Page 189 - Revista da Armada
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Numa estação de telégrafo em Londres   navegador estava  debruçado de  novo so-  elevador, esperando um momell/o, depois
         (JS ledas começaram a ma/raquear q/lOlldo   bre  o  mapa,  aqllele  ql/e  tinha  a  grande   fazendo-as subir e oCl/pando-se imediata-
         chegou  uma  mensagem.  Uma  rapariGa   cruz "egra marcada a sul do estreilO da Di-  mente da seguinte.
         ocupou-se  dela  ria  forma  rotineira,  mas   namarca.                 Um  oficial suballemo  de  barbas,  su-
         uma sllpervisora reparO!I na direcção.   -  Aqui  estamos,  senhor.  Devemos   pervisava a operação; a sell  lado,  estava
           - Só IUII iS/ante - disse ela,  aprese/!-  avistá-los  nos  próximos  cillco  mim/tos.   um dos muitos jovens oficíais suprallume·
         la/Ido-se a consultar lun ficheiro e correll-  Es/amos cerlamente l1Iui/o perto deles.   rários.  O oficial suballemo falava,  elltre·
         do o dedo por uma /is/a.             -Já não  vamos esperar muilO tempo   cortado por pausas durante as qllais con-
            Pouco  depois  um  m%ciclista corrill   -disse o almirante.       Irolava II posição das bombas 110 elevador,
         pelas ruas de  Londres ell/re as ruínas dei-  - Canhões carregados, senhor-diS.ve   acompanhado constantemente pelo tro~'ão
         xadas pelo blitz.  Desmamou riO  Almira,,-  ollfra voz.              das solvas lá muilo acima.
         /ado e en/regou a mensagem.  Esta passou   Lá em baixo, numa das torres, a equipa   - Agora é a nossa vez, senhor, como
         rapidamenle de mão em mão até chegar a   dos  canhões  esperava  jUlI/o  às  armas.   vê  - disse ele.  - A  minha e  aqui a dos
         IUII comra-almiralZle.  O relógio marcava 8   Nobby estava ali,  era  um dos da equipa.   meus homens.  Podem fazer os planos que
         horas da manhã; o calendário indicava 2/   Estavam lodos preparados.   quiserem 110  Marineamt em  Berlim. O al-
         de Maio de 1941.  Cá estava, «ESCORAS,   - Já não pode durar muilo tempo ago-  mirante  Raeder pode  olhar para  os seU.f
         ESTACAS E RIPAS EM ALTA ...  0111011   ra -observou o homem ao lado de Nobby   mapas, o almirallle Lllljens lá em cima 110
         para  o  mapa do  Báltico  fia  parede a seu   - Agora vamos fazer a nossa parle -  ponle  pode  fazer  os  sellS  piO/lOS,  mas
         lado,  idemificou a cidade de origem,  Mal-  disse Nobby. -Agora é a /lassa vez.   quem fa z o trabalho são os COllhÕes.  E se
         moe, e folheou um livro de código.   - /lIimigo à vista - allllllciou o oficial   I/ÓS aqui n60 fizermos subir as bombas, os
            - Bem - disse para um colega.  - O   de comando à torre. - A postos.'   canhões não podem disparar e o almiranle
         Bismarck eSlá  a camin/IO.  Dirige-se para   - Torres a apontar./ - disse  Nobby,   bem pode voltar para casa. Já  vê COI/lO é,
         norte, no Kalfegat. Aqui.          senlindo a torre girar ellqualllO o lIavio ba-  senhor.
            Apomoll para o mapa.            lançava e gemia /10 mar agitado.     Houve lima bre~'e pausa enquanto cor·
            Há l/ualro meses que está em exercicios   Os  homens /rocaram  olhares.  MuilOS   rigia a colocação de I//fUl lias bombas.
         110  Báltico - disse o colega. - Já era tem-  deles /lllIIca /inham eswdo em acção,  /11111-  - Sobe lá,  minha beleza- disse o ofi·
         po de ai/virmos falar nele.        ca tinham ouvido os seus canhões dispara-  cial barbudo.  Atir011 I/m beijo à bomba 110
                                            rem contra o inimigo, nunca tinham espe-  momellfO em que esta desaparecia  levada
                       ***                  rado - como esperavam agora - qlle as   pelo  elevador.  Podia perfeiramente  ser a
                                            bombas  mortíferas  do  inimigo  \/iessem
                                                                              mesma bomba que fora  içatla para bordo
            - Toquem o alarme! - disse Lwjens.   voando sobre as águas para se esmagarem   aos gritos  de:  «Mais uma!>',  110 por/o de
            A  sirene  ululaflle fez  levantar Ioda  a   de e"contro à ~ ou passarem através da-  Gdynia.  Subiu  pelo  elevador;  deslizou
         compal/hia,  que se  dirigiu  para  os  seus   armadllTa que os protegia.  Foi UI1l peque-  para o anel, Rirou, entrou para a torre, foi
         postoS,                            no il1lerva{o enervante, aqueles poucos se-  agarralla  e  illlroduzida  110  culatra  pelo
            - Dois CTllZadores? - perglmloll Lm-  g/wdos, quando 1m/o ficou pronto, l/ual/-  compressor ellquallto a equipagem trans-
         jel1s.                             do o /rabalho os tillha ocupado até àquele   pirava dentro da torre. Seguiu-se-Ihe a car-
            - Cmzadores grandes,  se é  que são   momento, sem  até  enlão  lhes  dar  tempo   ga  e depois os canhões dispararam.  Lw-
         cruzadores- respondeu Lindemalln.   para pensarem.  Os pensamentos podiam   jells,  na  ponte,  agarrado  aos  binóculos,
            Ele e o almirante eslavam a olhar pelos   dar sallOs prodigiosos em poucos momen-  disse:
         bi"óclllos, desviando os olhos para troca-  tos, levá·los de volta às recordações de ca-  - Acerlámos! Olhem.' Ofhem!
         rem comelltários ell/re si.  Atral,és das len-  sas  em  Inglaterra  011  para  a  frente  para   Uma enorme coluna de fumo erguia-se
         tes  as  fo rmas  cillzell{(lS  iam-se  definillflo   horrores vagos, quase inimagináveis.   do Hood.
         rapida.mente enqu(l/Ito o  nevoeiro se des-  - Quem dera  que começasse - disse   Lillliemanll  viu-a  rambém  através  do
         ~·a/leclQ.                         alguém.                           binóculo.  Primeiro havia a silhuera do na-
            -  Previnam  o  Eugcn  que tome posi-  OUlro  tamborilava  com  os dedos  no   vio nílida e c/ara agora ql/e emergia com·
         ção à popa - rugiu  Lutjens.  - Comall-  bloco do culatra à sua freme.   pletamente  do  nevoeiro.  Depois,  de  um
         dante,  abra fogo  logo  que estejam  ao 01·   - Pensem 110 vosso trabalho - rosnou   ponto  mesmo  à frente da  cltam;'lé,  veio
         cance.                             o capitão da arma.                UI/I jacto de filmo espesso e cinzento. Mas
            - Vêm  direitos a lias - disse  Linde·   Elltão os ca"hões abriram fogo ruido-  allles de eSle acabar o seu curso,  an/'es de
         mOlI/!. - Querem comba/e.          samente,  e o  longo  treillO começoll o ser   se desfazer em  cogumelo,  uma dúzia de
            - Era melhor para eles se virassem de   aplicado, as Cl/latras foram abertas, novas   ml/ros jactos de fumo,  lodos maiores que
         flanco para IIÓS- respondeu Lutjens.   bombas  foram  introduzidas,  seguidas   o primeiro, rebentou do lIavio, expandill-
            Os telefones contil/I/Ovam a tocar.   pelas  cargas,  e  as  cufatras  I'ollaram  a   do-se  de forma a Imirem-se mesmo sobre
            - Todas as lorres equipadas e prontas!   fechar-se.               o barco,  continuando a sl/bire a expandir-
         - alllll/cioll o oficial de quarto. - Torres   - Callhão direito proll/o!   -se até formar uma densa nuvem pairando
         (I apontar.                          - Canhão esquerdo proll/o!      até gra"de altura,  ligada ao barco por um
            Isso podiam eles observar da pOli/e: os   Nova salva foi disparada.  Os homells   caule vago e fino.  Foi nesse mOl/lell/o ql/e
         ellormes canhões girando para apontar a   trabalhavam  com  uma ellerf{ia  frellé/ica.   Lindemonn,  através  dos  seus  excelell/es
         bombordo.                          Um  choque  e  um  relâmpago  TIa  lorre   binóculos, jl/lgOI/  ver grandes fragmenlOs
            - Lembra-se do que eu disse, coman-  fizeram-lIos cambalear.      do lIavio subindo para a III/Vem,  a prillcl-
         dali/e?  Temos de estar a postos para  dar   -Acer/aram-nos!         pio semiescondidos pelos jactos, mas atil/-
         cabo  de  qUlllquer  inimigo  em  qualquer   -Quefaz? -disse Nobby. - Vamos!   gindo  o fumo agora  que este estava  esta-
         momenlO, e aqui estamos nós - disse LIII-  As bombas seguimes foram inlroduzi-  cionário.  E teve quase a certeza de ver er-
         jells, levando o binóculo aos olllos.   das IIOS canhões e o fumo esvoaçava em re-  guer-se a proa e a popa do barco acima de
            - Aquilo não são cruzadores - disse   dor do forre.               água enquanto o meio se aJuntfuva,  como
         Undemalln.  - Olhe! ESlão a aproximar-  O mar fervia de espuma e grandes pila-  se uma criança caprichosa tivesse agarra-
         ·se.  É o  Hood.' O Hood./ E traz um lia via   res de água erguiam-se à volta dos navios   do num brinquedo na banheira, partindo-
         de guerra com ele.                 combatellles. O fi/mo de chaminés e de ca-  '0 pelo meio,
            As suas /Í/t/mas palavras foram caria-  nhões pairava sobre a superftcie cinzenta   Foi  só por  um  momell/o  que  Lillde-
         das  pelo  troar da  primeira sa/I'a  dos ca-  e agitada.  Os olhos podiam ir Olé ao  Bis-  maml  viu aquilo.  O  brinquedo quebrado
         "hõesdo Bismarck.                  marck, que se agitava pesadameme na 01/-  foi  inSlallfa1/eamellle  el/golido  por mais
            -  Atinjam-lia!  Atilljam-no!  Comi-  dl/lação, e a imaginação podia penetrar no   fumo  que jorra~'a de  todas a.i  aberturas,
         lIuem! - disse  Lllljells.  O filmo dos ca-  seu flallco blindado até à casa das bombas   pairando jUlI/o  à  superfície  da  água,  de
         nhões girava em eSIJirais em IOrno dele.   da  forre  da  proa.  Aqui,  uma  peqluna   forma que lião se via nada paro além  dos
                                            equipa  de  marinheiros  alemães  estava  a   breves círCIIlos  110  água  qllO/ldo  os frag-
            Na safa de operações do Hood o oficial   trabalhar, enfiando as pesadas bombas 110   mell/os de mastros, tombadilhos e blinda·

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