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A REDE DE COMANDO E CONTROLO OPERACIONAL realizar exercícios internacionais do tipo “war game simulation”, com
os navios atracados nas respectivas bases navais.
O exercício do comando faz-se cada vez mais num nível estraté-
gico e integrado. A condução de missões, devido ao seu impacte na O SICOM, A RTM, A RCDM, O MMHS E A INTERNET
opinião pública pode, a um dado momento, obrigar a que o emprego
táctico dos meios no terreno obedeça a uma estratégia coordenada O Plano de Desenvolvimento do SICOM, iniciado em 1992 e apro-
num nível muito superior, muitas vezes ao nível político. Neste ní- vado em CCEM em Maio de 1993, sintetiza um longo percurso na
vel superior, para que sejam tomadas as decisões mais correctas, é pesquisa da melhor solução para dotar as Forças Armadas de uma
preciso reunir as mais diversas informações de prontidão das forças, infra-estrutura de comunicações avançada, de apoio ao comando
de logística, de intelligence, de meteorologia, do terreno, da política, e controlo operacional, com elevados níveis de segurança e sobre-
da posição do opositor, etc. Esta informação constituí aquilo a que vivência, tendendo para as características das Redes Digitais com
podemos chamar Panorama Operacional Identificado, ou seja, in- Integração de Serviços (RDIS). O SICOM é uma infra-estrutura de
formação necessária à tomada da decisão. O papel
da rede de Comando e Controlo Operacional é a
concentração de toda esta informação.
No âmbito operacional, o Maritime Command and
Control Information System (MCCIS) é actualmente
o melhor exemplo de um Sistema de Informação
de Comando e Controlo operacional. Este sistema
proporciona capacidades acrescidas para o exer-
cício do C2 (Comando e Controlo) sobre forças e
unidades navais em operações no mar, possibili-
tando a sua rápida reacção às alterações na dis-
ponibilidade dos meios, no evoluir da missão, e
nas prioridades da mesma. Consequentemente,
promove condições para o exercício efectivo do
C2 Naval Integrado entre o comando em terra e
os comandos e forças destacadas em áreas de ope-
rações remotas. Este sistema NATO é classificado
e não se destina ao emprego táctico dos meios,
como por exemplo o Link11, mas sim a permitir
uma visão operacional do teatro de operações.
Este sistema permite a interligação dos diversos
intervenientes no processo de decisão do coman-
do operacional, os quais, mediante o recurso às
infra-estruturas de transporte da informação (i.e.
estações radionavais e comunicações por satélite),
estabelecem a necessária unidade de comando en-
tre o Quartel -General em terra e o comando em-
barcado e entre este e as unidades subordinadas,
através de um conjunto de sub-sistemas funcio-
nais que apoiam o processo de decisão. A este sis-
tema NATO têm acesso actualmente o Comando
Naval, os navios da classe Vasco da Gama, e em
breve também a Esquadrilha de Submarinos e o Alguns sistemas existentes na WAN da Marinha.
Centro de Guerra Electrónica terão acesso. Estas
unidades constituem o embrião da rede de Comando e Controlo comunicações, que disponibiliza canais de comunicação, entre as
Operacional da Marinha. principais unidades militares dos três ramos das Forças Armadas,
Em operações navais a ligação de sistemas de comando e contro- de norte a sul e para as ilhas. Este projecto ainda não está concluí-
lo entre navios sem linha de vista é assegurada através de sistemas do, por exemplo na região de Lisboa falta todo o anel da margem
de comunicações em HF ou por satélite. Contudo, quando os na- sul que permitirá a ligação à Base Naval de Lisboa.
vios se encontram atracados, as restrições à utilização de sistemas
de SATCOM ou HF, devido a manutenção dos sistemas, fainas de A Marinha tem três grandes centrais telefónicas que servem as
munições ou outras limitações de índole de compatibilidade elec- Instalações Centrais da Marinha, a Base Naval e o G2EA. Existem
tromagnética, limitam severamente a capacidade dos comandos se depois centrais telefónicas de menor dimensão nas outras unida-
manterem ligados às forças que integram ou às autoridades ope- des mais isoladas. Estas centrais disponibilizam circuitos de voz
racionais. Os navios atracados tornam-se desta forma incapazes analógicos e digitais RDIS.
de obter informações tácticas, como a Common Operational Picture
(COP), ou de se ligar a sensores não orgânicos. Assim, está em curso A WAN (Wide Area Network) da Marinha, conhecida por RCDM,
o projecto “In-Port Communications” para proporcionar aos navios serve actualmente mais de 2000 utilizadores ligados através de meia
NATO atracados o acesso a sistemas de informação sediados em centena de redes locais e de acessos comutados através da Rede Te-
terra, designadamente à NATO’s General Purpose Segment Commu- lefónica da Marinha. A RCDM utiliza a mesma infra-estrutura física,
nications System (NGCS) que lhes permita planear, coordenar e con- circuitos próprios da Marinha ou do SICOM, que interliga as cen-
trolar operações militares. No âmbito deste projecto está prevista a trais telefónicas. Esta rede tem um nó central onde estão ligados os
instalação de vários pontos de acesso em portos dos países mem- servidores (mainframe, servidor Web, servidor de email, servidor
bros, que possibilitarão o acesso a serviços tão variados como as co- do SIIF), as unidades do edifício da Administração Central da Ma-
municações por voz, videoconferência, correio electrónico, MMHS, rinha e os acessos via modem ou adaptador RDIS. Na Base Naval
acessos a intranets e Internet, etc, etc. Este conceito permitirá ainda de Lisboa e nas Instalações Navais de Alcântara existem nós de área
REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2003 11