Page 123 - Revista da Armada

Os novos navios americanos estão a utilizar redes sem fios para lizador, bem como a lista dos recursos disponíveis é guardada
monitorizarem os mais diversos equipamentos eléctricos e mecâ- num serviço de directório do tipo “active directory”. Quando
nicos de bordo e assim poderem diminuir o número de elemen- um utilizador se liga numa rede é validado no serviço de di-
tos da guarnição. A US Navy pretende assim reduzir de 300 para rectório que lhe fornece as credenciais necessárias para entrar
90 o número de elementos a bordo. Actualmente o USS Howard, nos recursos a que pode aceder. Desta forma, quando um utili-
um destroyer de mísseis guiados, que iniciou a comissão em 2001, zador se liga tem de imediato acesso às suas pastas pessoais e
está utilizar várias redes WLAN 802.11b com os dados cifrados à sua caixa de correio sem ter de introduzir novos login’s. Esta
com 3DES (Triple Data Encryption Standard) e AES (Advanced filosofia de funcionamento permite que os computadores não
Encryption Standard). sejam pessoais e facilita a mobilidade. Todo o parque informá-
tico disperso por várias redes locais e o respectivo software é
Em terra, a U.S. Military Academy em West Point está a usar controlado centralmente.
uma rede sem fios 802.11a, a 54Mbps, para criar salas de aula mais
interactivas, em que os cadetes participam interactivamente. A ligação à Internet é para muitas empresas um risco mas tam-
bém uma necessidade. A segurança é fundamental. A segurança
Em Portugal há já várias redes locais sem fios e acredita-se é hoje garantida por firewalls de diversos tipos e fabricantes, que
que em 2003 o crescimento seja da ordem dos 60%. Existem bloqueiam determinado tráfego com base em regras previamente
todos os equipamentos necessários às suas implementações definidas, sistemas de detecção de intrusões (IDS) que com base
mas ainda há alguma desconfiança em relação à segurança a padrões pré-definidos reconhecem determinados ataques, sis-
das ligações. temas para gerir a largura de banda disponível por forma a que
não haja determinados utilizadores ou aplicações a
usarem a maior parte da largura de banda quando há
outros serviços mais prioritários a necessitarem dela.
Um banco tem de disponibilizar o acesso via Internet
aos seus clientes mas não quer dizer que disponibili-
ze aos seus empregados o acesso à Internet. O mais
provável é os empregados terem contas de correio que
recebem correio da Internet, que é verificado em ter-
mos de vírus, sendo passado da rede Interna para a
Internet, através de sistemas de mailrelay que isolam
a ligação em tempo real.

Do ponto de vista dos sistemas de informação,
fala-se cada vez mais em adaptar as organizações
a sistemas de informação comerciais preconcebidos.
Estes sistemas do tipo SAP incorporam as funciona-
lidades necessárias a uma empresa e é ela que tem
de se adaptar à sua configuração. O desenvolvimen-
to de soluções à medida é muito dispendioso e tem
problemas de longevidade. Nos últimos anos, fala-
-se também muito de “datamining” que consiste em
correlacionar as informações existentes nas bases de
dados para suporte à decisão a determinadas estra-
tégias, especialmente económicas.
O USS Howard e um navio virtual da mesma classe.
Os sistemas de workflow (gestão de processos) es-
É provável que esta tecnologia venha a ser usada nos nossos na- tão na base do funcionamento de muitas empresas. Tudo é digita-
vios, quer na Base Naval quer mesmo no mar. O N.R.P. “D. Carlos I” lizado e o arquivo de papel é enviado para armazéns na periferia
usou este tipo de tecnologia no Linked Seas 2000 para receber dados onde o espaço é mais barato. Os sistemas de workflow liquidaram
oceanográficos de outros navios oceanográficos e depois os enviar a assinatura no papel substituindo-a por assinaturas electrónicas.
via satélite para o centro de fusão de La Spezia, em Itália. Em ter- A passagem dos papéis para a rede permitiu diminuir os ciclos de
ra este tipo de tecnologia terá também muito uso em situações que decisão de dias para horas.
exigem mobilidade, por exemplo nos fuzileiros, nos armazéns da
Direcção de Abastecimento, no Arsenal do Alfeite, etc. É fácil ima- CONSIDERAÇÕES FINAIS
ginar uma equipa de inspecção da Flotilha equipada com compu-
tadores de bolso a realizarem uma inspecção a um navio, enviarem A Marinha está a desenvolver a sua Capacidade de Comando
as suas check lists pela rede sem fios da BNL, que são consolidados e Controlo e para isso precisa de funcionar em rede. Neste senti-
numa aplicação da Flotilha que gera um relatório que rapidamen- do muito já foi feito e muito terá de continuar a ser feito. O futuro
te chega ao navio usando as facilidades de rede do navio ligadas à reserva-nos certamente melhorias significativas na forma como de-
rede de dados da Marinha. sempenhamos o nosso trabalho, os actuais ciclos de decisão passa-
rão de dias para horas e de minutos para segundos.
As grandes empresas estão a adoptar políticas de seguran-
ça rigorosas para proteger os seus recursos informáticos. Uti- As novas tecnologias prometem muito, mas a sua implementação
lizam sistemas operativos que permitem a administração de é sempre mais difícil do que o que se prevê. Não podemos evitar a
recursos remotamente a partir de um centro de administração tecnologia, mas devemos ter sempre em mente que precisamos de
de sistemas e “help desk”. Estes sistemas operativos, Windo- soluções simples para os problemas complexos.
ws 2000 ou XP, permitem a instalação remota de software e de Z
protecções antivírus, assim como asseguram que os utilizadores A. Dias Correia
não conseguem instalar programas e aceder a recursos ilícitos CTEN
na rede. Esta lista de permissões, ou perfil informático do uti- dias.correia@marinha.pt
REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2003 13