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Participação do NRP “Hermenegildo Capelo”
          Participação do NRP “Hermenegildo Capelo”


                                no Exercício TAPON 2000
                                no Exercício TAPON 2000




             ntre 18 e 28 de Setembro de-                                            larga escala, na noite de 23 para 24 de
             correu o exercício TAPON 2000,                                          Setembro, em que as duas partes da
         Eque contou com a participação                                              força situadas respectivamente a Oeste
         de 10 países (Espanha, Reino Unido,                                         e a Leste do Estreito “trocaram” de
         Itália, França, Grécia, Turquia, Esta-                                      posição, “travando combate” durante
         dos Unidos, Alemanha, Portugal e                                            o trânsito. É de assinalar que, dos cerca
         Marrocos). Organizado pela Marinha                                          de 70 recontros simulados, apenas 10
         Espanhola e conduzido pelo coman-                                           envolveram o disparo de mísseis,
         do operacional ALFLOT, teve como                                            sendo os restantes travados a curta
         objectivo o desenvolvimento de uma                                          distância, pois a escuridão da noite, a
         operação de controlo marítimo do                                            proximidade de terra e a elevada den-
         estreito de Gibraltar durante uma                                           sidade de tráfego marítimo na zona
         hipotética crise regional, em ambiente                                      dificultam bastante a identificação dos
         de multi-ameaça.                                                            navios “inimigos”, mesmo com o re-
           Nele estiveram envolvidos 1 porta-                                        curso a meios aéreos. Decididamente,
         -aviões, 2 destroyers, 14 fragatas, 7                                       apesar do grau de sofisticação  a que
         submarinos (6 diesel-eléctricos e 1 nuclear),  A cerimónia de activação da Força Naval  chegou a guerra moderna, continuam a existir
         2 reabastecedores de esquadra, 4 lanchas  Europeia decorreu na manhã do dia 17, a  situações em que um velho navio do tempo
         rápidas, 5 navios auxiliares e diversas aero-  bordo do navio-chefe, o SPS “Navarra”,  do “fogo à peça” como a “Capelo” tem tantas
         naves de patrulhamento marítimo, ataque,  tendo os navios integrantes içado simulta-  (ou mesmo mais) hipóteses de sobrevivência
         reabastecimento e guerra electrónica. Na  neamente a respectiva bandeira azul estrela-  como os navios mais recentes e melhor
         estrutura operacional estiveram integradas  da às 1000 em ponto.      equipados.
         duas forças navais: a Força Naval Europeia -  No dia 18, de manhã, decorreram na base  A segunda fase envolveu um cenário fictí-
         EUROMARFOR (formada por unidades   de Rota as reuniões preparatórias do exer-  cio de embargo (a coberto de uma resolução
         navais de França, Espanha, Itália e Portugal)  cício. A largada ocorreu ao fim da tarde do  do Conselho de Segurança das Nações
         e a Força Naval Permanente do Mediter-  mesmo dia.                    Unidas) a um país agressor. O objectivo foi
         râneo – STANAVFORMED.                                                 impedir que navios mercantes suspeitos
           Respondendo ao convite espanhol, Por- O EXERCÍCIO                   (simulados por unidades auxiliares da Mari-
         tugal participou com a fragata “Coman-                                nha Espanhola) “furassem” o dispositivo co-
         dante Hermenegildo Capelo” (integrada na  O exercício desenrolou-se em duas fases  locado em torno do Estreito e transportas-
         EUROMARFOR), o submarino “Barracuda”  distintas: a fase preparatória Combat  sem material de guerra para o referido país,
         e um avião de patrulha marítima P3P Orion.  Enhancement Training (CET), de 18 a 24 de  sob a protecção dos seus meios navais (de
                                            Setembro, e a fase táctica (TACEX), de 24 a 28.  superfície e submarinos) e aéreos. Numa
         OS PREPARATIVOS                      Na primeira fase foi cumprido um progra-  envolvente de crescente ameaça, foram
                                            ma seriado de complexidade gradualmente  jogadas, em tempo real, regras de empenha-
           O NRP “Comandante Hermenegildo Ca-  crescente que abarcou praticamente todo o  mento, sempre com o cuidado de responder
         pelo” largou da Base Naval de Lisboa na  espectro de exercícios navais, com o objecti-  proporcionalmente às agressões e provo-
         tarde do dia 13 de Setembro. Regressado,  vo de testar a interoperabilidade e treinar a  cações das forças opositoras sem agravar a já
         havia pouco mais de mês e meio, de uma mis-  coordenação entre os navios da força. Com  de si problemática situação política, acaban-
         são de 6 meses em Timor (já com mais de 8  as limitações próprias da sua idade avança-  do-se, no entanto, por não se conseguir evitar
         meses de afastamento do ambiente das ope-  da, da pouca sofisticação do seu equipamen-  a escalada militar (por força dos aconteci-
         rações navais), com um terço da guarnição  to em relação aos restantes navios do grupo  mentos e não por inépcia das forças da
         acabado de render (sem que tivesse havido  (consideravelmente mais modernos e me-  ONU, saliente-se!). A complexidade do ce-
         oportunidade de efectuar treino básico ou de  lhor equipados) e da falta de treino da sua  nário criado foi, porém, de indiscutível utili-
         porto) e um elevado desgaste do material  guarnição (cujo esforço foi exemplar a todos  dade na preparação das unidades envolvi-
         inerente à longa permanência nas regiões  os níveis) o NRP “Comandante Hermene-  das para uma situação de crise real, tão em
         tropicais do Índico e do Pacífico (que se fez  gildo Capelo” não deixou os seus créditos  voga nos tempos que correm.
         sentir dramaticamente ao nível dos sistemas  por mãos alheias, cumprindo sempre todas  Na manhã do dia 28 de Setembro, termi-
         de armas e sensores), tinha pela frente uma  as tarefas que lhe foram destinadas e distin-  nava, com a “vitória” das forças aliadas, o
         missão de indiscutível dificuldade.  guindo-se particularmente nas séries de luta  exercício TAPON 2000, tendo os navios sido
           Na tarde do dia 15, após uma passagem  anti-submarina (uma das poucas áreas em  encaminhados para o porto de Cádiz, onde
         pela base naval de Rota para embarque de  que não se encontrava em “desvantagem”),  se realizaria a reunião final do exercício (hot
         combustível, o navio atracou em Cádiz,  tendo o seu bom desempenho sido unani-  wash-up) e se proporcionaria mais uma noite
         onde permaneceria até dia 18, na compa-  memente reconhecido. Para a execução desta  de convívio para todos os participantes.
         nhia dos restantes navios da força (SPS  fase, os navios participantes foram distribuí-  Mais uma vez a Marinha Portuguesa
         “Navarra”, ITS “Maestrale” e FS “La Fa-  dos por áreas situadas em ambos os lados do  tinha marcado presença junto das suas con-
         yette”). Do mesmo grupo fazia parte o HMS  estreito de Gibraltar, cada uma delas destina-  géneres europeias e honrado, de forma
         “Exeter” que, embora não se destinasse a  da a um task group.         exemplar, os compromissos internacionais
         integrar a EUROMARFOR, com ela partici-  A transição para o TACEX foi assinalada  assumidos pelo País.
         paria no exercício.                por um exercício de luta anti-superfície de  (Colaboração do NRP “Comandante Hermenegildo Capelo)
                                                                                    REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2000  23
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