Page 10 - Revista da Armada
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Companhia de Fuzileiros N°22 por
Companhia de Fuzileiros N°22 por
Terras do Sol Nascente
Terras do Sol Nascente
retendemos com este apontamento, como mente útil para conhecimento
já vem sendo tradicional desde o inicio e interligação das unidades, da
Pda presença dos fuzileiros em Timor Leste, situação geral e de alguns aspec-
relatar o percurso desta Companhia no âmbito tos relativos à área de operações
da sua formação, aprontamento e desempenho de cada sub-unidade. Destaque-
da missão propriamente dita. Procuramos ainda -se também os elevados índices
apontar as condições de vida, de trabalho e de de motivação, profissionalismo
lazer destes militares a 16.000Kms das suas ca- e dedicação demonstrados pelos
sas e dos seus familiares e igualmente as motiva- elementos da CF22, durante este
ções, os objectivos, a rotina e os momentos úni- período, facto que mereceu elo-
cos que por aqui eles vivem, perante a população gios por parte de quem nos acom-
local, com as sua forma de estar, as suas angus- panhou nomeadamente do Co-
tias, o seu passado, a sua cultura, a forma como mando do Agrupamento.
nos olham aliada às esperanças que depositam
no apoio que prestamos, relembrando os laços A DESLOCAÇÃO
com Portugal e principalmente o significado da PARA O TEATRO DE OPERAÇÕES A unidade situa-se fisicamente nas instalações
palavra Liberdade. do Aeroporto de Baucau, a segunda cidade de
Esta foi emocionalmente a fase mais marcante. Timor Leste, sensivelmente a 500 metros de al-
O APRONTAMENTO É o momento de despedida das famílias e amigos, titude num planalto com agradáveis condições
aliado à incerteza e à expectativa para o futuro pró- climatéricas, daí chamada em tempos passados
Como já acontece desde 2000, o Corpo de Fu- ximo, com os riscos que se terão de enfrentar. A a Sintra de Timor.
zileiros integra a missão de manutenção de paz em CF22 foi deslocada para Timor Leste em três levas, No dia 25 de Ju1ho a CF22 assumiu a res-
Timor Leste, com uma Companhia do Batalhão sendo a primeira viagem aérea efectuada no dia ponsabilidade por todo o distrito de Baucau e
de Fuzileiros n.º 2. Desta vez a missão foi atribuí- 12 de Julho e a última a 26 do mesmo mês. Viqueque. Uma área imensa equivalente a 18%
da à CF22. Assim, a 7ª Força FZ Timor começou do território total do país.
a ganhar forma nos primeiros meses do presente O TEATRO DE OPERAÇÕES A 7ª Força FZ Timor começou então a pre-
ano com as sucessivas integrações de pessoal pro- parar, planear, gerir e executar as suas missões
venientes das mais diversas unidades do Corpo de Os primeiros dias após uma longa viagem e o seu dia a dia.
Fuzileiros e de diferentes especialidades. são sempre os mais complicados e como é ób-
No mês de Março passado, estava a Compa- vio não se fugiu à regra. O efeito diferença de AS PATRULHAS
nhia com o seu efectivo compreendendo 6 Ofi- fusos, o denominado jet-leg prega as suas parti-
ciais, 19 Sargentos e 125 praças sob o comando das e assim foram vulgares algumas noites sem As patrulhas, efectuadas diariamente, são por
do 1TEN FZ José Eduardo Pinto Conde, tendo dormir e dias de grande fadiga. excelência a melhor forma de percepção da rea-
na ocasião sido realizados alguns exercícios de Após uma rápida adaptação horária, o traba- lidade. Pretende-se nesta actividade chegar não
aprontamento, ainda no Corpo de Fuzileiros. lho começou já que a CF21, unidade que fomos só aos locais próximos, mas também aos mais
A segunda parte desta fase de preparação teve render, estava ansiosa por passar o serviço e re- inacessíveis e desconhecidos, acabando os nos-
lugar em Chaves, no Regimento de Infantaria gressar a Portugal. Claro que antes da rendição sos militares, algumas vezes, por verificar que os
19, já com a CF22 integrada no Agrupamento houve lugar para uma recepção à boa maneira respectivos habitantes nunca tiveram qualquer
Foxtrot. Esta designação foi atribuída à unidade da CF21 e tempo para por alguns assuntos de contacto com membros das forças de manuten-
de escalão batalhão comandada pelo Tenente- interesse em dia. ção de paz ou de outras organizações.
-Coronel de Infantaria Carabau Brás, e composta Depois foi o período de conhecer a unidade, São momentos únicos originados não só pela
por um estado-maior conjunto, três companhias o nosso lar para os próximos tempos e tentar já incrível beleza natural desta terra, mas também
de manobra (CF22, uma Companhia de Atrira- delinear certas adaptações para que todos se pelo convívio com a população, quando peque-
dores e um Esquadrão de Reconhecimento) e sintam mais em casa. nos apoios da nossa parte são encarados como
uma companhia de apoio com dife- grandes ajudas.
rentes módulos técnicos. Apesar de ser mais importante
Esta segunda parte de treino durou para a missão que efectuamos mo-
cerca e três meses e incluiu apronta- nitorizar as questões que se prendem
mento sanitário, preparação individual com segurança e as dificuldades e
e conjunta das unidades, análises do neces sidades da população, é con-
teatro de operações e alguns exercí- tudo mais reconfortante e motivador
cios práticos tendo pôr base cenários observar a expressão duma criança a
o mais próximo possível daqueles que quem é tratada uma ferida ou doen-
se iria encontrar em Timor. Foi também ça, a quem se oferece um pequeno
nesta fase que a 7ª Força FZ Timor fi- brinquedo, a quem se dá algo para
cou completa, registando-se na oca- comer ou simplesmente com quem
sião a integração de 1 sargento e 2 se troca um sorriso. Aqui sim, reside
praças do Exército na equipa destinada a magia desta missão.
à confecção dos alimentos. Claro que, é também durante es-
Em termos gerais pode afirmar-se tas operações que se torna necessá-
que o aprontamento foi extrema- rio estar atento porque apesar de se
8 JANEIRO 2004 U REVISTA DA ARMADA