Page 10 - Revista da Armada
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Participação da Marinha no
                     Participação da Marinha no

                     Exercício UNIFIED BLADE 02
                      Exercício UNIFIED BLADE 02




             ntre 9 e 20 de Setembro decorreu no  apontavam eventuais falhas. Procurou-se  No mesmo dia foi efectuado um jantar de
             concelho de Beja o exercício UNIFIED  que estes fossem realizados em ambientes  boas vindas destinado a promover o con-
        EBLADE 02. Trata-se de um exercício  discretos e com uma certa privacidade,  vívio entre os participantes (Ice Break
         da NATO, no âmbito do SHAPE (Supreme  embora sem o secretismo tradicional-  Dinner).
         Headquarters Allied Powers in Europe), desti-  mente encenado nos filmes de espio-  O dia 10 foi reservado para efectuar
         nado ao treino da recolha de informações  nagem (actividade muitas vezes confundi-  reconhecimentos e o dia 11 para ultimar o
         num teatro de operações, recorrendo ao  da com a HUMINT, mas que raramente se  treino das equipas, assim como para esta-
         elemento humano (actividade designada  inclui entre os seus métodos). Durante  belecer os primeiros contactos telefónicos
         por HUMINT – Human Intelligence). Foi,  todo o exercício os participantes fizeram  com os role players.
         este ano, na sua quarta edição, realizado  uso de traje civil, tendo sido utilizados  O exercício foi interrompido no dia 15
         pela primeira vez em Portugal, tendo con-  uniformes camuflados apenas nas situa-  (Domingo), para descanso dos partici-
         tado com a participação de vários países-  ções em que os role players “simulavam”  pantes, tendo sido organizado um passeio
         -membro da Aliança (17), num total de  pessoal militar ou pertencente a forças  turístico a Évora e a Monsaraz.
         cerca de 200 participantes, que ficaram  policiais. É de referir, no entanto, que, em  No dia 17 (VIP Day) a área do exercício
         alojados nas instalações da Base Aérea  situações reais, nos teatros de operações  foi visitada por Oficiais Generais e
         nº 11. A delegação nacional contou com 21  mais recentes, os operadores privilegiam o  Superiores estrangeiros, pelos represen-
         elementos dos 3 Ramos das                                                        tantes dos Ramos e dos
         Forças Armadas, dos quais                                                        comandos das unidades ou
         4 da Marinha e 5 da Força                                                        organismos que forneceram
         Aérea, sendo os restantes                                                        os participantes, tendo estes
         do Exército. Estes 21 ele-                                                       tido a oportunidade de ver
         mentos estavam divididos                                                         as equipas em acção no ter-
         por duas áreas: Operacional                                                      reno. A Marinha foi repre-
         (onde estavam incluídos                                                          sentada pelo Chefe da
         todos os representantes da                                                       Divisão de Informações do
         Marinha) e Administra-                                                           EMA, CMG Malaquias
         ção/Logística.                                                                   Pereira
           Para o efeito foi criado                                                         O exercício foi encerrado
         um cenário semelhante ao                                                         no dia 19 com um jantar de
         de algumas operações de                                                          convívio, tendo as dele-
         apoio à paz em curso (como                                                       gações presentes iniciado o
         são os casos da Bósnia e do                                                      seu regresso no dia 20. Para
         Kosovo), em que alguns  Participantes da Marinha.                                trás ficavam duas semanas
         participantes (role players),                                                    de proveitosa experiência,
         simulando personalidades locais com  uso de uniforme e que alguns países  mas também de agradável confraterniza-
         interesse para a recolha de informações,  chegam mesmo a proibir os seus militares  ção internacional. Como país anfitrião,
         eram contactados e entrevistados por  de actuar à civil, escrúpulo que se justifica  Portugal deixou uma imagem ampla-
         equipas de dois operadores, equipas essas  pela eventual aplicação da Convenção de  mente positiva (muitos participantes per-
         distribuídas por 4 destacamentos, por sua  Genebra para os prisioneiros de guerra.  guntaram se podiam voltar no ano
         vez integrados na estrutura de HUMINT  A delegação da Marinha no exercício foi  seguinte).
         no terreno. Nesta edição do exercício, o  constituída por quatro oficiais, todos  Para a Marinha é de fundamental im-
         esforço de recolha centrou-se no campo da  recentemente habilitados com o Curso de  portância continuar a apostar neste tipo de
         Contra-Informação (CI), nomeadamente  Operações de HUMINT ministrado no  operações, não só pelo facto de ser fre-
         no âmbito da protecção da força contra  Batalhão de Informações e Segurança  quente a integração de unidades de fuzi-
         actividades de terrorismo, espionagem,  Militar (BISM), na Trafaria: 1TEN Moreira  leiros em forças terrestres conjuntas, mas
         sabotagem, subversão e crime organizado.  Silva (Grupo nº2 de Escolas da Armada –  também pela necessidade de, em comis-
         Ao staff de HUMINT (J2X) competiu com-  Escola de Comunicações), 1TEN FZ  sões no estrangeiro ou a bordo dos navios
         pilar e processar a informação angariada  Fernandes Gil (Comando do Corpo de  de guerra fora dos espaços marítimos
         pelos operadores, assim como planear e  Fuzileiros – Companhia de Apoio de  nacionais (exemplos ilustrativos foram as
         dirigir a sua acção.               Fogos), 2TEN SEC Vieira Serra (Centro de  missões na Guiné-Bissau e em Timor-
           Os encontros com os contactos (após  Guerra Electrónica) e GMAR FZ Jesus  -Leste), haver pessoal devidamente habili-
         combinação prévia, por telefone) decor-  Alves (Comando do Corpo de Fuzileiros –  tado a recolher informações de carácter
         riam em cafés ou outros locais públicos da  Companhia de Apoio de Fogos)  operacional ou estratégico. Se Informação
         cidade de Beja ou de outras localidades  O 1TEN Fernandes Gil foi integrado  significa Poder, é dever da Marinha dar o
         nas redondezas (também foram levadas a  numa das equipas de operadores de  seu contributo a um maior protagonismo
         cabo algumas entrevistas nas instalações  HUMINT, enquanto os restantes oficiais  do nosso País na Cena Internacional.
         da Base), sempre sob o olhar atento de  participaram como role players.
         observadores/controladores que, no final  O exercício iniciou-se oficialmente no            J. Moreira Silva
         do encontro, informavam os participantes  dia 9, com um briefing geral aos partici-                 1TEN
         sobre a qualidade do seu desempenho e  pantes e reuniões sectoriais por equipas.   (Foto de 1TEN FZ Fernandes Gil)

         8 JANEIRO 2003 • REVISTA DA ARMADA
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