Page 53 - Revista da Armada
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dade isolada e desértica, A restante força seguiu o
tendo constituído uma exce- grupo anfíbio, constituído
lente oportunidade para o pelos navios de apoio anfíbio
navio efectuar este tipo de HNLMS “Rotterdam” e FS
fogo real, dado não ser pos- “Foudre”, que estava a ser
sível praticá-lo em Portugal. escoltada pela TG holandesa.
Entre 7 e 13 de Setembro, a O objectivo das forças NATO
SNFL esteve atracada em era efectuar um desembarque
Liverpool. A 13 largou e ini- anfíbio, acção que deveria
ciou a participação no exercí- desencadear as hostilidades
cio Northern Light 99, um entre as forças em oposição,
“major exercise” NATO, face tendo sucedido a 21 de Se-
aos vastos meios navais, aére- tembro à tarde. Nesse dia foi
os e terrestres envolvidos e Exercício de manobras e evoluções da força no Mar do Norte. efectuado um jogo táctico en-
aos objectivos propostos. Este (Foto: 1MAR A Laranjeira) volvendo regras de empenha-
exercício dividiu-se em várias mento, tendo as OPFOR ata-
fases, sendo de destacar a fase inicial de treino seriado (Combat cado de surpresa as forças NATO com sucesso. O desembarque
Enhancement Training/Force Integration Training), para proporcionar anfíbio realizou-se na baía de Quiberon, com a presença de VIP´s e da
às unidades o aperfeiçoamento do treino em conjunto, e numa última imprensa.
fase um período de “Free Play” (TACEX – Tactical Exercise). Neste
exercício a SNFL operou como OPFOR às forças NATO nas últimas A PARTE FINAL
fases, mas na fase inicial operou conjuntamente com as outras forças.
A “Corte Real” e o “Philips van Almonde” chegaram a destacar da A 25 de Setembro a SNFL atracou em Brest para mais uma Port
SNFL e integrar a TG anglo-espanhola durante 2 dias, efectuando exer- Visit, tendo largado a 29 iniciando assim mais um período de treino
cícios de luta anti-submarina, luta de superfície, luta antiaérea e tiro até ao próximo porto, Portsmouth. De referir que, no dia de largada
contra costa (NGS). De referir, como nota saliente nesta fase, um exer- de Brest, o Comodoro David Morse visitou a “Corte Real”, tendo
cício de guerra anti-superfície, que opôs a TG onde a “Corte Real” dirigido umas palavras de despedida a toda a guarnição formada no
estava integrada e a TG holandesa, entre a Escócia e as ilhas Hébridas, hangar. Foi sublinhado o empenhamento do navio ao longo da
em que um dos navios holandeses, HNLMS “Heemskerck”, encalhou comissão, bem como a forma eficiente e profissional com que foram
num baixio quando se dirigia na direcção da “Corte Real” para atacar. cumpridas as directivas emanadas pelo CSNFL. O Comodoro frisaria
Após a primeira fase do exercício, a SNFL reagrupou-se e rumou ainda que a “Corte Real” não havia sido escolhida por acaso para
para sul, em direcção à área da fase seguinte, no golfo da Biscaia, ao assumir as funções de navio-chefe em standby e de comandante da
largo da costa francesa. Devido a condições meteorológicas adversas, luta anti-superfície (ASUWC) e que iria sentir saudades pela forma
o trânsito efectuou-se pelo mar da Irlanda, entre a Irlanda e a Grã- carinhosa e hospitaleira com que sempre foi e foram recebidos na
-Bretanha. Durante o reposicionamento das forças em confronto, foi “Corte Real” todos os elementos da SNFL. A guarnição ouviu com
efectuado o seguimento mútuo, tendo o HMS “Coventry” e o USS orgulho as palavras do CSNFL e destroçou para mais uma faina de
“Stephen W. Groves” destacado da Força por forma a efectuar opera- largada, desta feita a última em solo estrangeiro. Entre 29 de
ções com Towed Array Sonar a oeste da Irlanda, e seguir os submari- Setembro e 4 de Outubro, a Força esteve envolvida em mais um
nos nucleares HMS “Turbulent”, HMS “Trenchant” e FS “Casabianca” pacote de exercícios, sob condições difíceis de mar (característico do
no seu trânsito para o teatro de operações. A “Corte Real” e o “Philips Golfo da Biscaia) tendo fundeado a 3 de Outubro em Lyme Bay,
van Almonde” destacaram também da força em SAG (Surface Action Reino Unido, para um dia de descanso (Domingo). A 4 de Outubro,
Group), com a “Corte Real” actuando como SAG Commander, para realizou-se mais um Sail Past, mas agora com um sabor diferente,
seguir a TG anglo-espanhola, o Carrier Battle Group liderado pelo pois as despedidas eram devidas à “Corte Real”. As despedidas foram
porta-aviões HMS “Illustrious”, e assim manter aquela força localizada. bastante entusiásticas por parte dos navios da Força, deixando bem
expressa a amizade e a camaradagem construída ao
longo dos 6 meses de comissão entre a “Corte Real” e
os outros navios, aliás como é apanágio das unidades
navais da Briosa. Nesse mesmo dia ao fim da tarde, a
Corte Real desintegrou da SNFL e rumou ao tão auspi-
ciado rumo 240, em direcção à saudosa Lisboa.
No dia 7 de Outubro, pela manhã, a “Corte Real”
atracou na Base Naval de Lisboa após prolongada mis-
são na SNFL. A bordo a ansiedade era enorme, passa-
dos que foram 6 longos meses de ausência, totalizando
cerca de 8 meses fora da BNL desde o início do ano. No
cais, as famílias esperavam, mais uma vez, mas desta
feita com um sentimento de alívio pois esta missão cul-
minava um longo período de actividade operacional do
navio, que havia sido iniciado em Novembro de 1997.
A “Corte Real” esteve integrada na SNFL cerca de 6
meses (4362 horas de missão), tendo navegado 2341
horas (taxa de navegação de 54%), percorrido 28268
milhas náuticas e praticado 21 portos e 8 fundeadouros.
O T-Rex efectuou 127 missões, tendo voado cerca de
220 horas.
Mais uma vez, a missão foi cumprida!
Passagem da força no canal de Kiel.
(Foto: 1MAR A Laranjeira) (Colaboração do N.R.P. “Corte Real”)
REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 2000 15