Page 371 - Revista da Armada
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“Galo doido, meu brinquedo,
aninhado nos meus braços.
Sinto o meu coração preso
só de pensar no combate.
Pintei-lhe de verde as penas
só a pensar no combate”.
DO BAZAR
É o mercado, a feira e estabelece o mais importante local para tro-
cas comerciais e encontro social.
“Sentei-me à beira da estrada
a ver passar o meu povo
a caminho do bazar.
Olhei, e não vi mais nada.
Dizer que te vi, eu posso.
Dança típica do sul Timorense. Olhei, e não vi mais nada”.
DO PACTO DE SANGUE DA VENERAÇÃO À BANDEIRA NACIONAL
É uma cerimónia em que o sangue dos que celebram uma A Bandeira Nacional era considerada
aliança para a vida e para a morte são misturados e por ambos “lulic” isto é, sagrada pelos timorenses.
bebido. Este pacto, por vezes, Quem mesmo involuntariamente pisasse
também foi estabelecido entre a sombra da bandeira, incorria a graves
timorenses e portugueses como penas inclusivé corporais.
no caso de Ruy Cinatti.
“Tenho o meu coração preso
“Meu irmão, meu irmão branco, a um símbolo desfraldado;
de cor, como eu também! um desenho atribuído,
Aceita a minha aliança. pelas minhas mãos hasteado.
Bebe o meu sangue no teu.
Não piso a sombra de um símbolo
Se te sentires timorense, pelas minhas mãos hasteado”. Timorenses em dia festivo.
bebe o teu sangue no meu”.
Em 1974 observei em certas cerimónias diversas bandeiras
“Lenço enrolado nas mãos, nacionais, quer da Monarquia quer da República, algumas das quais
apertadas, pele na palma. tinham sido enterradas dentro de canas de bambu durante a invasão
Não quero maculado. japonesa.
Quero-lhe mais que à minha ‘alma.
Lifau, primeira terra onde os
portugueses aportaram, em 1561. É penhor de uma aliança.
(Inaugurado em Agosto de 1974). Quero-lhe mais que à minha ‘alma”.
DA LUTA DE GALOS
Esta disputa, que normalmente termina com a morte do con-
tentor derrotado, constitui a principal actividade de lazer do
homem timorense.
Dili - Residência do Capitão do Porto em 1945.
(Quadro pintado pelo CMG Sousa Machado de bordo do Aviso de 2ª classe
“Gonçalves Zarco” - note os cabos de popa que amarram o navio à árvore).
José Luís Leiria Pinto
CALM
* Cinatti, Ruy. “Um Cancioneiro para Timor”.
Luta de galos. Lisboa, Editorial Presença, 1996.
8 DEZEMBRO 99 • REVISTA DA ARMADA