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O N.E. “Sagres” na América
O N.E. “Sagres” na América
Brasil e Estados Unidos
o dia 13 de Abril, o N.E: "Sagres", o
N.V. "Cisne Branco" chegaram a
NSalvador da Bahía, após mais de
dois meses de viagem. Ao entrarem a baía
de Todos-os-Santos corresponderam às sal-
vas de terra feitas a partir do forte de S.
Marcelo, uma antiga prisão, à entrada do
porto de Salvador. Aos poucos foram
chegando todos os outros veleiros que par-
ticipavam na viagem comemorativa do
descobrimento do Brasil e na regata Brasil
500. No clube náutico local toda esta gente
do mar conviveu em excelente ambiente
durante a estadia.
E foi em Salvador que a Marinha Bra-
sileira apresentou, a todos os participantes,
os programas relativos aos desfiles dos
veleiros que iriam ter lugar em Porto Segu-
ro e no Rio de Janeiro.
As excelentes condições meteorológicas e A caravela "Boa Esperança" à chegada a Salvador, com o forte de S. Marcelo ao fundo.
o vento favorável no dia da largada, pro-
porcionaram aos habitantes locais um exce- entrarem a baía de Guanabara, passaram com o fim-de-semana prolongado do 1º de
lente espectáculo com os veleiros saindo a em frente às praias de Ipanema, Leblon e Maio. É que muitos cariocas terão apro-
navegar à vela a baía de Todos-os-Santos. E Copacabana. Liderava o desfile a fragata veitado para sair da cidade. Em todo o caso,
dois dias depois estavam na baía Cabrália brasileira "Independência", logo seguida todo a guarnição reparou na falta de activi-
fundeados. pelo N.E. "Sagres" e por todos os outros dades desportivas entre as guarnições dos
No dia 22 de Abril desfilaram em Porto veleiros. muitos navios que aí se encontravam. E
Seguro perante uma tribuna onde se encon- Contrariamente a outras visitas ao Rio de bem perto da Base Naval do Rio de Janeiro.
travam os Presidentes de Portugal e do Janeiro, e com a agravante de se comemo- É que no seguimento do desfile dos ve-
Brasil. É que terá sido este o local onde, há rarem este ano os 500 anos do descobri- leiros, teve lugar um outro desfile somente
500 anos, Pedro Álvares Cabral avistou mento do Brasil por Álvares Cabral, ainda com navios de guerra de muitos países, que
pela primeira vez terra brasileira e onde assim, a presença do N.E. "Sagres" foi quase para o efeito foram convidados. Não menos
fundeou, inicialmente, a sua armada. No ignorada pelas autoridades brasileiras. Os notória, por parte da guarnição, foi a ausên-
dia seguinte, que foi Domingo de Páscoa, milhares de pessoas que habitualmente cia de recepções, passeios turísticos, num
foi servido a bordo, no poço, um almoço visitam o navio todos os dias não aparece- ambiente que se adivinhava festivo.
volante para toda a guarnição. ram. Talvez devido a uma fraca divulgação E o navio não deixou o Rio de Janeiro
Cumprida a navegação até ao Rio de Ja- acerca da presença dos navios no bonito sem que houvesse ainda lugar para um
neiro, no dia da chegada teve lugar mais cais do Centro Cultural da Marinha, bem susto colectivo. Uma vez que o acesso ao
um desfile de todos os navios que, antes de como, por infelicidade, a estadia coincidir cais do Centro Cultural da Marinha se faz
pelo topo norte do aeroporto Santos
Dumont, aquando da entrada e saída de
navios, os pilotos coordenam com a torre
de controlo do aeroporto a suspensão do
tráfego aéreo durante esse período. No dia
da largada, e apesar das comunicações efec-
tuadas nesse sentido, com o controlo aéreo
ciente do movimento do navio, quando o
N.E. "Sagres" se encontrava a passar pelo
enfiamento da pista, um avião teve que
abortar, in-extremis , a manobra de aterrar,
por forma a evitar que ocorresse um aci-
dente de trágicas consequências.
Terminada que estava a visita ao Rio de
Janeiro, o navio rumou ao porto do Recife,
em Pernambuco. Com as condições meteo-
rológicas adversas e o vento contra, todo
este trajecto foi quase exclusivamente feito
a motor. Aqui, bem como em Fortaleza, no
Desfile dos veleiros na baía de Todos-os-Santos. Ceará, a Marinha Brasileira recebeu o navio
12 SETEMBRO/OUTUBRO 2000 • REVISTA DA ARMADA