Page 295 - Revista da Armada
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           ESTRATÉGIA NAVAL PORTUGUESA
            ESTRATÉGIA NAVAL PORTUGUESA


                              I. Documentação Estruturante



         1. INTRODUÇÃO                      pectivas linhas de materialização quanto a  b. CONTEÚDO
                                            pessoal, material, estruturas, sustentação,   O CEN define os princípios filosóficos
           A estratégia naval portuguesa exprime o   treino e doutrina. Todas elas visando as  que conferem lógica e coerência à acção da
         que a Marinha fará e como fará para cum-  operações. O estado de execução daque-  Marinha nos campos genético, estrutural e
         prir a sua missão. É explicitada através da   les objectivos será analisado quadrimes-  operacional. Depois de caracterizar os de-
         política naval, que assume forma pública na   tralmente pelo Conselho do Almirantado,  safios que se colocam à Marinha, deve evi-
         respectiva directiva (DPN), e da doutrina   com recurso à técnica “Balanced Score-  denciar a natureza dessa acção, indicar as
         estratégica naval, materializada pelo con-  card”, ou outra equivalente.  razões da sua adopção e definir os precei-
         ceito estratégico naval (CEN), pelas missões   A política naval de nível sectorial não é  tos de materialização segundo os domínios
         sectoriais (dos Órgãos Centrais de Adminis-  um elemento constitutivo da documenta-  do pessoal, do material, das estruturas, da
         tração e Direcção e equivalentes, doravan-  ção estruturante da estratégia naval por-  sustentação, do treino e da doutrina. O úl-
         te designados por Sectores da Marinha) e   tuguesa. A sua formulação cabe aos órgãos  timo CEN português foi concluído em fi-
         pelas directivas de planeamento genético,   de apoio dos responsáveis pelos Sectores  nais de 1988, pelo que carece de uma pro-
         estrutural e operacional. É com base nes-  da Marinha e é determinada por estas en-  funda revisão.
         te modelo teórico que caracterizamos um   tidades. Assume forma pública nas Direc-  As missões sectoriais fixam as orientações
         possivel método de elaboração da docu-  tivas Sectoriais, que aprofundam e par-  globais necessárias à actuação dos Secto-
         mentação estruturante da estratégia na-  ticularizam os objectivos e as linhas de  res da Marinha. Para isso, especificam ge-
         val portuguesa. Embora a maioria destes   materialização determinados na DPN.  nericamente as tarefas a realizar (objectivos
         documentos exista, a sua definição e ela-  Importa realçar que, tal como o nível su-  departamentais) e os propósitos a alcançar
         boração ocorreu em épocas diferentes, por   perior da política naval influencia o nível  (finalidades). Foram promulgadas pelo De-
         motivos distintos e sem uma conceptuali-  sectorial, definindo-lhe a estrutura e a di-  creto-Lei n.º 49/93, de 26 de Fevereiro, (Lei
         zação de conjunto. Em consequência, care-  recção, também aquele é condicionado  Orgânica da Marinha - LOMAR). A prática
         cem de adequada compatibilização e com-  pela política militar.       da última década mostrou a necessidade de
         plementarização, por forma a exprimirem                               alguns ajustamentos pontuais.
         uma visão harmonizada da estratégia na-                                 As directivas genética, estrutural e ope-
         val portuguesa.                    3. DOUTRINA  ESTRATÉGICA NAVAL     racional são documentos simples e breves,
                                            a. DEFINIÇÃO                       onde se estabelecem as medidas de con-
         2. POLÍTICA NAVAL                    A doutrina estratégica naval é promul-  duta nos seis domínios antes enunciados.
                                            gada pelo CEMA. Traduz como a Mari-  Implicam racionalização e calendarização.
           A política naval é determinada pelo Al-  nha fará para cumprir a sua missão, tendo  Colocam ênfase na evolução, na gestão da
         mirante Chefe do Estado-Maior da Arma-  presente a postura estratégica institucio-  mudança e num horizonte temporal que
         da (CEMA). Traduz o que a Marinha fará  nal. É definida pelo conjunto de princípios,  varia do curto ao longo prazo. Desta for-
         para cumprir a sua missão, tendo presen-  orientações e medidas segundo os quais  ma, proporcionam continuidade e direcção
         te as envolventes ambientais internas e ex-  os Sectores da Marinha devem regular as  à Marinha, através da definição de uma vi-
         ternas. Em concreto, reflecte o pensamento  suas acções genéticas, estruturais e opera-  são de futuro e de uma aproximação clara
         do decisor naval de mais alto nível, sobre o  cionais num horizonte que varia do curto  e objectiva à sua gestão, com os objectivos
         que é necessário e possível fazer com prio-  ao longo prazo.          e os prazos fundamentais para melhora-
         ridade durante o seu mandato (3 a 5 anos)   A doutrina estratégica naval não trata  mentos nos domínios do pessoal, do ma-
         nos diferentes Sectores da Marinha e com  do passado. Serve o presente e desvenda  terial, das estruturas, da sustentação, do
         os recursos disponíveis e previsíveis, vi-  caminhos para o futuro. Embora seja mais  treino e da doutrina. Convirá realçar, por
         sando os objectivos genéticos, estruturais  duradoura e menos susceptível a mudan-  um lado, que a doutrina estratégica mi-
         e operacionais de longo prazo. Existem dois  ças que a política naval, não é rígida nem  litar tem, relativamente às directivas em
         níveis fundamentais para a política naval:   inflexível. Na realidade, tem dinâmica e  apreciação, bem como à restante documen-
         um nível superior, vocacionado para o pla-  necessita de ser revista pelo EMA, sob  tação da doutrina estratégica naval, uma
         neamento das actividades de curto e médio  orientação do CEMA, em duas circunstân-  relação de determinação. Por outro lado,
         prazo da Marinha como um todo; um nível  cias distintas: sempre que se verifiquem al-  estas directivas articulam-se com a DPN
         sectorial, direccionado para o planeamento  terações fundamentais do ambiente estra-  de forma a originar um processo integra-
         e execução das actividades de curto e mé-  tégico, de forma a manter a utilidade e a  do de planeamento. Nele, os objectivos de
         dio prazo dos organismos que integram os  relevância suficientes para informar os de-  curto e médio prazo incluídos na DPN, são
         Sectores da Marinha.               bates acerca do futuro da Marinha e para  seleccionados pelo CEMA, em função da
           A política naval de nível superior é con-  guiar a instituição no seu desenvolvimen-  sua visão estratégica para a Marinha e da
         cebida pelo EMA e assume forma pública  to e no cumprimento da missão; quando  possibilidade de materialização durante o
         na DPN. Analisando a DPN 03(A) em vi-  as lições aprendidas sobre o emprego das  respectivo mandato, a partir das medidas
         gor, verifica-se que traduz a visão estraté-  capacidades da Marinha, face a determi-  definidas nas directivas genética, estrutu-
         gica do CEMA, evidenciando os objecti-  nadas envolventes ambientais internas e  ral e operacional. Em consequência, a mu-
         vos genéticos, estruturais e operacionais  externas, recomendam aperfeiçoamentos  dança resultante da concretização daque-
         prioritários para o seu mandato, e as res-  na forma como é cumprida a missão.  las medidas é progressiva e feita à custa da
                                                                                REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2004  5
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