Page 373 - Revista da Armada
P. 373
GRUPO Nº 1 DE ESCOLAS DA ARMADA
75 ANOS DA BRIGADA DE MECÂNICOS
(1 DE OUTUBRO DE 1924 - 1 DE OUTUBRO DE 1999)
Teve lugar no passado dia 1
de Outubro de 1999, no Grupo
nº1 de Escolas da Armada, uma
cerimónia alusiva à comemo-
ração dos 75 anos de criação da
hoje extinta Brigada de Me-
cânicos, pilar fundamental do
ensino técnico de máquinas na
Armada.
Com a reforma de 1924, re-
forma Ministro Pereira da Silva,
aparece pela primeira vez na
Armada, a Brigada de Mecâ-
nicos, uma das três brigadas
então criadas, à qual competia,
além das funções de instrução
geral e militar, a função de en- O Director da Escola de Máquinas, CTEN EMQ Alves de Castro proferindo a sua alocução.
sino técnico nos ramos de torpe-
dos, electricidade, radiotelegra- académicas, tais como: Mate- dando maior grau de prontidão a nível de Desenho de Máqui-
fia e máquinas, para além da mática, Português e Física, com e de potência às caldeiras; au- nas e prática oficinal; serralharia
instrução técnica complementar especial destaque para esta últi- mentando a velocidade e auto- mecânica, fresagem, soldadura
aos engenheiros maquinistas, ma, de forma a servir de supor- nomia dos navios. e forja. Novos materiais e as
de forma a habilitá-los aos de- te à compreensão do funciona- O motor Diesel, já largamente consequentes novas ferramen-
sempenhos das funções de mento dos equipamentos de en- utilizado como força motriz dos tas imprimem um maior desen-
chefes do serviço de máquinas tão, que equipavam os navios geradores de energia eléctrica volvimento à disciplina de Tec-
em qualquer navio da armada. da Armada. nos submarinos e noutros na- nologia Mecânica. As disci-
vios, como motor propulsor em plinas de Hidráulica e Electri-
A instrução da Brigada de Na fase de transição entre navios de menor tonelagem, co- cidade são ministradas aos cur-
Mecânicos foi efectuada durante estas duas escolas, dá-se início à meça a ser utilizado com resul- sos de Sargentos (Artífices Con-
cerca de 10 anos nas instalações formação em turbinas de vapor tados promissores, em navios dutores de Máquinas e de Fo-
da Marinha em Vale de Zebro. antecedendo a aquisição de de maior porte. gueiros – Motoristas).
cinco destroyers, dois avisos de Finda a guerra, e devida- Os métodos e meios de for-
Porém, à medida que se ve- 1ª classe e dois avisos de 2ª clas- mente analisados os ensina- mação que já tinham sido actua-
rificavam avanços tecnológicos se, movidos a turbinas e com mentos colhidos no aspecto de lizados com a aquisição das fra-
do material, e em resultado da instrumentação e automatismos preparação do pessoal e das gatas das classes “Cte. JOÃO
concretização do programa sofisticados para a época. habilitações requeridas pelas BELO” e “ Alm. PEREIRA DA
naval de 1930, por decreto de 10 As ajudas à instrução eram novas armas e serviços, em 1952 SILVA” são reformulados na
de Maio de 1934, são extintas as baseadas em cartas aguarela- remodelaram-se as classes dos década de 80.
brigadas da Armada e são cria- das e modelos didácticos, por sargentos e praças da Armada A Escola de Máquinas conti-
das, pela primeira vez, as esco- vezes executadas pelos pró- e, simultaneamente, os cursos nua a apetrechar-se com novas
las de aplicação da Marinha, prios formandos nas aulas de ministrados, e criam-se alguns ajudas à instrução, com a aqui-
uma das quais era a Escola de Desenho e nas oficinas de Ser- outros. sição de alguns motores para
Mecânicos, que substituía assim ralharia. Os folhetos e livros, A designação de Escola de serem utilizados nas aulas prá-
a Brigada de Mecânicos de Vale eram manuscritos pelos pró- Mecânicos foi-se tornando ina- ticas e é adquirido um simula-
de Zebro. prios formadores. dequada, pelo que foi substi- dor de instalações propulsoras
Em 28 de Setembro de 1925 a A guerra de 1939 – 1945, trou- tuída, pela de Grupo nº 1 de Es- Diesel.
Marinha iniciou a sua presença xe grande desenvolvimento tec- colas da Armada, em 1961. Mas, novas tecnologias se
na Quinta das Torres, tendo nológico a nível das platafor- A Escola de Máquinas come- avizinham com a aquisição dos
sido aí instalada a Base da mas das unidades navais mi- ça a apetrechar-se com melhor novos meios navais – as fra-
Flotilha Ligeira de Torpedeiros litares, o que levou a Escola de material didáctico: quadros gatas da classe “VASCO DA
e em 1938 integrou a Escola de Mecânicos a remodelar grande sinópticos que permitiam uma GAMA”. O desafio foi lançado
Alunos Marinheiros e o curso parte do seu ensino através da mais fácil compreensão sobre o e a Escola de Máquinas passou
geral de sargentos, que até en- introdução de novas matérias funcionamento dos equipamen- a ministar formação técnica na
tão tinham funcionado no Cor- nos diferentes cursos e a criar tos; a utilização do projector de área dos sistemas de Comando
po de Marinheiros da Armada, novas especialidades. opacos; filmes de 8 mm; órgãos e Controlo e da Informática. A
no Alfeite. Começam a aparecer, como de máquinas e equipamentos automação é hoje predominante
Quer a Brigada de Mecâni- forma de propulsão, as turbinas substituídos em navios são uti- em todos os sistemas, a Pneu-
cos, como a partir de 1934 a Es- de vapor. O carvão, como com- lizados como ajudas à for- mática e a Óleo-hidráulica co-
cola de Mecânicos, ministra- bustível, cede, por sua vez, o lu- mação, em aulas práticas. Dá-se meçaram a ser fundamentais no
vam, entre outras, disciplinas gar aos combustíveis líquidos grande importância à formação currículo do técnico, os conheci-
10 DEZEMBRO 99 • REVISTA DA ARMADA