Page 375 - Revista da Armada
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A caminho
A caminho
da logística digital
da logística digital
comandos e aos seus staffs planear, controlar e coordenar a
“Sea power means more than the combatant ships and air- logística de suporte das missões. Este sistema deve permitir a
craft, the amphibious forces and the merchant marine. It coordenação logística de todos os elementos funcionais da logís-
includes also the port facilities of New York and California; tica traduzindo-se na prática em colocar a funcionar em rede
the bases in Guam and Kansas; the factories which are the uma série de entidades que vão desde o CEMA, EMA, Comando
capital plant of war; and the farms which are the producers of Naval, Flotilhas, Esquadrilhas, Navios, SSP, Repartições de
supplies. All these are elements of sea power.”
Pessoal, DSS, HM, SSM, SSF, DA, DN, Arsenal do Alfeite, SECA-
MAR, Direcção de Transportes, e várias outras unidades que
— Fleet Admiral Chester W. Nimitz, deverão ser em última instância toda a Marinha. Neste novo con-
Chief of Naval Operations, 1947
ceito, um ciclo logístico deverá ser encarado como um processo
que deverá passar com a maior brevidade pelas entidades que
têm um papel activo no mesmo. Para maximizar a eficácia e mi-
recente intervenção da NATO nos Balcãs e a Guerra do nimizar as perdas de tempo, a disseminação da informação re-
Golfo são bons exemplos práticos da eficiência da logística quer uma estrutura organizacional cada vez mais funcional. As
Amoderna. O seu sucesso deve-se essencialmente a planea- rápidas trocas de informação levarão as decisões aos mais baixos
mentos logísticos muito cuidados, cada vez mais suportados por níveis do comando, da mesma forma que o acesso directo a todas
complexos sistemas de informação que permitem optimizar os ele- as informações, quer sejam de matéria administrativa ou opera-
mentos funcionais da logística, diminuindo cada vez mais os ciclos cional, permitirá aos comandantes enquadrarem rapidamente os
logísticos. Numa época em que os acontecimentos evoluem muito problemas.
rapidamente, torna-se necessário dispor de capacidade para rapi- Além disso, no âmbito operacional, os sistemas de informação
damente, projectar poder. Neste contexto, o rápido aprontamento logística podem permitir a um comandante posicionar os sis-
de forças e a sua sustentação logística são um factor chave para o temas de suporte logístico em função da estrutura e emprego das
eficaz cumprimento das missões. Este paradigma conduzirá a forças de combate. A concentração de esforços é mais facilmente
planeamentos logísticos cada vez mais complexos, a sistemas de obtida através de uma única autoridade de comando, exercendo
informação cada vez mais integrados assentes em infra-estruturas comando e controlo sobre as suas forças combatentes e sobre o
de comunicação cada vez mais globais. sistema logístico que as suporta. O comando e controlo logístico
Pretende-se com este artigo mostrar que a logística tende a ser ca- deverá ter, entre outras, as seguintes capacidades:
da vez mais digital, não só devido aos requisitos operacionais, co- - Recepção atempada e fiável das necessidades, informação de
mo também pelas pressões devidas à evolução da sociedade civil. expedição e informação sobre a localização dos bens logísticos
requeridos.
A NECESSIDADE DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO LOGÍSTICA - Fácil controlo do inventário, incluindo o pessoal e material
em trânsito (quantidade, localização, estado, movimento ao
Proporcionar suporte logístico é basicamente um processo de longo do sistema de suporte logístico).
definição, prioritização, aquisição, atribuição, distribuição e - Suporte flexível que permita reencaminhar bens logísticos
gestão de recursos por forma a proporcionar o material, o pessoal com base nas necessidades operacionais.
e os serviços aos utilizadores certos no momento adequado. Este Claro que estas capacidades requerem infra-estruturas de
complexo sistema requer cada vez mais a existência de um sis- comunicação fiáveis e redundantes que liguem utilizadores,
tema de informação logística de suporte que recolha e forneça fornecedores e comandos em rede. Embora aparentemente abun-
informações importantes antes, durante e depois dos planeamen- dem os computadores, a verdade é que as infra-estruturas de
tos logísticos, e durante a execução dos ciclos logísticos. Este sis- comunicação actuais além de serem um recurso limitado ainda
tema deve permitir a um comando a disseminação de um plano não suportam eficientemente os elementos do pipeline logístico
logístico, assim como pode permitir a esse comando coordenar e em rede.
controlar directamente a distribuição do suporte logístico duran- As novas estratégias mais envolventes e o avanço da tecnolo-
te a execução do plano logístico. gia estão a melhorar os processos de tomada de decisão. Estes
Se pensarmos na recente missão da Marinha Portuguesa na avanços mantêm-nos preparados para o desempenho de missões
Guiné Bissau, facilmente imaginamos algumas das questões que de guerra, assim como outras missões de tempo de paz.
se colocaram quando foi necessário preparar a missão. Por certo Tecnologias como o correio electrónico e a troca electrónica de
que algumas das perguntas foram: O que é que temos? O que é dados (EDI – Electronic Data Interchange), largamente usados
que necessitamos? Quando é que vamos conseguir isso? O que é nas redes comerciais e nas redes globais de computadores, como
que vamos fazer com isso? Estas questões parecem simples, mas é disso exemplo a Internet, estão a fazer cada vez mais parte do
as respostas por certo que estavam espalhadas por diversas áreas ambiente de planeamento logístico.
do pipeline logístico. Efectivamente, os planeadores necessitam Apesar de todas estas vantagens há que ter em conta que a
de ter acesso a uma rede de comunicação integrada que permita análise global de alguns dados logísticos, por si só não classifica-
o acesso a um sistema integrado de informação contendo um dos, podem revelar a existência e os objectivos de uma missão
subsistema distribuído de informação logística que permita aos que pode ser classificada. Os planeadores logísticos e as forças
12 DEZEMBRO 99 • REVISTA DA ARMADA