Page 259 - Revista da Armada
P. 259
,
Viagem ao planeta Urano
stamos praticamente 8 dois anos do encontro
da sonda Voyager 2 com Neptuno. o mais afas-
E tado dos planetas gigantes que fazem parte do
nosso sistema solar. Quando isso acontecer, essa má-
quina voadora terá percorrido mais de cinco mil mi-
lhões de quilómetros em apenas doze anos.
De facto, o seu lançamento ocorreu a 20 de Agosto
de 1977, quinze dias antes da sua gémea Voyager 1
a, em menos de dois anos, as duas naves alcançaram
Júpiter. Era a segunda vaz que o planeta gigante re-
cebia a visita de um razoável número de equipamen-
tos controlados a partir da Terra, pois já alguns anos
antes as Pionnesr 10 e 11 se haviam aproximado a
cerca de um milhão de quilómetros e transmitido,
para além de fotografias, dados importantes sobre a Trajectosperoorridos fi fi peIOOTTflTpe/as Vo,..~r J fiZ.
atmosfera e campo magnético, bem como de algumas
luas, em particular das quatro maiores, muitas vezes com dimensões que vão desde o minúsculo grào ro-
designadas por ICsatélites gallieanosll devido a terem choso até ao tamanho de uma casa. Por entre os qua-
sido descobertas por Galileu em 1609. se cem anéis que as fotografias transmitidas permi-
Depois da primeira exploração pelas Pioneer, as tem identificar, deslocam-se alguns pequenos plane-
Voyager iriam enviar-nos elementos que permitiriam tas, parte deles só agora descobertos, fazendo assim
progressos espectaculares no conhecimento acerca aumentar, para cerca de dezassete, o número de luas
do conjunto formado por Júpiter e o seu autêntico cor- conhecidas à volta de Saturno, dependendo a aceita-
tejo de prisioneiros. lo, o terceiro maior satélite, com ção de um ou outro valor, das dimensões considera-
quase quatro mil quilómetros de diâmetro, apresen- das mínimas para a classificação de um bloco rochoso
tava nessa ocasião oito vulcões activos ao mesmo como satélite natural. As colorações da atmosfera de
tempo, alguns deles gigantescos, expelindo enxofre Saturno são menos acentuadas que as de Júpiter,
em fusão, a aproximadamente trezentos quilómetros mas ocorrem igualmente fenómenos idênticos a tro-
de altura. Sob a superfície congelada de Europa, a voadas bem como as várias faixas atmosféricas se
mais pequena «lua de GaWeuII, é quase certo existi- deslocam sob a acção de ventos que frequentemente
rem oceanos liquidas, enquanto Calisto mostra o seu ultrapassam os mil e quatrocentos quilómetros por
solo cravejado de crateras e Gsnimedes está coberto hora, velocidades mais de quatro vezes superiores às
de numerosos sulcos aparentando um enorme ema- vernicadas em Júpiter.
ranhado de linhas irregulares. No entanto, o mais Com frequência se fala de Titã como a cc guarda
belo espectáculo seria oferecido pelo própria planeta avançada» do sistema solar por se admitir, em visões
- circundado por um anel de pequenas partículas futuristas, que ali será possivel um dia, estabelecer o
dispostas numa cintura com perto de cinco mil quilÓ- maior centro de exploração e tratamento de matérias-
metros de largura e estendendo-se para além dos cin- -primas que, para além da produção de quase todos
quenta mil quilómetros; mostrava ainda, nas proxi- os necessàrios apoios logísticos, permitirão realizar
midades do pólo norte, o magnífico aspecto de uma equipamentos e naves que conduzirão o homem ao
aurora polar mas, neste caso, de tal forma gigantesca, exterior do conjunto formado em redor desta estrela
que a sua extensão era próxima de trinta mil quilóme- a que chamamos Sol. Na verdade, Titã é muito gran-
tros. Entretanto, na atmosfera ocorriam descargas de, quase metade da Terra, mas a sua densidade é
eléctricas semelhantes às da atmosfera terrestre mas ainda bastante baixa e a superfície ainda não foi ob-
calculadas milhões de vezes mais intensas. servada por se encontrar «protegida» por uma espes-
Aproveitando o impulSO prOduzido pela gravidade sa atmosfera constituída essencialmente por azoto e
de Júpiter, as trajectórias das sondas ficaram estabe- metano. Todas as outras luas de Saturno são de bas-
lecidas, de acordo com os programas da NASA, de tante menores dimensões e pOdem-se considerar
modo a que, a Voyager 1 em Novembro de 1980, e a como irregulares bolas geladas.
Voyager 2 em Agosto de 1981, atingissem as proximi- Depois de cumprida a missão nesta região do sis-
dades de Saturno. Mais um sem número de informa- tema solar, a Voyager 1 seguiu uma trajectória tal que
ções a demonstrarem uma incrivel complexidade dos não encontrará qualquer outro planeta e viajará para
anéis, muitos deles não completamente circulares e o espaço exterior. No entanto, só daqui a quarenta mil
constituídos por cristais de gelo, de vários elementos anos passará relativamente perto de uma estrela na
e compostos, devido à baixa temperatura que ronda constelação da Ursa Menor, prevendo-se mesmo, pe-
os 180°C negativos, e aínda milhões de partículas rante as prObabilidades actualmente aceites para a
5