Page 88 - Revista da Armada
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explicitada por todo terações na orgânica
o século XX. Transita da Saúde Naval. São
naturalmente para o criadas as Marinhas
século XXI! Foto Arquivo Fotográfico da CML Coloniais, que nunca
Em 1896, outro direc- passaram do papel e
tor reclama transporte os Serviços de Saúde
oficial para os doentes Coloniais separam-se
que se dirijam ou te- definitivamente da al-
nham alta do Hospital. çada da saúde naval.
Foi conseguido tal de- É nomeado e gradua-
sideratum quase um do em CFR o novo
século depois. Director do Hospital,
São entretanto cria- Alexandre Vasconce-
dos os laboratórios de los e Sá, já cirurgião de
Bacteriologia e de Fí- prestígio a nível nacio-
sica Médica ou Electri- nal, a quem se fica de-
cidade Médica. Deste vendo a primeira sala
último virão a nascer os de operações do Hos-
Serviços de Radiologia pital da Marinha, per-
e de Fisiatria. Primeiras instalações da Escola de Medicina Tropical no topo nascente da Cordoaria ainda com a configuração inicial. dida naturalmente a
Já em 1887 havia co- designação de “Real”.
meçado na Escola Naval o ensino de “Hi- com a sigla dos SLAT. Sai da Marinha aquan- A sala de operações antecedeu os modernos
giene e Doenças Tropicais”, que nos anos do da implantação da República já que era blocos operatórios.
imediatos passa a ter lugar no Hospital descendente dos Condes da Lousã, casa ain- Na primeira república e ainda antes da 1ª
da Marinha, culminando na fundação da da aparentada com a família real. Guerra Mundial, há a “intenção” de “mudar”
“Escola de Medicina Tropical” o hospital por este estar “acanha-
em 1902, que começou por fi- do” no sítio onde laborava desde
car instalada no topo nascente que ali ficara.
da Cordoaria, não muito longe Cai a escolha no antigo Con-
de onde hoje se encontra a sua vento das Salésias, ali paredes-
descendência: o Instituto de Hi- meias com a Junqueira. Nomeada
giene e Medicina Tropical e o comissão para estudar o assunto
actual Hospital de Egas Moniz presidida por Aires Kopke, con-
que quando criado se chamava clui, ao fim de alguns meses, pela
Hospital do Ultramar. falta de condições do local e dos
Quando da criação do ensino custos elevados na adaptabilida-
e mais tarde da Escola de Medi- de do velho edifício.
cina Tropical são médicos navais O projecto foi abandonado.
distintos os seus primeiros pro- Ficou o Hospital onde ainda
fessores e Directores: hoje está.
António Maria de Lencastre, Apesar da instabilidade polí-
Aires Kopke, Silva Telles, este CFR MN Júlio Gonçalves. CALM MN Emílio Tovar Faro. tica e social da Primeira Repú-
último um caso de invulgar blica, o Hospital prossegue com
eclectismo já que além de Médico Naval, foi Na sua residência, na Praça Marquês de obras de modernização. Do seu corpo clínico
Professor de cadeiras do Curso de Medicina Pombal, esteve instalado o Clube Militar saíram Governadores Civis e Governadores
Tropical e posteriormente Director desta Es- Naval entre 1935 e 1989. de Colónias. Houve quem se distinguisse no
cola, Catedrático da faculdade de Letras da Com a proclamação da Republica há al- campo científico e quem se distinguiu no
Universidade de Lis- campo político.
boa e Reitor desta mes- É visitado pelo Pre-
ma Universidade. sidente da República
Ligados ao Ultramar Dr. António José de
temos entre outros João Almeida.
Cesário de Lacerda, Foi preciso esperar
José Pereira do Nasci- pelo final da década de
mento, antropólogos, 30, melhoradas as finan-
Rodrigues Braga que ças públicas, começando
chefiou os Serviços e a a marinha a sair do zero
logística sanitária das naval, para o Hospital
campanhas moçambi- voltar a sofrer obras de
canas de 1895. fundo de moderniza-
António Maria de ção e ampliação, gora-
Lencastre deixa o seu do que ficara o projecto
nome igualmente liga- do “novo” Hospital da
do à luta anti-tubercu- Marinha.
losa, sendo um dos fun- Ficam as tais obras
dadores dos primeiros ligados os nomes de
serviços de assistência dois Directores distin-
nacional aos tubercu- tos: Júlio Gonçalves e
losos que continua hoje O Presidente António José de Almeida numa visita ao Hospital da Marinha. Emílio Tovar Faro.
14 MARÇO 2006 U REVISTA DA ARMADA