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Breve historial do NRP “Albacora”
Breve historial do NRP “Albacora”
NRP "ALBACORA", "S163", "CTSD" ou da série JOLLY ROGER (2); da série rer desde 1991, evidenciando já uma
O"SUBCORA", é o Submarino que de- ESPADARTE/ALBATROZ (3) e da série considerável experiência e confiança na
signa a sua classe, tendo sido incorporado LUSÍADA (2). manobra em águas de grande intensidade
no efectivo dos navios da Armada em 01 No decurso desta panóplia de exercícios piscatória, com fundos baixos, fortes cor-
de Outubro de 1967, como o primeiro da nacionais e internacionais, bem como em rentes e de grande concentração de navios
4ª Esquadrilha. Concebido com vista à muitas outras ocasiões desenvolveu o afundados. Exemplo disto é com certeza o
optimização para zonas costeiras e oceâni- "Subcora" tarefas de diversa natureza no desempenho do "Albacora", que somou 6
cas de pequeno cruzeiro, em que a sua enquadramento das missões atribuídas aos participações neste tipo de exercícios,
principal função seria o patrulhamento tendo a última ocorrido em Janeiro e
de áreas com alta probabilidade de Fevereiro do presente ano.
passagem de forças de superfície que Hoje, passados 33 anos da sua
representassem uma ameaça, ou de entrada ao serviço, com quase 40.000
zonas costeiras de potencial interesse horas de Navegação e 26.500 de
para a vigilância, com utilização de Imersão, o "Albacora" termina a sua
equipas de operações especiais para vida operacional, já muito ultrapassa-
desenvolver acções de reconhecimen- do no que respeita a Sensores e
to ou resgate nessas zonas. Sistemas de detecção acústica, Direc-
Foi construído pelos Estaleiros Dubi- ção de tiro e Sistemas de armas. Sem
geon-Normandie, em Nantes, de acor- estes, a sua credibilidade começa a
do com os planos dos submarinos estar em causa para fazer frente às per-
franceses da classe "Daphne". formances dos modernos Escoltas
O ingresso desta classe de Subma- ASW, Aéreos de patrulha marítima e
rinos na nossa Armada significou na de outros Submarinos os quais usu-
altura, uma importante melhoria na fruem já das mais recentes evoluções
capacidade dissuasora e de interven- da técnica.
ção na ausência de supremacia, face Tratando-se de um sistema de natu-
ao considerável incremento em termos reza e função pouco visível, a Arma
de autonomia e discrição. submarina, é sem dúvida uma compo-
As honras de primeiro Comandante nente destacada de qualquer Poder
foram concedidas ao Capitão-Tenente Naval. Hoje ao definir os meios navais
Rui Silvino dos Santos Teixeira Chaves necessários, há que pensar na situação
(01 Out 67 - 25 Mar 70). Após este Co- presente, caracterizada pela incerteza
mando passaram por este Submarino de cenários, onde o que interessa é
dezoito Comandantes que souberam sobretudo ser tão flexível e abrangente
prestigiar a Armada desenvolvendo quanto possível, privilegiando meios
missões Nacionais e Internacionais, que pela sua polivalência, versatili-
conjuntas e combinadas, que tiveram signi- submarinos desta classe, das quais se dade, mobilidade e "endurance", permitam
ficativa relevância no reconhecimento do podem mencionar as seguintes: colaborar melhor capacidade de resposta a essa
profissionalismo e eficiência dos Submari- na protecção da navegação oceânica em panóplia de situações. Detentor destes
nistas Portugueses. águas de interesse Nacional; colaborar na atributos o Submarino é certamente uma
Em 1972 tem início a participação regu- protecção da navegação costeira; patrulha Arma a manter.
lar em exercícios do âmbito da NATO, de áreas focais; condução de operações As acções espectaculares de Submarinos,
com empenhamento do "Subcora" no JMC ASW e ASUW; participação em exercícios em sede propriamente bélica, são raríssi-
721, nas águas do norte da Escócia. Desde combinados e conjuntos; patrulha do Mar mas desde a 2ª GM, sendo o último caso
então estendeu a sua participação a múlti- territorial; efectuar operações de reconhe- conhecido o do torpedeamento do
plos exercícios em resposta a diversas soli- cimento com desembarque e recolha de Cruzador argentino "Belgrano" por um sub-
citações no âmbito do Treino operacional grupos especiais em acções que requerem marino nuclear britânico, durante o conflito
da nossa e de outras Marinhas aliadas. Estas sigilo e surpresa; colaborar na defesa dos das Falkland em 1982. No entanto, a sua
operações decorreram em áreas de dife- interesses nacionais; efectuar acções de furtividade, resistência, surpresa, facilidade
rentes ambientes oceanográficos e meteo- Representação e Presença Naval. de movimentação em ambientes hostis e a
rológicos, variando desde as águas do O profissionalismo das suas guarnições, capacidade para o desempenho de quase
Mediterrâneo até às águas do Mar do Nor- traduzido na sua essência por um espírito todas as missões de imposição da paz, de
te, privilegiando naturalmente as águas do de sacrifício e persistente vontade em atin- gestão de conflitos e de guerra, consig-
Atlântico, no nosso espaço interterritorial (o gir bons resultados no cumprimento das nadas às Marinhas, tornam a Arma subma-
designado triângulo estratégico), que é por missões, tem sido patente pela constante rina essencial, como equalizador de forças,
definição a área de actuação preferencial procura da sua participação no Treino, elemento dissuasor e instrumento político
dos nossos submarinos. patrocinado pelo FOST (Flag Operational de pressão. Tudo isto o "Albacora" pro-
Neste âmbito podem-se destacar as Sea Training) que faz escola na Royal Navy curou ser, no seu tempo e fora dele, agora
seguintes participações: Exercícios da série e é frequentado por diversas outras há que dar o lugar aos novos, sem esquecer
JMC (5 ); da série TAPON (5); da série Marinhas aliadas, simulando condução de o passado e o seu contributo histórico.
SWORD FISH (8); da série CONTEX (16); operações em cenário de crise. A partici-
da série LINKED SEAS/OCEAN SAFARI (4); pação regular (1 ou 2 vezes por ano) dos (Colaboração do Comandante
da série OPEN GATE/LOCKED GATE (5); submarinos portugueses tem vindo a ocor- e Oficiais do N.R.P. "Albacora")
8 SETEMBRO/OUTUBRO 2000 • REVISTA DA ARMADA