Page 83 - Revista da Armada
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O Exercício Zarco05 decorreu de uma si- volveram-se, além dos meios navais e aé- ridade Marítima garantiram igualmente o
tuação de “acidente grave” ocorrido na Ma- reos, cerca de duzentos militares, e vinte isolamento do Concelho mediante o con-
deira, onde as FA’s foram chamadas a inter- cinco viaturas. trolo de movimentos de pessoas e bens.
vir, enquadradas na figura de “Colaboração O Exercício “ZARCO 05” culminou com
das FA’s em acções de Protecção Civil”. EXECUÇÃO a realização do Distinguish Visitors Day
Assim de acordo com informações ema- No âmbito estritamente militar e indo ao (DVD), a bordo do Navio “Lobo Marinho”,
nadas pelo SRPC, foi detectado, na costa Sul encontro das solicitações apresentadas pelo da Porto Santo Line.
da Ilha, região do Concelho da Calheta o de- SRPC, o Exercício decorreu como o planea- Ao largo da baia do Funchal, e na pre-
sembarque de um numero sença de grande número
indeterminado de imigran- de Entidades Civis, Mili-
tes ilegais, do qual se suspei- tares e OCS foi apresen-
tava, poderem alguns esta- tada uma demonstração
rem infectados com doen ça que envolveu numa fase
infecto-contagiosa. inicial a detecção e inter-
Esta possibilidade era cepção do navio suspeito
tanto mais alarmante quan- (materializado pelo “Lobo
to se desconhecia o para- Marinho”) respectivamen-
deiro de parte destes imi- te pelo AVIOCAR e NRP
grantes. “SAVE”. O navio suspei-
Deste modo, e após a to assumiu inicialmente
descoberta de 6 indiví- uma postura não coope-
duos gravemente doentes rante obrigando o navio
numa casa em ruínas o Patrulha a jogar ROE´s de
SRPC classificou esta situa- carácter coercivo, visan-
ção como “acidente gra- do a sua divergência para
ve”, tendo deslocado meios as imediações do Porto do
para o terreno e solicitado Funchal ao abrigo da Con-
a colaboração de diversas Entidades Regio- do, obrigando ao empenhamento dos meios VEN ÎO DAS .A ÜES 5NIDAS SOBRE O $IREI-
nais, entre as quais as FA’s, através do Gabi- disponíveis, terrestre a desencadear o movi- to do Mar.
nete do Ministro da República para a Região mento de Forças e Meios para o Concelho Seguiu-se uma acção de inspecção a
Autónoma da Madeira (MRRAM). da Calheta e desencadear acções de vigi- bordo liderada pela Autoridade Marítima
Por outro lado, os Serviços de Saúde da lância, patrulhamento, montagem de pos- com a Autoridade Sanitária e Serviço de
Região manifestaram grande preocupação tos de controlo e segurança, interdição de Estrangeiros e Fronteiras. Decorrente des-
perante a situação, em especial na área do área e garantir algum apoio logístico face ao ta acção resultou uma evacuação sanitá-
Concelho da Calheta em virtude dos sinto- evoluir do Exercício uma vez que foi deter- ria do Navio Lobo Marinho para o Hospital
mas manifestados poderem conduzir a dia- minado o isolamento da Calheta. DO &UNCHAL ENVOLVENDO O 3! 05-! E
gnosticar doença infecto-contagiosa; Assim, com a colaboração de todos os MRSC Funchal.
O SRPC perante a gravidade da situação agentes de Protecção Civil, houve a oportu- Após a confirmação da existência de
de possível contaminação da zona onde fo- nidade de serem postas em prática técnicas cerca de 30 clandestinos a bordo, foi mon-
ram encontrados os imigrantes ilegais, de- e tácticas de actuação perante casos con- tado um Centro de Triagem a bordo en-
terminou o isolamento do concelho da Ca- cretos apresentados, nomeadamente nos volvendo a Delegação Regional da Cruz
lheta, activou o CROEPC, que envolveu as movimentos suspeitos de pessoas e bens, Vermelha Portuguesa, as Direcções Re-
FAs e demais Agentes da Protecção Civil. manifestações não autorizadas, ocupação gionais de Planeamento e Saúde Publica,
Na sequência destes acontecimentos e de propriedades publicas e privadas, amea- de Segurança Social e do Serviço de Es-
ao abrigo do enquadrado no regime nor- ça de ataque bombista e simulação de pes- trangeiros e Fronteiras que prestaram tria-
mativo de “actuação das FA’s em acções de soas contaminadas. gem sanitária, apoio social e controlo de
protecção civil” as FA’s sedeadas na RAM Na orla marítima e águas territoriais o identidades. Toda a demonstração ia sendo
foram chamadas a intervir e prestar o res- NRP “SAVE” em colaboração com a Auto- reportada em altavoz para os interiores e
pectivo apoio. exteriores do navio, dando a conhecer aos
presentes em cada momento o que estava
PLANEAMENTO E CONCEPÇÃO a acontecer.
Para a execução deste Exercício e tendo Toda esta sequência de acontecimentos
por base os meios disponíveis dos três Ra- foi sobejamente apreciada pelos convida-
mos das FA’s sedeados na RAM, o Comando dos presentes que realçaram o dinamismo
Operacional da Madeira dispunha de um desta acção levada a efeito no mar, mui-
Comando e três Componentes, às quais fo- to pelo empenho demonstrado por todos
ram atribuídos os seguintes meios: quantos nela participaram.
Componente Naval A grande inovação e a mais valia deste
s .20 h3!6%v exercício foi o pioneirismo relativamente
Componente Terrestre à interligação nas fases de planeamento e
s 5M "ATALHÎO DE )NFANTARIA DO 2EGIMEN- execução de todas as Entidades envolvidas,
to de Guarnição nº 3/ ZMM testando-se as comunicações, confrontan-
s 5MA "ATARIA DE !RTILHARIA !NTI AÏREA do-se a forma de actuação tendo por base
do RG3/ZMM legislação específica de cada agente e o
Componente Aérea emprego e adequação dos meios aos pe-
s 5M #!3! !VIOCAR didos apresentados em tempo útil.
s 5M 3! 0UMA Z
Face ao cenário apresentado e às Forças (Colaboração do Comando Operacional
militares atribuídas a cada Componente en- da Madeira)
REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2006 9