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ESCOLA NAVAL



                           JURAMENTO DE BANDEIRA E ENTREGA DE ESPADAS
                             AO CURSO “CONTRA-ALMIRANTE CARLOS TESTA”

           Decorreu no passado dia 5  poderá ir até ao sacrifício da
         de Maio a cerimónia militar  própria vida. Um compromis-
         de Juramento de Bandeira e  so de jovens que iniciarão
         entrega de espadas aos aspi-  dentro em breve a sua car-                                                  (3) Fotos do CAB FZ Mirandez
         rantes do actual quinto ano  reira profissional como ofi-
         da Escola Naval. A cerimónia,  ciais, cabendo-lhes funções de
         presidida pelo Ministro da  comando e chefia cuja respon-
         Defesa Nacional, não pode  sabilidade devem estar prepa-
         deixar de ser vista com todo o  rados para assumir.
         significado que assume, na  A simbólica entrega das
         medida em que se trata da  espadas é um cerimonial que
         assunção pública de um com-  se inspira no velho acto de
         promisso inquebrável para  armar cavaleiro o homem que
         com a nação portuguesa, que  jura dedicar a sua vida a uma
         os futuros oficias da Marinha  nobre causa e que já demons-
         juram servir e defender com a  trou ter condições e conheci-
         dedicação e o empenho que  mentos para usar do poder
                                                              que as armas que lhe são  entregue aos jovens aspi-
                                                              entregues lhe conferem.   rantes, numa cerimónia so-
                                                              Deixou de ser uma arma efi-  lene onde também juram ban-
                                                              caz e útil, mas mantém toda a  deira e onde recebem um
                                                              carga simbólica que lhe foi  exemplar de “Os Lusíadas”, o
                                                              sendo associada e que conti-  poema onde Luís de Camões
                                                              nua presente no imaginário  canta os feitos da gente por-
                                                              da nossa civilização. É, sem  tuguesa, na gesta que a con-
                                                              dúvida, um símbolo militar  duziu à Índia e ao Extremo-
                                                              que inspira a bravura e as vir-  -Oriente, nos séculos XV e
                                                              tudes do guerreiro, mas é  XVI. Um conjunto de circuns-
                                                              também o instrumento de   tâncias que marcam a confian-
                                                              luta contra a injustiça, sepa-  ça do país no saber adquirido
                                                              rando o bem do mal e com-  e na capacidade para exercer
                                                              batendo este último. É sob a  as funções de Oficial da Mari-
         O aspirante Pereira da Silva recebe a espada das mãos do Ministro da Defesa Nacional.  tutela desta imagem que é  nha Portuguesa.


                                     CONFERÊNCIA DE D. XIMENES BELO

           É desnecessária qualquer                                                     dade, uma ideia clara e de-
         explicação sobre a afectivi-                                                   finida, a que corresponde a
         dade que levanta o problema                                                    sua defesa intransigente ao
         de Timor Leste e todo o cami-                                                  longo de uma vida. A ideia é
         nho percorrido, desde a in-                                                    para todos nós consensual,
         vasão Indonésia até à afir-                                                    mas a presença física de quem
         mação pública e internacional                                                  a defendeu como o fez D.
         de Timor Lorosae, proclama-                                                    Ximenes, não pode deixar de
         da por Xanana Gusmão. E a                                                      ser uma honra para a Escola
         presença de D. Ximenes Belo,                                                   Naval e um estimulante exem-
         bispo Administrador Apostó-                                                    plo dos valores em que devem
         lico da diocese de Dili e                                                      ser formados os futuros ofi-
         Prémio Nobel da Paz (1996),                                                    ciais da Marinha Portuguesa.
         não podia deixar de ser um                                                       Após a conferência, Sua
         momento emocionante de    dinada ao tema “Valores e Li-  do presente e do futuro; das  Excia Reverendíssima almo-
         privilégio, para alunos, ofi-  berdades de um povo. As  necessidades do momento, dos  çou na Escola Naval, na com-
         ciais, professores e convida-  forças de defesa como seu  apoios que é fundamental man-  panhia do Ministro da Defesa
         dos que ouviram as suas pala-  garante”, tendo ocasião de  ter e da esperança numa socie-  Nacional, do Almirante Chefe
         vras, no passado dia 10 de  expor a sua visão do processo  dade reconciliada, livre e  do Estado Maior da Armada,
         Maio, no auditório da Escola  de transformação que vive a  democrática em Timor Lorosae.  do Comandante da Escola e
         Naval.                    sua terra e o seu povo, numa  A figura do bispo de Dili  de outros convidados.
           D. Ximenes, com a simplici-  luta contra a opressão, a ma-  corporiza – como salientou o
         dade que lhe é conhecida, pro-  nobra política e a violência  Almirante Comandante da  A Escola Naval na Internet:
                                                                                            www.escolanaval.pt
         feriu uma conferência subor-  organizada. Falou do passado,  Escola – um sonho de liber-
                                                                                       REVISTA DA ARMADA • JULHO 2000  21
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