Page 294 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (VII)






           MONTE DELI (Outono de  1502)

                 epois da partida de ~edro Ál-
                 vares Cabral para a lndia, no      COSTA OCIDENTAL DA ÍNDIA
          D ano de  1500, com  uma pode-                                  1502
           rosa armada e um riquissimo presen-
           te  para  o  Samorim  de  Calicute,
           D. Manuel  ficara  convencido  que  o
           estabelecimento  de  relações  comer-
           ciais amigáveis com as cidades da cos-
           ta do Malabar estava definitivamente
           assegurado.
              Não  será,  por  isso,  de estranhar
           que, no Outono do ano seguinte, te-
           nha  ficado  profundamente  vexado
           quando Pedro Álvares Cabral regres-
           sou com a notícia de que o Samorim,
           mesmo depois de ter recebido o  pre-
           sente, não fora capaz, ou não quisera,
           impedir  OS  «mouros_  de  destruir  a
           nossa feitoria e de matar o feitor Ai-                             DabuJ   REINO
                                                                                      DO DECÃO
           res  Correia e  mais  algumas  dezenas
           de  portugueses.  A  partir desse  mo-
           mento, a politica de D. Manuel em re-
                                                                                GN
           lação à  Índia  modifica-se.  Verifican-
                                                                            Ilha de
           do o  rei de Portugal que as cortesias              \  ~iva
           e as negociações pacíficas não tinham                                      REINO
           dado resultado, decide recorrer à for-                                     DE NARSINGA
           ça das armas para defender o direito
           de comerciar.
              Dentro  dessa  nova  o rientação,
           manda aprestar uma poderosa arma-
           da de quinze  grandes naus,  destina-
           das a regressar com carga, e cinco ou-
           tras mais pequenas, destinadas a ficar
           na  índia  para  segurança  das  nossas
           feitorias.  Além  destes  navios,  ia  na
           armada madeira já aparelhada para a
           construção duma  caravela  que havia
           de ter lugar depois de passado o cabo
           da Boa Esperança. Para capitão-mor
           da  frota  foi  escolhido  D. Vasco  da
           Gama; para capitão-mar da esquadra
           que havia de ficar na índia, foi  esco-
           lhido Vicente Sodré, tio daquele.
              Durante a viagem de ida, perdeu-
           -se  uma  nau  pequena que  encalhou   que, depois de feita aguada e embar-  a  Meca, além de duzentos e sessenta
           nos  baixos  de  Sofala  e  estraviou-se  cados alguns frescos, se dirigiu para o   homens  de  guarnição,  entre  mari-
           uma nau grande que teve de invernar  Sul.                            nheiros  e  soldados.  Transportava
           na costa oriental da África. Em com-  Nas proximidades do Monte Deli,   também essa nau uma carga valiosís-
           pensação foi  acrescentada  à  armada   onde  começa  a  costa  do  Malabar   sima.
           uma  caravela  construída  na  ilha  de   (para quem vem do Norte), teve a ar-  Os primeiros navios da armada de
           Moçambique com  a  madeira  que  ia   mada portuguesa vista duma grande   Vasco  da  Gama  que  a  conseguiram
           aparelhada para esse efeito.      nau , de nome «Meri», pertencente ao   alcançar começaram  logo a  alvejá-Ia
               Pôde assim Vasco da Gama reu-  sultão  do  Cairo,  que  trazia  muitos   com artilharia ao que ela respondeu
           nir  na  ilha  de  Angediva  uma  impo-  mouros ricos de Calicute que com as   na mesma moeda, sem se deixar inti-
           nente armada de dezanove velas com   famílias tinham ido em peregrinação   midar  pelo  número  dos  atacantes.

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