Page 124 - Revista da Armada
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geminados. Um
civil, como qual-
quer hospital em
qualquer parte do
primeiro mundo.
Outro próximo,
algures sob qual-
quer montanha.
Este dispõe nor-
malmente apenas
do pessoal míni-
mo para manu-
tenção regular de
O actual Centro de Medicina Hiperbárica com as duas câmaras. Centro de Medecina Hiperbárica. Câmara em operação.
instalações e equi-
já aconteceu noutros países nossos parceiros infeliz, vestidos de verde: o médico e o en- pamentos.
na OTAN, ou especular-se em frases respin- fermeiro! Da sua antiga rede hospitalar dos Uma vez por ano, em exercício, transita para
gadas de declarações algo sibilinas dos nossos três ramos, conservou apenas dois hospitais este todo o outro: pessoal técnico, de suporte
governantes, observando um silêncio inquie- generalistas. e doentes. A estrutura é activada como quem
tante por parte da tutela. A França já de há muito que tem a sua es- liga um interruptor. Durante o exercício este
A reorganização das Forças Armadas é trutura de hospitais militares fora dos ramos, hospital subterrâneo é considerado militar e
inevitável. dependente do Ministério da Defesa, com or- todo o pessoal mobilizado.
À boa maneira lusitana fala-se dela há 30 çamento próprio. O corpo clínico destes hospi- Ora o nosso país não dispõe ainda de uma
anos. Está a acontecer num processo lento tais é recrutado por concurso de provas técni- rede de hospitais civis, capaz de competir em
mas irreversível. A ela não escapará a Saúde cas aberto aos médicos habilitados de qualquer prontidão, eficácia e eficiência, com as exi-
Militar e como tal a Saúde Naval e os Hospi- ramo, que ao entrarem se separam do ramo de gências dos corpos militares. Nomeadamen-
tais Militares. origem, conservando no entanto o uniforme. te não estão vocacionados para uma prática
No Canadá, Noruega, Dinamarca já não há Só mudam de botão...que passa a ser igual de inspecções sanitárias obrigatórias, rigoro-
Hospitais Militares. para todos! A cúpula da estrutura é presidida sas e periódicas. Tratam sobretudo doentes
A Bélgica teve uma experiência infeliz com por um oficial general de quatro estrelas. São e infelizmente com algum atraso em situa-
a reorganização do Serviço Militar. A passa- nestes hospitais que os jovens médicos milita- ções de rotina.
gem ao quadro único levou a uma debandada res se diferenciam, vindos dos ramos. Há par- Não nos parece evidente nem provável que
de médicos e outros pro- o modelo escolhido e a
fissionais por passagens impor seja o de simples
à reserva, reduzindo o Foto 1SAR FZ Silva obliteração da figura do
núcleo militar do Hos- Hospital Militar.
pital Militar Único a um Fala-se outra vez do
número quase simbólico, Hospital Único.
com recurso de urgência Ora também é uma
a contratos individuais característica do hospi-
com médicos civis para tal militar estar sobredi-
sustentar o hospital. mensionado e capaz de
Civis bem pagos mas garantir uma reserva es-
sem a disponibilidade tratégica para fazer face
total inerente à condição a situações de conflito
militar. ou catástrofe, para o que
Na Holanda continua também deve estar voca-
acesso o debate sobre a cionado.
necessidade de hospi- Um hospital militar
tais militares em tempo único, para garantir es-
de paz. O moderno Bloco Operatório, reaberto em Julho de 2005. tes pressupostos teria que
Na República Federal ter dimensão maior que
Alemã, que manteve contra tudo e contra to- cerias com Instituições Civis. O Hospital Mili- qualquer dos actualmente existentes.
dos o sistema de conscrição que no nosso caso tar de Lyon é um Hospital Universitário. Está provado que hospitais económica e
já pertence à História, a Saúde Militar evoluiu No Reino Unido a maior parte dos hospitais financeiramente governáveis deverão oscilar
para um quarto ramo, autónomo, com cerca militares, antes na dependência dos ramos, foi pelas 200/250 camas.
de 35.000 homens. entregue ao S.N.S. britânico e passou a fazer Construir um hospital de raíz, na situação
Manteve alguns dos hospitais militares, parte da rede hospitalar pública. Em alguns financeira em que estamos, com o estado a
entre os quais o sofisticado Hospital Militar deles, as Forças Armadas dispõem de uma ou contrair a despesa pública, é politicamente
de Coblença, que recentemente e a propósito duas enfermarias, guarnecidas por médicos inviável.
dum incidente com as nossas forças no Afe- militares e outros profissionais para treino do Será solução transformar os actuais hospitais
ganistão, foi notícia nos media. pessoal de saúde dos ramos. Possuem uma pe- numa rede hospitalar, tipo Centro Hospitalar
A nossa vizinha Espanha tem uma espécie quena estrutura militar para o apoio burocráti- de Lisboa, copiando e melhorando o modelo
de ramo único não autónomo. A experiên- co. Toda a administração é civil e o orçamento de gestão dos antigos Hospitais Civis de Lis-
cia parece não poder ser considerada muito provem do Ministério da Saúde. boa, com direcção e administração superior
positiva. Sobrou apenas um Hospital Militar de certa únicas, dependentes do Ministério da Defesa
Ainda me lembro de, há alguns anos, no grandeza, utilizado por qualquer dos ramos e Nacional e orçamento próprio?
“Juan Sebastian Elcano”, no meio de uma guarnecido por pessoal dos três ramos. O modelo francês?
guarnição impecavelmente uniformizada Os Suíços que têm uma estrutura de De- Numa fase inicial poderia ser considera-
de branco sobressaírem dois sujeitos com ar fesa Nacional ímpar, têm alguns hospitais da a concretização de Serviços Hospitalares
14 ABRIL 2006 U REVISTA DA ARMADA