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Até porque este programa de reequipamento  paço oceânico 18 vezes superior ao nosso ter-  para a construção de dois navios de combate
         não acaba aqui: para além da construção dos Na-  ritório terrestre.   à poluição.
         vios Patrulha Oceânicos e dos Navios de Combate   Foi também por esta razão que em Setembro de   Quero nesta ocasião saudar muito vivamente
         à Poluição, o Governo adjudicará ainda aos Es-  2002, na Cimeira Mundial de Desenvolvimento  o empenhamento que foi colocado – mesmo do
         taleiros Navais de Viana do Castelo a construção  Sustentável que teve lugar em Joanesburgo, as-  ponto de vista pessoal – pelo senhor Ministro de
         do Navio Polivalente Logístico.    sumimos a questão dos oceanos como essencial,  Estado e da Defesa Nacional e pelo senhor Mi-
           Estamos pois a falar de um projecto que trará  afirmando-a como uma prioridade nacional para  nistro das Cidades, Ordenamento do Território
         um fortíssimo impulso para as empresas portu-  o Governo.             e Ambiente. A verdade é que na actividade dos
         guesas e para a indústria portuguesa:   Foi por perceber que o mar e os oceanos são  governos nem sempre estas duas áreas – defesa e
           –  para a indústria naval e todas as que lhe  de extremo interesse e de importância vital para  ambiente – aparecem de mãos dadas. É um caso
            estão directamen-                                                                    concreto em que as
            te associadas;                                                                       duas áreas podem fa-
           –  para os domínios                                                                   zer muito em conjun-
            da electrónica e                                                                     to. O ambiente também
            software, já que                                                                     é uma questão de defesa
            todos estes pro-                                                                     nacional. E os nossos
            gramas de no-                                                                        militares podem dar
            vas construções                                                                      também uma grande
            incorporarão                                                                         contribuição para essa
            equipamentos e                                                                       missão de interesse pú-
            tecnologia forne-                                                                    blico que é a defesa do
            cidos por empre-                                                                     nosso ambiente.
            sas nacionais.                                                                        O Governo decidiu
           Estas empresas                                                                        que, em vez de um na-
         têm-se distinguido                                                                      vio de combate à po-
         pela excelência do seu                                                                  luição e um navio ba-
         trabalho e pela sua ca-                                                                 lizador como chegou
         pacidade competitiva                                                                    a estar previsto, Por-
         no exigente merca-                                                                      tugal passasse a ter
         do internacional de                                                                     dois navios de comba-
         equipamentos de de-                                                                     te à poluição, embora
         fesa. São razões mais                                                                   com capacidade para
         do que suficientes, mais do que relevantes, para  um país como Portugal que o Governo criou, em  apoiar as tarefas de balizagem.
         a confiança que a Defesa Nacional vem deposi-  Julho do ano passado, a Comissão Estratégica   Os navios a construir, por portugueses e para
         tando nelas.                       dos Oceanos.                       a Marinha Portuguesa, estão também aptos a ser
           Assim, o investimento no reequipamento das   Relançar um debate nacional sobre os oceanos,  usados na busca e salvamento de pessoas, bem
         Forças Armadas representa uma excelente opor-  olhar o mar através de um prisma integrado, in-  como em complemento do dispositivo de patru-
         tunidade de crescimento e actualização da nossa  tersectorial e interdisciplinar e propor as linhas  lha e fiscalização levado a cabo pelos navios pa-
         indústria. E um excelente estímulo para a econo-  orientadoras de uma estratégia para o oceano  trulha oceânicos.
         mia portuguesa.                    e para as actividades marítimas, foram tarefas   Trata-se de um projecto de grande polivalência,
           Apesar de todas as dificuldades conjunturais  dessa Comissão que, muito brevemente, apre-  de um projecto adequado a uma Marinha moder-
         bem conhecidas, o Governo esteve e está sempre  sentará publicamente as primeiras conclusões  na, responsável por muitas missões. Como sabe-
         empenhado no apoio a este processo. Apesar dos  do seu trabalho.      mos, os nossos recursos são escassos. Em contra-
         sacrifícios e das dificuldades financeiras que o   Portugal tem que defender uma gestão susten-  partida, são grandes as nossas responsabilidades
         nosso país tem atravessado, o Governo não dei-  tada do espaço oceânico em geral e das zonas ma-  no mar. Precisamos de optimizar o que temos. A
         xou esmorecer a sua preocupação com o inves-  rítimas sob jurisdição nacional em particular.  solução mais eficiente é aquela que nos permita
         timento numa Marinha moderna e actuante e,   A nossa localização geográfica, a nossa po-  assegurar diferentes utilizações.
         naturalmente, numa indústria pujante ao seu  sição de passagem, as águas sob controlo e fis-  A modernização dos meios da Marinha Portu-
         serviço.                           calização nacional que são atravessadas diaria-  guesa para o combate à poluição vai continuar. É
           Trata-se de facto de um investimento muito  mente por um tráfego extremamente intenso de  uma preocupação permanente do Governo e do
         importante, este que hoje aqui de alguma forma  navios, obriga a um esforço acrescido de vigi-  Estado defender o território nacional dos efeitos
         celebramos.                        lância e de capacidade de resposta. Os riscos de  nocivos dessa poluição na costa, nos portos e estu-
           A verdade, minhas senhoras e meus senhores,  elevada poluição e de outros desastres marítimos  ários. Aumentou-se o investimento consagrado,
         é que o país, até por causa das suas condições  são constantes.       para este fim, na Lei de Programação Militar, quer
         geográficas, precisa muito da sua Marinha e do   Só com vigilância conseguiremos proteger  para a aquisição de mais e melhor equipamento,
         seu trabalho de fiscalização. Precisamos de reno-  os nossos recursos naturais e evitar a poluição  quer para que o Instituto Hidrográfico continue
         var essa capacidade, substituindo os meios para  marítima, desde os pequenos derrames até às  na vanguarda das tecnologias que permitem se-
         a patrulha e fiscalização que ultrapassaram o seu  grandes calamidades como o acidente do petro-  guir as manchas de poluição.
         tempo de vida útil e têm, por isso, custos dema-  leiro Prestige.       Minhas senhoras e meus senhores,
         siado elevados de manutenção e operação. Esses   É claro que nenhum Estado pode actuar sozi-  Este ano, permitam-me a alusão, a Marinha
         custos tornaram-se insustentáveis, prejudicando  nho na reacção a grandes calamidades. Vimo-lo,  está de parabéns, não uma, mas duas vezes.
         a operacionalidade da Marinha e levando à des-  aliás, no caso do Prestige. No entanto, é funda-  Não se trata apenas de assinalar o Dia da Ma-
         protecção de largos espaços marítimos sob juris-  mental que um país com uma exposição marítima  rinha. A assinatura deste contrato é um momento
         dição portuguesa.                  como Portugal, disponha de meios para intervir  alto da modernização da Marinha Portuguesa.
           O espaço marítimo sujeito a jurisdição nacio-  em primeira mão em caso de acidentes ocorridos   É pois um momento importante para Portugal,
         nal é o maior da União Europeia.   nas áreas de jurisdição nacionais, actuando a tem-  para o seu Oceano, para a sua Economia e para
           A extensão atlântica da nossa costa conti-  po de evitar a chegada às nossas costas de hidro-  a Defesa Nacional, a que eu como Primeiro-Mi-
         nental e o posicionamento dos arquipélagos  carbonetos derramados.    nistro, me associo com muito orgulho”.
         dos Açores e da Madeira confere-nos um es-  Por isso decidimos assinar um contrato                    Z
                                                                                        REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2004  9
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