Page 87 - Revista da Armada
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Erro DGPS a 95% [m] = 0,5009 +  partir das 220 a 300 milhas de afastamento o sinal
                                                          0,005 * Dist [NM]    era recebido com algumas intermitências, mas só a
                                                           Traduzida por palavras,  distâncias superiores a 500 milhas é que se perdia,
                                                          esta equação corresponde  habitualmente, o sinal DGPS, tendo, mesmo, sido
                                                          a dizer que o erro dos nave-  reportados alcances de 585 milhas. Estes valores
                                                          gantes (95%) é aproximada-  são um bom indicador de que o objectivo de co-
                                                          mente igual a 0,5 m junto à  brir todas as águas costeiras (da linha de costa até
                                                          estação mais meio metro por  50 milhas de distância) está a ser claramente atin-
                                                          cada 100 milhas de distân-  gido e que mesmo a cobertura teórica prevista de
                                                          cia à estação DGPS (ou mais  200 milhas peca por defeito, visto que em todas
                                                          0,25 m por cada 100 km de  as ocasiões se conseguiram receber as estações
                                                          separação).          portuguesas para além dessa distância.
                                                           Conclui-se assim que a
                                                          descorrelação espacial é in- CONCLUSÃO
         Estação DGPS do Carvoeiro.
                                                         ferior à taxa publicada pela
         sintonizados para receber a estação de Sagres. O  AISM/IALA e pelas autoridades americanas (0,67   Os resultados obtidos nos testes de validação
         computador instalado na Nazaré bloqueou, mas  m por cada 100 km), sendo intenção do Instituto  foram bastante satisfatórios, pelo que em 11 de
         os outros 6 permitiram obter dados suficientes para  Hidrográfico propor a adopção da fórmula acima  Dezembro de 2003 as estações DGPS continen-
         a consecução desta experiência. Refira-se que  deduzida no âmbito da AISM/IALA.  tais foram declaradas como totalmente operacio-
         em Lisboa foram usados 2 receptores diferentes,   Aplicando esta fórmula a Portugal, podemos  nais (Final Operational Capability).
         pelo que existem, obviamente, 2 valores de erro  dizer que as estações DGPS permitem, em   Simultaneamente, ocorreu a sua transferência
         diferentes, que traduzem a diferença de perfor-  toda a nossa ZEE (ou
         mance dos equipamentos empregues.  seja até 200 milhas da
           A tabela abaixo sumaria os resultados nos vários  costa), uma exactidão
         locais, permitindo avaliar e quantificar a magni-  melhor do que 1,5 m,
         tude da descorrelação espacial.    o que é um resultado
           Esta tabela mostra claramente que a exactidão  excelente.
            Local  Sagres  Sines  Lisboa  Lisboa  Mira  Varzim
          Distância  0 NM  56 NM  104 NM  104 NM  210 NM  265 NM
          Erro (95%)  0,41 m  0,93 m  0,81 m  1,20 m  1,48 m  1,84 m
         do posicionamento diferencial é inversamente pro- TESTES NO MAR
         porcional à distância à estação transmissora.
           Considerando os resultados obtidos por estes   Durante os 12 meses
         6 receptores podemos derivar uma equação do  em que decorreram os
         crescimento dos erros do DGPS. A equação que  testes de validação,
         mais se ajusta aos erros medidos nos vários locais  além de um conjunto   Marcação de um ponto DGPS na carta a bordo da corveta “Baptista de Andrade”.
         da experiência é um polinómio de 4ª ordem que  de experiências realiza-
         passa em todos os pontos excepto em Lisboa onde  das em terra (de que é exemplo a acima descri-  para a Direcção de Faróis, em cuja sede já se
         a função adopta um valor correspondente à média  ta) foi também solicitado (através do Comando  encontrava instalada a estação de controlo, res-
         dos 2 erros medidos. Devido à sua complexidade,  Naval) às corvetas que já possuem receptores  ponsável por controlar e monitorizar continua-
         dispensamo-nos de a apresentar, até por ser pouco  DGPS que reportassem as condições de recep-  mente as estações transmissoras portuguesas, não
         prática para ser usada pelos navegantes para esti-  ção do sistema durante as suas missões, tendo  só estas como as que estão planeadas para os
         marem o erro expectável num dado ponto. Para  particular atenção a eventuais perdas do sinal e  Açores e a Madeira. Relativamente a essas, elas
         esse efeito, derivou-se uma função linear que, à  aos alcances máximos de transmissão. Os resul-  serão instaladas na Horta e no Porto Santo, res-
         custa de alguma exactidão (i.e. não passando em  tados relatados são bastante encorajadores em  pectivamente. Já foi assinado o contrato relativo à
         todos os pontos), permite estimar, com um bom  termos de disponibilidade e continuidade, pois  aquisição dos equipamentos que comporão essas
         grau de certeza, os erros do DGPS.  durante os cerca de 140 dias em que foram fei-  estações, estando previsto que a respectiva ins-
           Conforme se mostra no gráfico junto, a fun-  tos testes no mar só em 2 momentos ocorreram  talação ocorra entre a Primavera e o Verão deste
         ção linear que melhor se aproxima dos erros  perdas do sinal DGPS, que, muito possivelmente,  ano. Seguidamente, e à semelhança do ocorrido
         medidos é:                         aconteceram por interferências de outras fontes  no continente, decorrerá um período de 6 a 12
                                                           emissoras esporádicas.  meses de testes de validação.
                                                             No que concerne aos al-  Refira-se, a concluir, que a Marinha Portugue-
                                                           cances medidos pelos na-  sa assume, no respeitante ao DGPS, duas ver-
                                                           vios no mar, cada um deles  tentes distintas: a de fornecedor do serviço, pois
                                                           deve ser tratado com cui-  foi o Instituto Hidrográfico quem desenvolveu o
                                                           dado devido às variáveis  projecto e é à Direcção de Faróis que compete
                                                           que afectam cada obser-  a operação e manutenção das estações DGPS
                                                           vação (nomeadamente  portuguesas, e também a de utilizador, uma vez
                                                           ruído atmosférico, nível  que os navios da nossa Marinha são utilizadores
                                                           de interferências e sensi-  do sistema e sê-lo-ão ainda mais no futuro, uma
                                                           bilidade do receptor). De  vez que a Direcção de Navios tem em curso um
                                                           qualquer maneira, o sinal  programa para equipar todos os navios da esqua-
                                                           DGPS foi sempre recebi-  dra (excepto os que se encontram em processo
                                                           do em óptimas condições  de abate) com receptores DGPS.
                                                           até pelo menos 220 milhas                           Z
                                                           de distância das respectivas           Sardinha Monteiro
         Gráfico com a equação de crescimento dos erros DGPS.  estações. Normalmente, a                      CTEN
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2004  13
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