Page 194 - Revista da Armada
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Batalhas e combates
da Marinha portuguesa {Iv}
TEJO (18 de Julho de 1384)
o Mestre de Avis da nova muralha que D. Fernando man-
OgO que foi aclamado pelo povo de Lisboa .. Defen- dara erigir, depois daquela guerra, fazendo jus ao ditado:
sor e Regedor do Reino» viu-se o Mestre de Avis Casa rouba(/a, trancas à porta!
L a braços com a tarefa ingente de defender Portugal Quanto a armada, dispunha o Mestre, além de algu-
contra a invasão de Castela. tendo apenas pelo seu lado mas naus, das galés que tinham sido capturadas em Saltes
uma pequena parte da nobreza, as cidades de Lisboa e e mais tarde devolvidas a Portugal, por certo muitas delas
• PorlO e a província do Alentejo. já que a maior parte da em mau estado.
Com notável visão estratégica, reconhecendo que a
nobreza e o resto do país eram pela filha legítima de
D. Fernando e. consequentemente, pelo seu marido, o rei armada era o elemento essencial para a defesa de Lisboa
D. João I de Castela. e que Lisboa era o elemento essencial para a defesa de
Nesse tempo. para efeitos militares. Portugal era Lis- Portugal, mandou imediatamente armar todas as galés e
boa. Isso mesmo compreendera Henrique II de Castela naus que estavam na cidade, encarregando dessa tarefa O
quando na guerra de 1372-73 lhe veio pôr cerco. Também enérgico bispo de Braga D. Lourenço. E, graças à incan-
o terá compreendido o Mestre de Avis ao concentrar sável actividade deste. foi conseguido organizarem pouco
todos os seus recursos de que dispunha nasua defesa. tempo uma armada de doze galés e sete naus, às quais
Mas, para defender eficazmente Lisboa, eram preci- se juntaram uma galé e uma galeota vindas do Algarve.
sas duas coisas: uma boa muralha que a protegesse do A guarnição total desta armada era de cerca de três mil
lado de terra; uma forte armada que garantisse o domínio marinheiros e remadores e oitocentos homens de armas.
do estuário do Tejo, pois que nada adiantaria cercar a ci- Esforço deveras notável se atendermos à situação em
dade pelo lado de terra deixando francas as comunica- que se encontrava a cidade, prestes a ter de suportar um
ções, através do rio, com Santarém, Barreiro, Almada, novo cerco.
etc. Apesar de tudo. foi considerado que a armada ainda
Na guerra de setenta e dois, a muralha então existente não era suficientemente forte para se bater com a de Cas-
era ainda a velha muralha dos primeiros reis que, de res- tela, acabando por ser decidido em conselho, enviá-la ao
to, a cidade já há muito havia galgado. Agora dispunha Porto a fim de se reforçar com as naus e gente de armas
BATALHA NAVAL DO TEJO - 1384
Santos
Corrente
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(7 l-Naus de RUI Pereira
2 - Galés portuguesas
3 - Outras naus portuguesas
Vento 4 _ Principais naus castelhanas
ui 5- Gales castelhanas
6- Outras naus castelhanas
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