Page 234 - Revista da Armada
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Fossem quais fossem  as  razões, o certo é que. depois   porto.  antes  da  chegada  da  caravela.  uma  grande  nau
           de sair de Marselha , a nossa armada em vez de fazer rumo   mercante que os piratas haviam capturado algum tempo
           directo para Uvorno, que era o seu destino. dirigiu-se.1O   antes e que ficou  nas  mãos dos  portugueses.  É possível
           tal porto ondeesl<lvam os piratas.                 que tenha sido enviada para Marselha.
              Receando que à vista da sua armada os piratas se pu-  Depois deste segundo combate, a armada portuguesa
           sessem em fuga , o marquês de Valença fez embarcar tre-  continuou a sua viagem. Tendo passado à vista da Córse-
           zentos soldados  numa das caravelas e enviou-a à frente   ga. chegou a Livorno a 2 de Fevereiro de 1452, onde de·
           como isco. Chegada a caravela ao local indicado, com os   sembarcou a imperatriz que daí seguiu para a Alemanha
           soldados bem escondidos nos pavimentos inferiores, fun-  por via terrestre.
           deou a curta dist<1ncia de terra, sendo imediatamente ata-
           cada por várias embarcações miúdas em que vinham mais   RIO  GÂMBIA  (Junho de  1455)
           de cem  homens bem armados.  Nesse momento subiram
           ao convés os soldados que estavam escondidos, travando-  No tempo do infante D. Henrique, largavam todos os
           -se uma furiosa peleja. Não foi fácil aos portugueses expul-  anos de Lagos numerosas caravelas que se dirigiam àscos-
           sar os inimigos da caravela já que os piratas, além de se-  tas recém-descobertas da Mauritânia e do Senegal, a fim
           rem  combatentes  particularmente  aguerridos  e  experi-  de capturar escravos e comerciar com os indígenas. Numa
           mentados, estavam a ser constantemente reforçados por   primeira fase, a captura de escravos era mais importante
           gente vinda de terra.  Entretanto, aproximara-se o grosso   do que o comércio;  numa segunda fase, a partir do  mo-
           da  armada,  o  que  levou  aqueles  a  porem-se  em  fuga.   mento em que se  iniciou o tráfico do ouro do Sudão em
           Mandou  então O marquês de  Valença  desembarcar um   quantidades apreciáveis  (cerca de  1460),  este tornou-se
           destacamento que foi em sua perseguição mas que não os   mais importante do que a captura de escravos.
           encontrou.  É provável que esse destacamento, antes de   Como seria de esperar , durante aquela primeira fase,
           regressar a bordo, tenha posto fogo às instalações e às em-  em que as povoações do litoral eram assaltadas pelo pes-
           barcaçõesdos piratas.                               soal desembarcado das caravelas. houve numerosos com-
              Custou esta acção aos inimigos um número indetermi-  bates  entre  os  portugueses  e  os  naturais.  É  um  desses
           nado  de  mortos e feridos que se presume elevado.  Dos   combates,  cujas  características  permitem  classificá-lo
           portugueses, nove morreram e dezasseis ficaram feridos.   como combate naval. Que passamos a relalar, sobrelUdo
           Quanto  a  navios.  parece  que  apenas  se  encontrava  no   porque é lípico da actividade marítima da época.



                             CARAVELAS
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                       . E>o __ 1< .. _  .............. ""'_XV.XV1 •
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