Page 236 - Revista da Armada
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Rede de Comunicação
Rede de Comunicação
de Dados da Marinha
de Dados da Marinha
Neste fim de século, a consciência dos gestão superior da Marinha que sentiu a necessidade de um
desafios e das oportunidades da “sociedade Sistema Integrado de Informação da Marinha capaz de
envolver não só as vulgares áreas do material e do pessoal
da informação” tem vindo a ganhar ímpeto mas também outras áreas de interesse que deverão ir um dia
e peso em todos os sectores de actividade. até à componente operacional. Este novo sistema em desen-
As instituições e empresas sabem que o seu volvimento corre em grande parte num “mainframe” mas
conta já também com novas aplicações desenvolvidas para
futuro passa obrigatoriamente pelas máquinas Unix com as modernas ferramentas de geração
tecnologias da informação automática de código. Foi esta nova dimensão que propi-
ciou e obrigou à reestruturação e expansão da infra-estrutu-
e das comunicações. Neste contexto, ra de comunicação de dados. Esta missão é condicionada
a Internet e as tecnologias que lhe estão pela própria realidade existente, pela escassez de meios
associadas representam actualmente o futuro humanos qualificados nestas matérias e pelos orçamentos
cada vez mais restritivos.
e são factor crítico do desenvolvimento
e da competitividade. ANÁLISE DA SITUAÇÃO
As principais unidades da Marinha situam-se na área me-
a área da defesa há fortes razões para acreditar que o tropolitana de Lisboa. As maiores concentrações de unidades
domínio da informação suplantará o domínio nuclear com redes locais estão no edifício da Administração Central
Ncomo chave do poder internacional (1). O aumento da Marinha (onde está situada a DAMAG e várias outras
da capacidade de processamento e de interligação dos sis- unidades importantes), na área da BNL (Base Naval de
temas e os desenvolvimentos a nível de software terá um Lisboa), no G2EA (Grupo nº2 de Escolas da Armada) e futura-
impacte decisivo nos cenários militares do futuro, mente nas INA (Instalações Navais de Alcântara). Depois, há
abrangendo todo o espectro do conflito. Os novos conceitos ainda que contar com diversas outras redes locais relativa-
operacionais, em que a rapidez da tomada de decisão em mente isoladas, como por exemplo a do Instituto Hidro-
todos os níveis de comando é determinante, tornam impres- gráfico ou a da Esquadrilha de Helicópteros, e várias peque-
cindível conseguir-se a co-evolução do desenvolvimento nas unidades (em termos informáticos), algumas delas móveis
tecnológico, com a organização e a doutrina. Para maxi- como são exemplo disso os navios.
mizar a eficácia e minimizar as perdas de tempo, a dissemi-
nação da informação requer uma estrutura organizacional PLANO DIRECTOR DA NOVA RCDM
cada vez mais funcional. As rápidas trocas de informação
levarão as decisões aos mais baixos níveis do comando da A nova RCDM está estruturada em quatro blocos principais:
mesma forma que o acesso directo a todas as informações, - Um nó central;
quer sejam de matéria administrativa ou táctica, permitirá - Três nós de área;
aos comandantes enquadrarem rapidamente os problemas. - Vários nós secundários (redes locais e/ou controladoras de
O tradicional modelo organizacional, com ciclos de terminais 3270);
decisão de dias e horas, terá de ser substituído por uma - Vários nós periféricos (fixos, móveis e flutuantes).
organização em rede, onde os ciclos de decisão são calcu-
lados em minutos e segundos. O NÓ CENTRAL
Neste contexto, as organizações civis e militares, procu-
raram novos sistemas de comunicação e de informação O nó principal está situado no Centro de Processamento
onde procuram maximizar a sobrevivência, a segurança, a de Dados da DAMAG e é a espinha dorsal da rede. É este
prontidão, a flexibilidade, o ambiente de sistema aberto, a nó que permite o acesso ao “mainframe” e é a ele que estão
integração e a interoperabilidade e paralelamente tentam ligados vários servidores, por exemplo, o de informação
diminuir os custos associados. WWW e E-mail, bem como a plataforma de gestão da rede.
É neste nó que são interligadas as diversas redes locais
A Marinha Portuguesa instalou em Portugal uma das próximas (por fibra óptica) e remotas isoladas. Este nó de-
primeiras redes SNA (Systems Network Architecture) e verá ser o único a poder suportar a ligação controlada a
desenvolveu as suas aplicações para correrem em “main- redes exteriores à Marinha, por exemplo, à Internet. Este é
frames” IBM. Durante mais de duas dezenas de anos foi também o único ponto de acesso comutado (PC + modem +
assim que a Marinha geriu o seu pessoal e material usando linha telefónica), a partir da Rede Telefónica Privativa da
as redes locais de forma isolada e apenas para servir os re- Marinha, ao Sistema Informático Central, à Intranet e às
quisitos próprios de algumas unidades. Os anos 90 trouxe- diversas redes locais. O eventual acesso a este sistema
ram ventos de mudança e colocaram novos requisitos à através da rede telefónica pública só poderá ser feito através ✎
REVISTA DA ARMADA • JULHO 99 17