arma
           ou inscreve um navio e ao qual fica a pertencer; porto de
           registo; porto de matricula.

            •  PORTO OE ARRIBADA -    Porto não incluldo na es-
           cala da viagem e no qual o navio é forçado a entrar por
            motivo de força maior.

            •  PORTO DE BALDEAÇÃO -      Porto tocado por moti-
            vos de simples trânsito, normalmente de mercadorias;
            porto de trânsito.

            •  PORTO FRANCO -    Porto onde é livre a entrada de
            todos os artigos que ficam insentos de taxas alfandegá-
            rias, sendo-lhes todavia proibida a introdução no país a
            menos que paguem os respectivos direitos.

            •  PORTO  LIMPO -   Porto onde  não existe qualquer                                        S. Elpídio,
            doença contagiosa ou epidémica.                                                           cap.-m.-g. AN

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