Page 205 - Revista da Armada
P. 205
te descrito no conto “Contra mar e vento”: fica SAGRES , quando esta entrou ao serviço - as- O enredo de “Ó Mar de Túrbidas Vagas” é
a saber-se, em “O Ilheu da Contenda”, que afi- sunto a que, duma forma pouco clara, Teixeira leve e divertido. O escritor Germano de Almei-
nal o Capitão Fortunato não foi vencido pela de Sousa alude em “Capitão de Mar e Terra”. da, outro nome grande da literatura cabover-
adversidade: lutou contra ela e acabou por con- Interessante é também a referência, no mes- deana contemporânea, descreveu-o sintetica-
seguir vencer, comprando outro navio, o EMA mo livro, ás actividades dos SOKOLS, (quem mente como “a luta do capitão Hilário Cardoso,
HELENA II ! A descrição do naufrágio é feita em imaginaria a sua existência ?), e o esclarecimen- comandante de um veleiro em viagem de Providen-
termos que lhe dariam justo lugar em ce e New Bedford para S. Vicente e Brava,
qualquer antologia trágico-marítima, Maria Sony entre o sagrado principio de se manter fiel
enriquecendo-a ainda mais a trans- á sua legitima esposa e as provocações de
crição de um “Protesto de Mar” (co- uma bela passageira que todos os dias in-
mentado) cujo realismo e exactidão venta novas maneiras de quebrar essa fi-
formal revelam que Teixeira de Sou- delidade persistente…”
sa tinha, também, conhecimentos O aprofundamento do assunto e
sobre Direito Marítimo, e compre- o seu desfecho interessaria com cer-
endia perfeitamente as questões ju- teza aos leitores da Revista da Ar-
ridicas subjacentes às situações que mada, por motivos óbvios; mas, na
descrevia. perspectiva deste texto, contar o que
Igualmente se perde a fonte de acabou por suceder não constitui
curiosos apontamentos de “peque- prioridade: o que importa é chamar
na história”,com interesse para a a atenção para a globalidade da obra
Marinha (Marinha de Guerra e Marinha Mer- to definitivo do caso do italiano devorado por deste autor, e sublinhar o seu interesse para
cante), como por exemplo a questão da inter- um tubarão na Matiota, facto que, com o correr quem goste de boa literatura náutica e/ou,
venção (real? fictícia?) de “Custódio Rocha”, o dos anos, se não sabia já se tinha acontecido ou em termos mais gerais tenha ligações afecti-
competentissimo capitão de veleiros que an- se era apenas uma lenda: aconteceu realmen- vas com a acolhedora e inesquecivel terra de
dara embarcado no ARCHIBALD RUSSEL, te, na década de trinta, e deu lugar à colocação Cabo Verde, como sucede certamente com os
e que teria sido convidado, devido aos seus da rede que os prestimosos SOKOLS, com a leitores desta Revista.
muitos conhecimentos e grande experiência, ajuda do Capitão Alfredo Araújo, implanta- Z
para treinar a primeira guarnição da primeira ram na baía! Comandante G. Conceição Silva
SPS “Marsopa” despede-se da
SPS “Marsopa” despede-se da
actividade operacional em Lisboa
actividade operacional em Lisboa
O “Marsopa” foi brindada com um al-
submarino espanhol SPS “Mar-
moço na Esquadrilha de Submarinos, à
sopa” terminou a sua activida-
de operacional, tendo escolhido
e atracado na BNL entre o dia 10 e 13 de qual se seguiu, pelo hora do jantar, um
“Cocktail” a bordo, com a presença do
Março, para cumprir com as tradicio- Embaixador de Espanha, Adido de De-
nais cerimónias de despedida ao efecti- fesa em Lisboa e Chieff of Staff do JHQ
vo, constituindo este o seu último porto Lisbon. O CEMA, ALM Melo Gomes,
antes da paragem definitiva que veio a distinguiu o evento com a sua presen-
ocorrer dias depois em Cartagena. ça à qual se juntaram varias gerações de
O “Marsopa”, último dos “Daphné“ submarinistas de ambos os países.
espanhóis ao serviço e como é tradição Quando em 17 de Março se arriou
na Armada espanhola para todas as uni- definitivamente a bandeira nacional do
dades navais, fez um cruzeiro de despedida da As boas relações foram sendo sempre ali- “Marsopa”, encerrou-se todo um ciclo gera-
vida activa, que o levou a portos que muitas mentadas, já que os espanhóis, nas suas aqui- cional na Armada espanhola, que durou mais
vezes escalou nos seus mais de 30 anos em sições incluíram um “simulador de seguran- de 30 anos. Que os meios se vão renovando e
que esteve ao serviço ostentando orgulhosa- ça da plataforma” extremamente inovador a solidariedade não se altere.
mente o seu pavilhão. De todos eles, a última e que para além da poupança de recursos
escala prevista foi Lisboa, simbolizando desta financeiros permitiram o treino das nos- O “Marsopa” (S-63) é o terceiro submarino espa-
forma o agradecimento da Armada espanho- sas guarnições e das quais resultaram lições nhol da classe Delfin, de uma série de quatro uni-
la à Marinha Portuguesa e a cordial amizade aprendidas e que permitiram operar os nos- dades, construído na “Empresa Nacional Bazán de
entre ambos os países. sos submarinos dentro dos limites de segu- Cartagena (Múrcia)”, actual Empresa Navantia,
durante os anos 70, e sobre patente francesa, em
A visita, apesar de inesperada a escolha, é rança da plataforma. virtude de um acordo com os estaleiros franceses
perfeitamente ajustada, já que ainda existem Paralelamente a estes factos de maior re- da DCN. Assim, em 16 de Junho de 1966, os es-
bem vivas memórias de uma forte ligação que levo, outros se seguiram já que as Marinhas panhóis assinaram os acordos que permitiram a
se estabeleceu há cerca de trinta anos e que nun- sempre primaram por assegurar participa- construção na “Empresa Nacional Bazán de Carta-
ca mais se desfez. A Marinha espanhola auferiu ções, com submarinos, nos diversos exercícios gena” de quatro submarinos para a armada espa-
nhola, idênticos aos recentes entrados ao serviço na
dos quatro submarinos da Classe “Daphné” nacionais de cada país, facto este que não so- “Marine Nationale”, um modelo que os franceses
numa altura em que Portugal já os operava com freu qualquer interrupção até a actualidade, tinham conseguido vender também, Portugal, Pa-
bastante domínio. Toda a formação das suas pri- sendo sempre facultado nas respectivas bases quistão e África do Sul.
A colocação da quilha do submarino S-63 “Mar-
meiras guarnições foi feita na nossa escola, na o adequado espaço para o visitante. sopa” teve lugar em 10 de Maio de 1971, foi posto
altura, já consolidada, bem como durante estes Certo de que este sentimento de proximi- a flutuar no dia 15 de Março de 1974. Foi entregue à
longos períodos lhes foi prestado todo um apoio dade é mútuo e sincero, fomos brindados Armada espanhola em 12 de Abril de 1975.
logístico com altruísta disponibilização das ins- com a honra de participar neste evento co-
talações da Esquadrilha de Submarinos. memorativo. A 10 de Março a guarnição do Z
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2006 23