Page 196 - Revista da Armada
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Um dia no...
Um dia no...
Instituto Hidrográfico - II
Instituto Hidrográfico - II
Se os objectivos clássicos da Hidro- derá ir fazer uma inspecção com resultados rão actualizados em 2006. Isto, porque, como
grafia, a produção de Cartas e Docu- aceitáveis até aos 30 metros mas apenas por já se disse, mantemos, perante a Organiza-
mentos náuticos oficiais necessários à escassos minutos o que a maior profundidade ção Internacional Hidrográfica, em relação
torna imperativo o uso de outros meios, como a África, os mesmos compromissos de antes
segurança no mar, se esgotavam aqui, ocorreu num Exercício Naval em que um dos do 25 de Abril.
a verdade é que outras questões se fo- nossos submarinos simulou o seu afundamento Embora o Instituto, em termos de estudos da
ram perfilando e a busca de respostas a 50 m e, a fim de se resgatar a sua guarnição, Ondulação (a vaga e a ondulação (5)) não te-
nha nem responsabilidades nacionais nem os
se teve de recorrer a um ROV para inspeccio-
cabais acabou por autonomizar, quer nar o seu casco. meios financeiros necessários, possui a capa-
pelo seu aprofundamento, quer pela Estes, sucintamente, alguns dos aspectos mi- cidade de responder a solicitações exteriores,
ampliação dos inerentes estudos, ma- litares que levou ao desenvolvimento do estudo em regime de parceria. Tal ocorre com os por-
térias que se consideravam satisfato- da própria Massa Líquida, isto é, a Oceanogra- tos de Leixões, Sines e Faro, no Continente, e
fia, constituída em Divisão do IH desde 1969.
com a Junta Autónoma da Madeira (Funchal e
riamente cobertas. Um desses domí- Com carácter eminentemente civil temos o Caniçal), fornecendo-lhes a Agitação Marítima,
nios é o da Oceanografia. problema das marés que os gregos vieram des- a partir de bóias Ondógrafos (uma por estação)
cobrir na nossa costa (3). Este estudo tornou-se on-line, via rádio e internet (páginas de Sines
DIVISÃO DE OCEANOGRAFIA público com a publicação das primeiras Tabe- e www.hidrográfico.pt). Identicamente, existe
las de Marés em 1946. outra na Nazaré, de uma empresa privada, que
Assim, às rudimentares sondagens batitermo- Hoje, fixos, dispomos de sete marégrafos no também recorre aos serviços da Secção.
gráficas, em quadrícula, que nos anos sessenta, Continente, 4 nos Açores e apenas 1 na Madei- A Onda Secular, da maior importância para
no âmbito da NATO (1), se começaram a fazer ra que veiculam a informação para o IH e vão o dimensionamento de portos, como o da Praia
para elaboração de cartas específicas de interes- permitir, sempre que necessário, a actua lização da Vitória (Ilha Terceira) (6), não havendo regis-
se militar-naval, sucederam-se, a par de avanços das constantes harmónicas de cada porto. Evi- tos antigos, não é possível determiná-la com a
tecnológicos, novas questões exactidão necessária.
por eles próprios induzidos e, Por outro lado, o estudo
hoje, neste campo, já se está do impacte ambiental em
na fase de Modelação Acús- locais como a Lagoa de Óbi-
tica, sem prejuízo das medi- dos (INAG) ou a Ria Formo-
ções, quase instantâneas, que sa (Parque Natural), em Faro,
os navios de superfície e até tem, a pedido, ocupado ou-
meios aéreos fazem. tra Secção, a de Monitoriza-
O conhecimento da va- ção Ambiental.
riação da temperatura com É, aliás, frequente mais do
a profundidade é vital na que uma Secção da mesma
luta anti-submarina pois, na Divisão, ou através das suas
primeira camada em que Secções, várias Divisões ve-
ocorrer uma brusca varia- rem-se envolvidas, num mes-
ção, o feixe sonoro, emitido mo projecto.
pelos Sonares, sofre uma in- É o caso dos projectos SA-
flexão, positiva ou negativa, Ria de Aveiro – Localização de estações de monitorização ambiental. NEST (SANeamento básico
que pode esconder o posi- da Costa do Estoril) e SIMRIA
cionamento duma ameaça e assim, mais que dentemente, no Depósito da Azinheira, exis- (Saneamento básico da Ria de Aveiro) em que
frustrar, pôr mesmo em perigo os escoltadores tem marégrafos de campanha, que são usados intervêm também a Divisão de Química e Po-
e a protecção à unidade mais valiosa, navio quando a Brigada Hidrográfica sai para traba- luição Marinha e a de Geo logia Marinha.
civil ou militar. lhos de campo. Na Foz do Guadiana o estudo foi feito antes e
Na perspectiva da luta submarina, inversa- Hoje, é a Secção de Marés quem também depois da construção da Barragem do Alqueva,
mente, a camada traduz-se na «invisibilida- determina o valor (direcção e velocidade) das também com eminente carácter de Serviço Pú-
de» que faz dos submarinos a mais temida Correntes de Maré, desde as barras aos cais, blico não militar. No Tejo, o IH, como entidade
das ameaças. que aparece nas cartas portuárias para facili- subcontratada, monitoriza as descargas da fá-
Assim, hoje, procura-se a previsão táctica, a 3 tar, em espaços exíguos, a manobra de gran- brica da ValorSul (Tratamento de detritos).
ou 4 dias, da profundidade e do tipo de camada des navios. Não é esse o caso das actividades das Secções
numa zona onde se pretenda vir a operar, ou Num dos gabinetes pudemos admirar, num de Modelação e de Oceanografia Militar.
simplesmente cruzar, com segurança, sem refe- computador, um estudo de actualização, em De facto a construção de Modelos Oceano-
rir a barata e cada vez mais sofisticada Guerra relação a um porto, que a sua responsável não gráficos de correntes e de ondulação, nas nos-
de Minas que pode utilizar submarinos lança- quis adiar e que sairá na Tabela de Marés de sas costas ou em qualquer ponto do Planeta,
dores e que exige, como antídoto, plataformas 2005 que, por isso, está a ser enviada para a têm na segunda o seu grande cliente, embora
não magnéticas (Caça-minas ou draga-minas), impressão com um atraso que nos fez ... sor- no caso «Prestige», na previsão do alastramento
utilizando ROVs ou Sonar Lateral, o que nos rir (4), embora já tenham chegado as primeiras do derrame de crude, tenha respondido a uma
deixa, desde há alguns anos, particularmente solicitações do estrangeiro. solicitação para serviço público.
vulneráveis (2). Moçambique, fruto de cooperação nesta O reabastecimento no mar alto (RAS - Reple-
Tenha-se presente que um mergulhador po- área, já enviou dados dos seus portos que se- nishment At Sea) de um navio ou força naval,
14 JUNHO 2004 U REVISTA DA ARMADA