Page 51 - Revista da Armada
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pelo ALM CEMA e a condecoração que lhe Nós trabalhamos nos Institutos Navais de
foi concedida. Guerra, lemos Mahan e Clausewitz, mas ainda Vice-Almirante António
Em seguida o VALM Ferraz Sacchetti pro- não conseguimos encontrar maneira de trans- Emílio de Almeida Azevedo
feriu uma breve alocução na qual apresentou formar isso em apoio ao processo de decisão. Barreto Ferraz Sacchetti
os agradecimentos de circunstância ao Conse- As academias e os institutos são órgãos
lho Académico, às entidades presentes e aos com finalidades muito próximas que, para
convidados e fez referência aos propósitos além do interesse académico, do seu contri- Foto António Sacchetti
que iriam orientar a sua acção. Da sua inter- buto para o nosso desenvolvimento cultural
venção, salientamos: e do prazer intelectual que nos proporcio-
“Julgo que teria sido Napoleão quem afir- nam, devem ser úteis, no nosso caso, cola-
mou que aqueles que recorrem a muitas cita- borando na resolução de alguns problemas
ções têm pouco de seu para transmitir. que a Marinha, o Governo ou o País possam
Mas como Napoleão nunca compreendeu ter que enfrentar.
o valor do poder naval de que dispunha e Por vezes poderá ser conveniente subs-
nem foi capaz de o utilizar, e como depois de tituir o debate do abstracto pelo tratamento
ganhar algumas batalhas acabou por perder dos problemas.
as guerras em que por duas vezes se envol- Julgo que o recente Simpósio especial que
veu, vou mesmo recorrer a nada menos de a Academia realizou sobre O Mar no Futuro
quatro citações para expor os objectivos fun- de Portugal foi um passo oportuno no senti-
damentais que me orientarão no exercício do do correcto. Nasceu em Aveiro e alistou-se na Armada
cargo que passo a desempenhar. A terceira citação, tirei-a de uma entrevis- em 1949.
A primeira citação é tirada da notável obra ta concedida pelo filósofo e ensaísta Edu- Fez várias comissões em África, num total de
do Comandante Saturnino Monteiro, Batalhas ardo Lourenço ao Diário de Notícias, em mais de 8 anos.
Serviu na NATO, no Estado-Maior do COMI-
e Combates da Marinha Portuguesa. 29 de Dezembro passado. Disse Eduardo BERLANT.
Ao narrar a grande batalha naval em que Lourenço: Entre os cursos que tirou salientam-se o Har-
D. Francisco de Almeida alcançou estrondosa Portugal... ainda espera muito que seja de fora bour Defence Course e o Nets and Booms Course,
vitória sobre as muito superiores forças navais que lhe continuem a solucionar os problemas. nos Estados Unidos e o Royal College of Defence
locais de Diu com forte apoio dos turcos, em 3 Sempre à espera que as soluções caiam do céu, o Studies (RCDS), em Londres, em 1979.
de Fevereiro de 1509, o Comandante Saturnino que é paradoxal num país que teve uma fase na No Instituto Superior Naval de Guerra foi, du-
Monteiro termina com o seguinte desabafo: sua história, talvez muito mitificada, em que não rante 9 anos, professor, director dos três Cursos Na-
vais de Guerra, subdirector e director do Instituto.
Se os portugueses não fossem um povo que ficava à espera que lhe trouxessem as coisas feitas, Neste período foi assessor no Instituto de Defesa
pouca atenção presta à sua História Marítima ia buscá-las. Fomos por esse Atlântico adiante e Nacional e representou o Almirante Chefe do Esta-
é provável que sentissem, em relação à batalha pelo Pacífico. do-Maior da Armada nas Assembleias do Tratado do
naval de Diu, um sentimento semelhante ao que E, no caso do Portugal moderno a que Atlântico Norte, em Londres, 1981, e no Funchal, 1982,
nutrem os espanhóis por Lepanto, os ingleses Eduar do Lourenço se refere, deverá ser cor- tendo participado ainda nos International Seapower
pelo Nilo (Aboukir) ou Trafalgar e os japoneses recto relacionar este pensamento com a afir- Symposia, em Newport, EUA, em 1985 e 1987.
Em 1988 e 1989 foi Vice-Chefe do Estado-Maior
por Tsushima. mação de Vítor Hugo: da Armada.
O Comandante Saturnino Monteiro é As pessoas não têm falta de força; têm falta De 1990 a 1992, sendo presidente da Comissão
membro dedicado da Academia de Marinha de vontade. Nacional contra a Poluição do Mar, representou Por-
e a todos nós deverá competir, seguindo o seu Talvez seja assim. tugal na Comissões Oslo, na de Paris e na de Lon-
exemplo, aprofundar e divulgar a nossa His- No entanto, penso que caímos sistematica- dres, e ainda em todas as sessões para a redacção da
tória Marítima, contribuindo para revigorar a mente na elaboração do diagnóstico dos pro- nova Convenção de Paris, assinada em 22 de Setem-
mentalidade marítima do nosso povo. blemas... e ficamos por aí. bro de 1992.
É membro do Conselho de Académicos da Aca-
Portugal concretizou grandes empreendi- Muitas vezes, a apresentação de propos- demia Internacional da Cultura Portuguesa, mem-
mentos, aparentemente inconcebíveis para a tas válidas, pragmáticas, bem fundamenta- bro da Academia de Marinha, da Associação Portu-
sua dimensão. Portugal pode e deve ser ava- das, proporcionadas às nossas capacidades guesa de História das Relações Internacionais e da
liado pelo seu mérito e não pela demografia mas sem caírem no erro do auto-condiciona- Associação Nacional dos Profissionais de Relações
ou pela área geográfica, por muito importan- lismo, poderá despertar as vontades e alcan- Internacionais.
É ainda professor catedrático convidado no Ins-
tes que estes factores sejam. çar resultados inesperados. tituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e na
A segunda citação, é uma frase do Almi- Se assim não for, continuaremos a ouvir o Universidade Autónoma de Lisboa, presidente
rante americano Stansfield Turner em entre- grito de lamento: Onde estão os intelectuais? do Instituto Português da Conjuntura Estratégi-
vista concedida ao Almirante britânico Sir Procurarei exercer o meu mandato com ca, presidente do Grupo de Estudo e Reflexão de
James Eberle em 1985, sobre questões de es- simplicidade, cumprindo com firmeza as Estratégia (GERE), membro efectivo do Conselho
tratégia naval. Foi um diálogo entre figuras minhas responsabilidades estatutárias no Supremo da Liga de Combatentes, director da So-
notáveis das duas maiores potências navais respeito pela finalidade para que a Aca- ciedade de Geografia de Lisboa e membro da Co-
missão de Relações Internacionais da mesma Socie-
de hoje, ambas aliadas de Portugal. Disse o demia foi criada, com consideração pelas
dade, membro do Centro de Estudos Estratégicos
Almirante Turner: opiniões do Conselho Académico, incen- do Instituto de Altos Estudos Militares, membro do
tivando e apoiando as iniciativas Conselho Consultivo do Instituto Euro-Atlântico,
ACADEMIA DE MARINHA dos senhores Académicos, com o sócio do Instituto Dom João de Castro e membro da
espírito e a vontade de prestigiar Comissão de Avaliação Externa de Ciência Política
Presidentes a Academia e de bem servir a Ma- e Relações Internacionais.
É Cavaleiro da Ordem Equestre do Santo Sepul-
rinha e Portugal.”.
UÊVALM Manuel Maria Sarmento Rodrigues cro de Jerusalém e possui diversas condecorações,
Após esta cerimónia, o CALM entre as quais as salientam a Grã-Cruz da Ordem
UÊVALM Avelino Teixeira da Mota Rogério d’Oliveira e o novo elen- do Infante D. Henrique, as Medalhas Militares de
UÊProf. Eng.º Eduardo Arantes e Oliveira co da Academia de Marinha estive- Ouro e de Prata dos Serviços Distintos, a Medalha
ram presentes num almoço ofereci- da Cruz Naval de 1ª Classe, a Medalha de Méri-
UÊCALM Rogério d’Oliveira to Militar de 2ª Classe, a Comenda da Ordem do
do pelo ALM CEMA.
UÊVALM António Emílio Ferraz Sacchetti Z Mérito Naval do Brasil e o grau de Cavaleiro da
Ordem de Mérito da República Italiana.
(Colaboração da Academia de Marinha)
REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2004 13