Page 306 - Revista da Armada
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ESCOLA        NAVAL
                         ESCOLA        NAVAL




                                         Viagens de Instrução

         O
               contacto com os instrumentos de  do, é certo, do que nos curtos embarques  nheiro do leme, de vigia e dos telégrafos, e
               bordo, com a vivência naval, com o  de fim-de-semana em “pequenos” veleiros  adjunto ao oficial de quarto à ponte (OQP).
               cerimonial marítimo, é algo incon-
                                            e navios da esquadra, tratando-se agora  de  Todos os alunos, no serviço a quarto reali-
         tornável, na formação de um futuro Oficial  percorrer mais a fundo a zona económica  zaram treino de navegação tendo assistido
         de Marinha, a quem se exige, capacidade  exclusiva (ZEE), aportar e conhecer os por-  a outros exercícios de formação marinhei-
         técnica e sentido humanista, dotes de lide-  tos nacionais e  tomar contacto com  na-  ra, governo e manobra,  outros exercícios
         rança e comando. Este ano, mais uma vez  vegação carteada, estimada e costeira. Os  (homem ao mar, postos de abandono, de
         a partir do mês de Maio, começaram a via-  alunos dos 2º e 3º ano efectuaram viagens  emergência e de combate). Para muitos, se-
         gens de instrução da Escola Naval. Com-  mais longas, culminando com a passagem  não para a totalidade dos cadetes, a viagem
         plemento normal e indispensável à forma-  por vários portos estrangeiros, após extensas  é um verdadeiro baptismo de mar, com a
         ção teórica adquirida durante o ano. Nestas  singraduras. Aos cadetes do  4º ano é atri-  adaptação aos primeiros balanços do na-
         iniciativas em que se vão estabelecer con-  buído um embarque com finalidade mais  vio e aos primeiros enjoos. Os exercícios
         tactos “directos” com o funcionamento dos  objectiva e específica. Os alunos são incor-  de reabastecimento e manobras e evolu-
         navios, com o trabalho da guarnição a bor-  porados nos departamentos de bordo, em  ções não foram esquecidos, assim como, é
         do, não é possível fazer sem uma viagem  funções atinentes à sua formação técnica,  tradição, à passagem pela ponta de Sagres
         que confronte o aluno com os desafios da  com o objectivo prioritário de aplicar os co-  prestaram as devidas honras militares pre-
         vida naval. Torna-se de facto premente, que  nhecimentos teóricos da sua classe.   vistas no cerimonial marítimo para o efei-
         o futuro oficial se familiarize com o desem-  De seguida vamos comentar, separada-  to, enquanto era lida uma breve biografia
         penho de funções nas condições específicas  mente, as viagens de instrução que se rea-  do Infante D.Henrique. Nos dias de nave-
         e, normalmente, adversas  de um navio a  lizaram para cada um dos  cursos, no Ve-  gação que se seguiram, atracaram aos PAN
         navegar, se aperceba das dificuldades e dos  rão de 2006.              de Portimão e Tróia, respectivamente, a 20
         desafios a que estão sujeitos aqueles que                              e 25 de Julho. Neste último porto houve lu-
         andam no Mar; e tome em atenção, além   1º ANO – CURSO “ALMIRANTE     gar para a tradicional confraternização entre
         do mais, a linguagem técnica que é usada,   PEREIRA CRESPO”           as guarnições de navios ali estacionados: os
         as missões que são atribuídas ao tipo de uni-                         dois citados e o N.R.P. “Sacadura Cabral”.
         dade naval em que estagia, os portos estran-  O primeiro ano efectua uma viagem, por  O regresso à Base Naval de Lisboa deu-se
         geiros e nacionais visitados, a interacção,  norma, mais curta e menos exigente, em  a 28 de Julho.
         em última a análise, com todo um “mundo”  comparação com os outros anos, a nível de
         que em muito diverge do quotidiano social  participação nas tarefas de bordo. O objec- 2.º ANO – CURSO “VALM
         rotineiro. Em resumo, as “viagens de instru-  tivo primordial da viagem é possibilitar aos   ROBOREDO E SILVA”
         ção de cadetes” são elementos essenciais,  alunos os primeiros contactos com as ac-
         insubstituíveis mesmo, numa formação  tividades de um navio a navegar e de uma   A viagem do 2º ano foi a mais longa
         exigente, que se quer “completa”, para um  guarnição em pleno labor. É fundamental  viagem de instrução deste ano lectivo de
         Oficial de Marinha a quem se exige altos  para os cadetes integrarem-se nas tarefas li-  2005-2006, decorrendo entre 19 de Maio
         conhecimentos e uma visão amadurecida  gadas sobretudo à navegação, segurança e  e 1 de Agosto. Simbolicamente, os cade-
         do mundo que o rodeia.             LA (Limitação de Avarias). Este ano o curso  tes embarcaram no navio-escola “Sagres”,
           O planeamento das viagens é estabele-  “VALM Pereira Crespo” dividiu-se por dois  no porto de Sines, quando a força naval ali
         cido tendo subjacente diferentes forma-  navios: N.R.P. “Afonso Cerqueira” e N.R.P.  estacionada se engalanava para o Dia da
         ções e necessidades de aprendizagem dos  “ Jacinto Cândido”, numa viagem que teve  Marinha. Os primeiros dias exigiram adap-
         cadetes, de acordo com os conhecimentos  lugar entre 17 e 28 de Julho. À semelhança  tação ao navio e uma maior organização
         adquiridos na Escola Naval. Ou seja, aos  de outros anos, um dos principais objecti-  nas tarefas de instrução. Após a largada de
         cadetes do 1º ano, proporciona-se um pri-  vos da viagem foi o treino de navegação  Sines, a 21 de Maio, a “Sagres” navegou
         meiro contacto com o mar, mais prolonga-  costeira, mas também a pratica de mari-  à vela em direcção à costa Ocidental de





















         NRP “Afonso Cerqueira”.                             NRP “Jacinto Cândido”.

         16  SETEMBRO/OUTUBRO 2006 U REVISTA DA ARMADA
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