Page 153 - Revista da Armada
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tiam Serviços de Marinha que se ocu-
p.1Vam do fomento maritimo (4).
Face a estas preocupações cada vez
mais fundamentadas pela evolução dos
acontecimentos, a Marinha definiu as
seguintes missões gerais pata a sua actua-
ção no Ultramar:
a. A defesa da linha de costa e dos por-
tos dos diversos Territórios Ultramarinos
(só Angola tem 750 milhas de litoral e ,. -I
Moçambique 14(0). --
b. A vigilância e a defesa das linhas de ~c
comunicação fluviais e lacustres, com o . .."
duplo objectivo de garantir a sua utiliz..1- ."
ção com a maior segurança possível e de I~
exercer uma acção de contra-penetração. ~ ,
Essa acção desenvolveu-se, essencial- (
mente, nas seguintes regiões: .. ,
(1) Lago Niassa e Rio Zambeze - em
Moçambique.
(2) Rios do Leste, Rio Zaire o Chilo.1ngo
(Cabinda) -em Angola.
(3) Toda a Guiné que, como se sabe, • ...... ...
pMa além de ter uma grande densidade --..
de rios, alaga 1/3 do território duas vezes
por dia, quando a maré enche. em sede provisória, tinham-lhe sido Esta foi a organização de Coma ndos
c. Criar e garantir o funcionamento atribuídas apenas uma fragata e dois Navais que serviu, com alguns reajusta-
coerente de uma estrutura verdadeira- patrulhas e a Estação Rádio-Naval estava mentos posteriores (5) e independente-
mente nacional de comandos nava is, em construção. mente da demora do levantamento de
vis .... tndo assegurar a sua eficiência e eficá- algumas infraestruturas, o regresso da
cia a nível regional e a sua correcta ligação OS COMANDOS NAVAIS Marinha Militar às Províncias Ultrama-
80S centros de decisão e aos pontos de rinas. O
apoio da Metrópole. As áreas de responsabilidade dos
d. Desenvolver o esforço logístico que Comandos Navais (Mapa 1, desenhado a AI/MI/io E/IIl1io Sncc/wtti
desde logo se previa muito pesado, para bordo do N.R P "Santiago", a navegar VMM
apoio: para Luanda) criados com certa antevi-
(1) Das Unidades navais. dência a partir de 1957, cobriam, de fonna
(2) Dos outros ramos das Forças Anna- contínua, quase toclo o Atlântico, desde a NOTAS;
das. Latitude d~ 4JO Norte até 40" Sul, e grande Este artigo e o que se seguirá. foram elaboTado.s com
base numa comunicação aprl')óentada durante o
(3) Das populações. parte do Indico, desde o Cabo da Boa Semin.\rio "As Campanhas de Africa e a Estrattlgia
u
e. Manter as missões normais de inte- Esperança até aos 85 de Longitude Leste. Nacional", realizado no Instituto de Altos Estudos
resse público, tais como: O Comando Naval de Angola, que era Militart'S, de II a 13 de Dezembro de 1996. O trah..llho
(1) Fiscalização e apoio à pesca e a ou- responsável pela área de São Tomé e tel'e a colaboração do Vice-Almirante António José
tras actividades civis no mar. Príncipe, e o Comando Naval de Mo- M.llheiro Garcia, do Vice-Almirante Jo~ Alberto
criados, em 8 de Abril de 1957 (DL 41059), -,.
Lopes Carvalheira e do CMG José Luis Bessa
(2) Cumprimento de missões a favor da çambique, foram os primeiros a serem Pacheco, a quem manifesto o meu sim:ero agradeci.
diplomacia, nomeadamente junto de paí-
ses vizinhos ou amigos. quatro anos antes do início das campa- (1) "Nós \'<Imos aos Institutos e t'SIlJdamos Mahan
(3) Intensificação da actividade científi- nhas. c Clau$('witlf, mas não encontrámos maneira de
aplicar isso ao processo de deci5ão~. O ALM
ca, principalmente no campo da hidro- Em 3 de Dezembro de 1958 (OL 41990)
Stansflcld Turner, USN, critiGlndo a falta de estraté-
grafia e da balizagem, mesmo em águas foram criados o Comando Naval de Goa e gias n.wais arTlClic"ana e britânic".l que orientem a for-
intemacionais. o Comando Naval de Cabo Verde e mm;ão das duas Marinhas, quando entrevistado pelo
Para organizar a Marinha de modo a Guiné, bem como os Comandos da Defesa ALM Sir James Eber!e, RN, US Nal'al Palie)', Nal'al
tornar possível o cumprimento daquelas Marítima de Cabo Verde, da Guiné, de FoTC"eS, 111/1985, p. 16.
(2) Armando de Roboredo, CFR, "Subsldios P.U,l
missões, considerou-se indispensável pro- São Tomé, de Macau e de Timor. Ainda Definir uma Politica Naval Portuguesa-, Anais de
ceder rapidamente à: na mesma data (DL 41991) foram criados Marinha, n~33,SET IDEZ56. pp. 5-10.
a. Criação e instalação dos Comandos os Comandos de Defesa Marítima subor- (3) 00 Preâmbulo do Decret(t.Lei n~ ~ 1059, de
Navais. dinados ao Comando Naval de Angola SABR57: Desde a e-xtinção das estações navais no
b. Definição de um programa de cons- (5to António do Zaire, Luanda, Lobito e ultramar iniciou-se um período de afastamento da
Marinha das nossas pro\'incias U1tramarilUls que
truções navais, mais adequado às missões Mossâmedes) e ao Comando Naval de durou cerca de 40 anos e a que quase só os tr.Ihalhos
previsíveis e à geografia das diferentes Moçambique (Lourenço Marques, dentlfioos de geografia e de hidrografia ti\'eram
Provindas. Inhambane, Beira, Quelimane, Chinde, t'Xpress.\o absoluta.
(4) Armando d ... Roboredo, VALM, Marinha de
c. Criação de jnfra-estruturas navais, Mqçambique e Porto Amélia). Guerra Portuguesa na Actual Conjuntura, Alülis do
nomeadamente as de comunicações e as E de salientar que a rede de Coman- Clube Militar Naval, 1965, pp. 471-484.
de apoio às Unidades Navais. dos Navais ficou concluída no mesmo (5) Em MCK;ambique, as Defesas Marítimas dos
d. Criação dos Fuzileiros Navais. dia, com a criação dos Comandos Portos do NInssa e do Porto de Nacala foram cri.ldas
Só para dar um exemplo destas preocu- Navais do Continente e dos Açores, bem pela Portaria n~ 19-197, de 12NOV62. A Delcgaç~o
pações, recorda-se que em 1961, quando como dos Coma ndos de Defesa Ma- Maritima de António Enes. hoje Angoche, 5ubordiM-
da;JO Comando de Defesa ~1aritima de MOÇolmbique,
se iniciou a Campanha de Angola, o rítima do Continente e das Ilhas em Janeiro de 1965 foi eIe-.'ada a Capitania do Porto e
recente Comando Naval estava instalado Adjacentes (DL 41988). ii Comando de Defeso1 Marítima.
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