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Um dia no...
          Um dia no...


                     Instituto Hidrográfico - II
                     Instituto Hidrográfico - II



         Se os objectivos clássicos da Hidro-  derá ir fazer uma inspecção com resultados  rão actualizados em 2006. Isto, porque, como
         grafia, a produção de Cartas e Docu-  aceitáveis até aos 30 metros mas apenas por  já se disse, mantemos, perante a Organiza-
         mentos náuticos oficiais necessários à   escassos minutos o que a maior profundidade  ção Internacional Hidrográfica, em relação
                                            torna imperativo o uso de outros meios, como  a África, os mesmos compromissos de antes
         segurança no mar, se esgotavam aqui,  ocorreu num Exercício Naval em que um dos  do 25 de Abril.
         a verdade é que outras questões se fo-  nossos submarinos simulou o seu afundamento   Embora o Instituto, em termos de estudos da
         ram perfilando e a busca de respostas   a 50 m e, a fim de se resgatar a sua guarnição,  Ondulação (a vaga e a ondulação (5)) não te-
                                                                               nha nem responsabilidades nacionais nem os
                                            se teve de recorrer a um ROV para inspeccio-
         cabais acabou por autonomizar, quer   nar o seu casco.                meios financeiros necessários, possui a capa-
         pelo seu aprofundamento, quer pela   Estes, sucintamente, alguns dos aspectos mi-  cidade de responder a solicitações exteriores,
         ampliação dos inerentes estudos, ma-  litares que levou ao desenvolvimento do estudo  em regime de parceria. Tal ocorre com os por-
         térias que se consideravam satisfato-  da própria Massa Líquida, isto é, a Oceanogra-  tos de Leixões, Sines e Faro, no Continente, e
                                            fia, constituída em Divisão do IH desde 1969.
                                                                               com a Junta Autónoma da Madeira (Funchal e
         riamente cobertas. Um desses domí-   Com carácter eminentemente civil temos o  Caniçal), fornecendo-lhes a Agitação Marítima,
         nios é o da Oceanografia.           problema das marés que os gregos vieram des-  a partir de bóias Ondógrafos (uma por estação)
                                            cobrir na nossa costa (3). Este estudo tornou-se  on-line, via rádio e internet (páginas de Sines
         DIVISÃO DE OCEANOGRAFIA            público com a publicação das primeiras Tabe-  e www.hidrográfico.pt). Identicamente, existe
                                            las de Marés em 1946.              outra na Nazaré, de uma empresa privada, que
           Assim, às rudimentares sondagens batitermo-  Hoje, fixos, dispomos de sete marégrafos no  também recorre aos serviços da Secção.
         gráficas, em quadrícula, que nos anos sessenta,  Continente, 4 nos Açores e apenas 1 na Madei-  A Onda Secular, da maior importância para
         no âmbito da NATO (1), se começaram a fazer  ra que veiculam a informação para o IH e vão  o dimensionamento de portos, como o da Praia
         para elaboração de cartas específicas de interes-  permitir, sempre que necessário, a actua lização  da Vitória (Ilha Terceira) (6), não havendo regis-
         se militar-naval, sucederam-se, a par de avanços  das constantes harmónicas de cada porto. Evi-  tos antigos, não é possível determiná-la com a
         tecnológicos, novas questões                                                       exactidão necessária.
         por eles próprios induzidos e,                                                      Por outro lado, o estudo
         hoje, neste campo, já se está                                                      do impacte ambiental em
         na fase de Modelação Acús-                                                         locais como a Lagoa de Óbi-
         tica, sem prejuízo das medi-                                                       dos (INAG) ou a Ria Formo-
         ções, quase instantâneas, que                                                      sa (Parque Natural), em Faro,
         os navios de superfície e até                                                      tem, a pedido,  ocupado ou-
         meios aéreos fazem.                                                                tra Secção, a de Monitoriza-
           O conhecimento da va-                                                            ção Ambiental.
         riação da temperatura com                                                           É, aliás, frequente mais do
         a profundidade é vital na                                                          que uma Secção da mesma
         luta anti-submarina pois, na                                                       Divisão, ou através das suas
         primeira camada em que                                                             Secções, várias Divisões ve-
         ocorrer uma brusca varia-                                                          rem-se envolvidas, num mes-
         ção, o feixe sonoro, emitido                                                       mo projecto.
         pelos Sonares, sofre uma in-                                                        É o caso dos projectos SA-
         flexão, positiva ou negativa,   Ria de Aveiro – Localização de estações de monitorização ambiental.  NEST (SANeamento básico
         que pode esconder o posi-                                                          da Costa do Estoril) e SIMRIA
         cionamento duma ameaça e assim, mais que  dentemente, no Depósito da Azinheira, exis-  (Saneamento básico da Ria de Aveiro) em que
         frustrar, pôr mesmo em perigo os escoltadores  tem marégrafos de campanha, que são usados  intervêm também a Divisão de Química e Po-
         e a protecção à unidade mais valiosa, navio  quando a Brigada Hidrográfica sai para traba-  luição Marinha e a de Geo logia Marinha.
         civil ou militar.                  lhos de campo.                       Na Foz do Guadiana o estudo foi feito antes e
           Na perspectiva da luta submarina, inversa-  Hoje, é a Secção de Marés quem também  depois da construção da Barragem do Alqueva,
         mente, a camada traduz-se na «invisibilida-  determina o valor (direcção e velocidade) das  também com eminente carácter de Serviço Pú-
         de» que faz dos submarinos a mais temida  Correntes de Maré, desde as barras aos cais,  blico não militar. No Tejo, o IH, como entidade
         das ameaças.                       que aparece nas cartas portuárias para facili-  subcontratada, monitoriza as descargas da fá-
           Assim, hoje, procura-se a previsão táctica, a 3  tar, em espaços exíguos, a manobra de gran-  brica da ValorSul (Tratamento de detritos).
         ou 4 dias, da profundidade e do tipo de camada   des navios.            Não é esse o caso das actividades das Secções
         numa zona onde se pretenda vir a operar, ou   Num dos gabinetes pudemos admirar, num  de Modelação e de Oceanografia Militar.
         simplesmente cruzar, com segurança, sem refe-  computador, um estudo de actualização, em   De facto a construção de Modelos Oceano-
         rir a barata e cada vez mais sofisticada Guerra  relação a um porto, que a sua responsável não  gráficos de correntes e de ondulação, nas nos-
         de Minas que pode utilizar submarinos lança-  quis adiar e que sairá na Tabela de Marés de  sas costas ou em qualquer ponto do Planeta,
         dores e que exige, como antídoto, plataformas  2005 que, por isso, está a ser enviada para a  têm na segunda o seu grande cliente, embora
         não magnéticas (Caça-minas ou draga-minas),  impressão com um atraso que nos fez ... sor-  no caso «Prestige», na previsão do alastramento
         utilizando ROVs ou Sonar Lateral, o que nos  rir (4), embora já tenham chegado as primeiras  do derrame de crude, tenha respondido a uma
         deixa, desde há alguns anos, particularmente  solicitações do estrangeiro.   solicitação para serviço público.
         vulneráveis (2).                     Moçambique, fruto de cooperação nesta   O reabastecimento no mar alto (RAS - Reple-
           Tenha-se presente que um mergulhador po-  área, já enviou dados dos seus portos que se-  nishment At Sea) de um navio ou força naval,

         14  JUNHO 2004 U REVISTA DA ARMADA
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