Page 376 - Revista da Armada
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operacionais têm de reconhecer a importância, assim
         como a vulnerabilidade, de um sistema de infor-
         mação logística, devidamente integrado com o sis-
         tema integrado de informação da Marinha, para
         poderem tomar as medidas necessárias para o prote-
         gerem e salvaguardarem.

         AS EVOLUÇÕES EXTERNAS - A IMPORTÂNCIA
         EMERGENTE DO COMÉRCIO ELECTRÓNICO

           O comércio electrónico apresenta enormes expecta-
         tivas de crescimento com o desenvolvimento e conso-
         lidação do que se convencionou chamar a “Sociedade
         da Informação”. O comércio electrónico representa
         todas as formas de transacções comerciais que en-
         volvam quer organizações, quer indivíduos, baseadas
         no processamento e transmissão de dados por via
         electrónica, incluindo texto, som e imagem. Refere-se
         ainda aos efeitos que a troca electrónica de informa-
         ção comercial pode ter nas instituições e nos proces-
         sos que suportam e regulam as actividades de natu-
         reza comercial.
           As redes globais de informação desempenham um
         papel cada vez mais importante no suporte aos fluxos
         de informação para fins comerciais. Um número cres-  Site do Naval Supply Systems Command para o Comércio Electrónico.
         cente de operações entre empresas já é hoje realizado
         por transferência electrónica de documentos, os computadores  A Marinha Americana está a desenvolver um grande projecto de
         pessoais ligados à Internet são utilizados para colocar e processar  reengenharia designado por SUP-21 – Reengineering Naval
         encomendas e uma parcela cada vez mais significativa dos bens e  Supply (5), que já vai na segunda de três fases, que tem como
         serviços são transaccionados através das redes digitais.  objectivo “One Touch Supply”, orientado para uma lógica de
           É um facto que a transferência electrónica de dados, o EDI –  abastecimento centrada no fornecedor.
         Electronic Data Interchange – teve um desenvolvimento impor-
         tante desde a publicação das normas EDIFACT pelas Nações INFLUÊNCIAS EXTERNAS NA LOGÍSTICA
         Unidas, há cerca de uma década mas, no entanto, sem provocar  NAVAL PORTUGUESA, NUMA PERSPECTIVA PESSOAL
         transformações dramáticas. Contudo, o fenómeno Internet veio
         acelerar consideravelmente o fluxo de transacções comerciais sob  A Missão para a Sociedade da Informação identificou a necessi-
         forma digital, em virtude do seu baixo custo e relativa simplici-  dade de se viabilizar e dinamizar o comércio electrónico em
         dade de utilização, abrindo um novo mundo a consumidores e a  Portugal, de se fomentar a transferência electrónica de dados,
         pequenas e médias empresas.                          incluindo a sua promoção na Administração Pública (6). Aliás estas
           O rápido crescimento da Internet e do EDI faz prever que no  recomendações vêm na sequência de directivas da EU.
         ano 2000 o comércio electrónico possa já representar perto de 20%  Além disso, a competitividade das PMEs portuguesas depende
         do comércio mundial inter-organizacional.
                                                              da sua capacidade de participação no mercado global. Num ambi-
                                                              ente cada vez mais baseado na economia digital, não é possível
         INFLUÊNCIA DO COMÉRCIO ELECTRÓNICO                   competir sem utilizar os instrumentos que caracterizam e dão vida
         NA MARINHA AMERICANA                                 a essa mesma economia. Neste contexto, também o cliente, neste
                                                              caso a Marinha, terá de se adaptar a esta nova dimensão.
           Antes mesmo do Presidente Clinton, dos Estados Unidos, a 1  De acordo com o "Livro Branco para o Comércio Electrónico em
         de Julho de 1997, ter apresentado um conjunto de linhas orien-  Portugal", elaborado por iniciativa da Associação Portuguesa para
         tadoras para o desenvolvimento do comércio electrónico glo-  o EDI e Comércio Electrónico, o número de empresas portuguesas
         bal, com as quais pretendeu influenciar os Departamentos da  com alguma forma de comércio electrónico é de cerca de 1000, o
         sua Administração, as empresas e os governos dos seus princi-  que representa 2,6%  do universo das PMEs nacionais. Em face
         pais parceiros económicos, no sentido de se minimizarem as  deste contexto, assumem-se os seguintes objectivos para o número
         restrições sobre a Internet e se evitarem efeitos negativos sobre  de grandes empresas e PMEs ligadas às redes digitais e com
         o comércio global, já a Marinha Americana antevia a importân-  condições internas de acesso ao comércio electrónico:
         cia do Comércio Electrónico na Logística Naval. Esta afirmação
         pode ler-se no NDP4 (1), que está disponível na Internet, “Such
         technologies as electronic mail and electronic data interchange,  ANO              EMPRESAS EM C.E.
         using readily available commercial communication links and global
         computer networks, are becoming a routine part of our logistic  1999                      10 %
         planning environment”. Procurando um pouco mais na Internet     2000                      20 %
         descobre-se mesmo um site do “Navy Supply Systems Com-          2005                     100 %
         mand” onde é explicado como vender para a Marinha Ameri-
         cana (“Doing Business with the Navy”(2)). Neste mesmo site
         são enumerados 19 projectos em curso na área do Comércio  Face a este cenário, avizinha-se como inevitável a necessidade da
         Electrónico.                                         Marinha Portuguesa vir a comprar electronicamente bens e
           Após a consulta de mais alguns sites, rapidamente se conclui a  serviços. Esta nova dimensão obrigará à reengenharia de algumas
         grande aposta do Departamento de Defesa dos EUA em novas tec-  unidades da Marinha, em especial as que têm a ver com abasteci-
         nologias (3) e na redução dos custos associados com a logística (4).  mento. Por outro lado também contribuirá para que a Marinha ✎
                                                                                      REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 99  13
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