Page 121 - Revista da Armada
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A REDE DE COMANDO E CONTROLO OPERACIONAL             realizar exercícios internacionais do tipo “war game simulation”, com
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           O exercício do comando faz-se cada vez mais num nível estraté-
         gico e integrado. A condução de missões, devido ao seu impacte na   O SICOM, A RTM, A RCDM, O MMHS E A INTERNET
         opinião pública pode, a um dado momento, obrigar a que o emprego
         táctico dos meios no terreno obedeça a uma estratégia coordenada   O Plano de Desenvolvimento do SICOM, iniciado em 1992 e apro-
         num nível muito superior, muitas vezes ao nível político. Neste ní-  vado em CCEM em Maio de 1993, sintetiza um longo percurso na
         vel superior, para que sejam tomadas as decisões mais correctas, é  pesquisa da melhor solução para dotar as Forças Armadas de uma
         preciso reunir as mais diversas informações de prontidão das forças,  infra-estrutura de comunicações avançada, de apoio ao comando
         de logística, de intelligence, de meteorologia, do terreno, da política,  e controlo operacional, com elevados níveis de segurança e sobre-
         da posição do opositor, etc. Esta informação constituí aquilo a que  vivência, tendendo para as características das Redes Digitais com
         podemos chamar Panorama Operacional Identificado, ou seja, in-  Integração de Serviços (RDIS). O SICOM é uma infra-estrutura de
         formação necessária à tomada da decisão. O papel
         da rede de Comando e Controlo Operacional é a
         concentração de toda esta informação.

           No âmbito operacional, o Maritime Command and
         Control Information System (MCCIS) é actualmente
         o melhor exemplo de um Sistema de Informação
         de Comando e Controlo operacional. Este sistema
         proporciona capacidades acrescidas para o exer-
         cício do C2 (Comando e Controlo) sobre forças e
         unidades navais em operações no mar, possibili-
         tando a sua rápida reacção às alterações na dis-
         ponibilidade dos meios, no evoluir da missão, e
         nas prioridades da mesma. Consequentemente,
         promove condições para o exercício efectivo do
         C2 Naval Integrado entre o comando em terra e
         os comandos e forças destacadas em áreas de ope-
         rações remotas. Este sistema NATO é classificado
         e não se destina ao emprego táctico dos meios,
         como por exemplo o Link11, mas sim a permitir
         uma visão operacional do teatro de operações.
         Este sistema permite a interligação dos diversos
         intervenientes no processo de decisão do coman-
         do operacional, os quais, mediante o recurso às
         infra-estruturas de transporte da informação (i.e.
         estações radionavais e comunicações por satélite),
         estabelecem a necessária unidade de comando en-
         tre o Quartel -General em terra e o comando em-
         barcado e entre este e as unidades subordinadas,
         através de um conjunto de sub-sistemas funcio-
         nais que apoiam o processo de decisão. A este sis-
         tema NATO têm acesso actualmente o Comando
         Naval, os navios da classe Vasco da Gama, e em
         breve também a Esquadrilha de Submarinos e o   Alguns sistemas existentes na WAN da Marinha.
         Centro de Guerra Electrónica terão acesso. Estas
         unidades constituem o embrião da rede de Comando e Controlo  comunicações, que disponibiliza canais de comunicação, entre as
         Operacional da Marinha.                              principais unidades militares dos três ramos das Forças Armadas,
           Em operações navais a ligação de sistemas de comando e contro-  de norte a sul e para as ilhas. Este projecto ainda não está concluí-
         lo entre navios sem linha de vista é assegurada através de sistemas  do, por exemplo na região de Lisboa falta todo o anel da margem
         de comunicações em HF ou por satélite. Contudo, quando os na-  sul que permitirá a ligação à Base Naval de Lisboa.
         vios se encontram atracados, as restrições à utilização de sistemas
         de SATCOM ou HF, devido a manutenção dos sistemas, fainas de   A Marinha tem três grandes centrais telefónicas que servem as
         munições ou outras limitações de índole de compatibilidade elec-  Instalações Centrais da Marinha, a Base Naval e o G2EA. Existem
         tromagnética, limitam severamente a capacidade dos comandos se  depois centrais telefónicas de menor dimensão nas outras unida-
         manterem ligados às forças que integram ou às autoridades ope-  des mais isoladas. Estas centrais disponibilizam circuitos de voz
         racionais. Os navios atracados tornam-se desta forma incapazes  analógicos e digitais RDIS.
         de obter informações tácticas, como a Common Operational Picture
         (COP), ou de se ligar a sensores não orgânicos. Assim, está em curso   A WAN (Wide Area Network) da Marinha, conhecida por RCDM,
         o projecto “In-Port Communications” para proporcionar aos navios  serve actualmente mais de 2000 utilizadores ligados através de meia
         NATO atracados o acesso a sistemas de informação sediados em  centena de redes locais e de acessos comutados através da Rede Te-
         terra, designadamente à NATO’s General Purpose Segment Commu-  lefónica da Marinha. A RCDM utiliza a mesma infra-estrutura física,
         nications System (NGCS) que lhes permita planear, coordenar e con-  circuitos próprios da Marinha ou do SICOM, que interliga as cen-
         trolar operações militares. No âmbito deste projecto está prevista a  trais telefónicas. Esta rede tem um nó central onde estão ligados os
         instalação de vários pontos de acesso em portos dos países mem-  servidores (mainframe, servidor Web, servidor de email, servidor
         bros, que possibilitarão o acesso a serviços tão variados como as co-  do SIIF), as unidades do edifício da Administração Central da Ma-
         municações por voz, videoconferência, correio electrónico, MMHS,  rinha e os acessos via modem ou adaptador RDIS. Na Base Naval
         acessos a intranets e Internet, etc, etc. Este conceito permitirá ainda  de Lisboa e nas Instalações Navais de Alcântara existem nós de área
                                                                                       REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2003  11
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