Page 46 - Revista da Armada
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A IRS, um Modelo de Organização
A IRS, um Modelo de Organização
Perspectivado para o Futuro
Perspectivado para o Futuro
– Memória de 30 Anos –
RESUMO HISTÓRICO Ministro da Marinha,
Vice-Almirante Perei-
No início da década 70, a entrada ao servi- ra Crespo, concordou
ço das fragatas “Comandante João Belo” e dos em atribuir ao Arsenal
submarinos da Classe “Albacora”, constituíram do Alfeite a concen-
um salto tecnológico elevado para as capaci- tração de competên-
dades de manutenção da Marinha. cias e responsabili-
Antes destes meios, as oficinas das Direcções dades para tratar de
do Serviço de Electricidade e Comunicações todos os assuntos
– DSEC e do Serviço de Armas Navais – DSAN, de carácter técnico,
mantinham eficientemente todos os equipamen- relacionados com a
tos de comunicações, de ajudas electrónicas à manutenção e mo-
navegação, de detecção e de armas, enquanto dernização dos sub-
o Arsenal do Alfeite reparava os restantes sis- marinos.
temas de electricidade, casco e máquinas. Os Ao Arsenal compe- Arsenal do Alfeite – Edifício da IRS.
desempenhos das oficinas do Arsenal e destas tia então a responsa-
direcções técnicas iriam ser questionados quan- bilidade global de todos os assuntos técnicos O Arsenal do Alfeite passou a concentrar as
do a exigência de manutenção e reparação dos relativos aos submarinos, desde a segurança das competências de organismo reparador (OR),
novos sistemas fosse uma realidade. reparações ao cumprimento dos prazos, pas- organismo abastecedor (OA) e organismo
No que respeita à primeira grande revisão sando pelas relações directas com a Marinha com funções de direcção técnica (ODT) de
(GR) da fragata “Comandante João Belo”, o Ar- Nacional Francesa, através da DGA/DTCN e submarinos, excepto para as áreas da DSEC e
senal do Alfeite teve enormes dificuldades em DCAN Toulon (BALME) (3), bem como à simpli- da DSAN, visto que só alguns anos mais tar-
dar resposta adequada, tendo o seu início sido ficação da aquisição e gestão de sobressalentes de, através do GOAME, as suas oficinas foram
adiado por vários anos. Quanto à primeira GR e outros materiais necessários para a manuten- integradas neste Arsenal, enquanto que a ges-
do submarino “Albacora”, adiou-se a resolução ção dos submarinos. tão dos sobressalentes electrónicos continua-
do problema da capacidade de manutenção da Desta decisão resultou a necessidade do Ar- vam sob a responsabilidade da Direcção de
Marinha adjudicando-a à DCAN (1) de Toulon, senal dispor de um órgão executivo, que agre- Abastecimento.
que a realizou em 10 meses, de 25 de Outu- gasse pessoal militar com conhecimentos es- A 25 de Maio de 1981, aproveitando as si-
bro de 1970 a 1 de Setembro de 1971. Para pecíficos de submarinos: o despacho nº 4/74 nergias existentes, o Administrador do Arsenal
assistir a esta revisão foi nomeada uma comis- do Administrador do Arsenal do Alfeite, CMG do Alfeite, CMG Jorge da Silva Forte, integrou o
são de acompanhamento com o objectivo de ECN Caldeira Saraiva, criou a Inspecção de SGSS na IRS, passando a designar-se por SGMS,
constituir no futuro um núcleo de formadores Reparação de Submarinos (IRS) a 07 de Março Serviço de Gestão de Material de Submarinos. A
para as próximas acções de manutenção (2). de 1974. Destacaram então para o Arsenal do grande vantagem desta medida foi sem dúvida
À época, as recentes perdas por afundamento Alfeite doze técnicos militares, quatro oficiais, a simplificação da dependência funcional, mas
dos submarinos franceses “Junon” e “Eurydice” sete sargentos e um cabo (4) conhecedores dos acima de tudo o facto da gestão de sobressalen-
constituíram um forte argumento para que esta novos sistemas e materiais que equipavam os tes e materiais ter apoio técnico imediato dos
primeira GR fosse realizada em França, porque, submarinos. serviços técnicos da IRS, no mesmo edifício,
reconhecidamente, não dominávamos as novas A 31 de Março de 1974 foi criado o Servi- ali mesmo “na porta ao lado” (5).
tecnologias e, portanto, não estávamos habili- ço de Gestão de Sobressalentes de Submarinos O GES, Gabinete de Estudos de Submarinos
tados a fazer cumprir com rigor as exigências (SGSS), que tal como a IRS, dependia organica- foi criado a 9 de Fevereiro de 1983 por necessi-
técnicas do fabricante. mente do Administrador. Este serviço foi chefia- dade de estudar e implementar a modernização
A 1ª GR do NRP “Barracuda” foi realizada no do pelo 1º Ten. AN António Neves Estevéns. a meio de vida dos submarinos; com este novo
Arsenal do Alfeite, na doca flutuante, órgão, o Chefe da IRS como responsá-
construída para este efeito. Decorreu vel directo de todos os assuntos técni-
durante 32 meses, teve início a 1 de cos relacionados com os submarinos,
Maio de 1972 e terminou a 24 de ficou com um importantíssimo instru-
Janeiro de 1975. Pela duração desta mento de apoio à decisão: pouco a
intervenção, compreende-se que os pouco o Arsenal do Alfeite libertava-
conhecimentos recolhidos em Tou- -se dos frequentes pedidos de cola-
lon não estavam a dar os frutos de- boração de técnicos da DTCN e dos
sejados. A GR não tinha começado fabricantes dos equipamentos, para
nada bem. Os meses passavam e as proceder à manutenção, reparação
fases de desmontagem e intervenção e necessárias alterações.
em oficina dos equipamentos evo- Pelo despacho n.º 18/2002 do
luíam muito lentamente. Em 25 de Vice-Almirante SSM, V/Alm. Alexan-
Fevereiro de 1974, decorridos 22 me- dre da Fonseca, de 11 de Dezembro,
ses desde o seu início, por proposta o AA/IRS passou a ter função de or-
do Superintendente dos Serviços do ganismo abastecedor também para
Material, Comodoro Silva Braga, o Organigrama da IRS. os sobressalentes electrónicos.
8 FEVEREIRO 2004 U REVISTA DA ARMADA