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PÁGINA DA SAÚDE                                                                               6


                                Álcool – Néctar ou Veneno?
                                Álcool – Néctar ou Veneno?


         O                                                    mos as situações de abuso, mais ou menos ocasional, que se traduzem
               consumo de substâncias psico-activas, nomeadamente do álco-
                                                              na multiplicação do risco de todo o tipo de acidentes, desde os rodoviá-
               ol, é tão antigo como o início da civilização, no entanto os meca-
               nismos de auto-regulação das primeiras sociedades permitiram  rios (em que o risco duplica para valores de 0,5 g/l e aumenta vinte ve-
         que estes consumos não representassem um claro problema social.  zes para valores de 1,2 g/l), aos acidentes de trabalho, bem como aos
           Só no início do Século XIX, como consequência da expansão do co-  incidentes domésticos e os resultantes dos excessos de agressividade, a
         mércio de bebidas com maior concentração de álcool – bebidas destiladas,  partir de pequenas questões, em ambientes de grande consumo.
         em conjunto com as mudanças resultantes do processo de industriali-  Temos depois os resultados do consumo continuado, que tem como
         zação, surgiram os primeiros trabalhos científicos a abordar o tema do  consequência uma degradação progressiva do funcionamento psicoló-
         alcoolismo como problema social, mas também médico, recomendan-  gico, que se traduz na deterioração das relações pessoais: no trabalho e
         do intervenções com um carácter moralista.           na família e em última análise no definhamento de todo o organismo,
           Todos os estudos mostram a importância do consumo de álcool como  nomeadamente o fígado, o cérebro e o aparelho cardio-circulatório.
         factor de risco para a saúde e alguns apontam para um peso de 8,4 %   Ao estudarmos o desenvolvimento destas situações constata-se a
         no total dos determinantes da doença, na União Europeia, só superado  existência de uma evolução crónica e progressiva, muitas vezes sem
         pelos 9,0% do consumo de tabaco.                     sobressaltos, desde os consumos moderados para os consumos proble-
           No entanto o álcool não é visto pela sociedade apenas como um pre-  máticos, sem que o próprio tenha consciência dessa evolução, sendo que
         juízo. Sabemos que a produção de álcool representa 2% do PNB (Pro-  muitas vezes o aumento do consumo leva a uma incapacidade progres-
         duto Nacional Bruto) dos países comunitários, não sendo de estranhar  siva para reconhecer os problemas decorrentes desse consumo.
         que exista todo um esforço publicitário no sentido de enaltecer as qua-  Essa incapacidade, decorrente da acção do álcool sobre o funciona-
         lidades associadas ao seu consumo.                   mento emocional implica que os esforços de prevenção devam incidir
           Realmente existem valores de consumo de álcool que não parecem  particularmente sobre os determinantes externos do comportamento
         estar associados a qualquer problema de saúde, a OMS (Organização  e menos sobre os aspectos educacionais.
         Mundial de Saúde) considera que beber sem risco representa, para um   Assim, prevenir é sobretudo ajudar a mudar:
         homem adulto saudável, consumir 24 g de álcool por dia (2,5 dl de vi-  Criando barreiras de acesso ao álcool, disponibilizando bebidas alter-
         nho ou 6 dl de cerveja) distribuído pelas duas refeições, ou 16 g (1,5 dl  nativas, quer quanto à proximidade, quer aos horários, quer aos preços,
         de vinho ou 4 dl de cerveja) no caso da mulher. Considera ser prejudi-  quer às idades mínimas,
         cial o consumo de álcool por menores de 18 anos, por mulheres grávi-  Mudando a valoração dos comportamentos de consumo e das con-
         das ou a amamentar, assim como o de bebidas destiladas.  sequências negativas dos abusos, impedindo a minimização destas e
           Embora a utilização do álcool estivesse ligada tradicionalmente a  aumentando o rigor das sanções.
         um padrão de masculinidade e à entrada na fase adulta, actualmente   No casos de degradação como resultado de um consumo continuado,
         a publicidade procura promover padrões de comportamento associa-  criando as condições para aumentar a percepção de que existe um proble-
         dos ao consumo, como sejam: a procura da novidade, do risco, do ex-  ma, forçando a uma mudança, que pode passar por um tratamento.
         cesso e do prazer imediato.                           A Marinha disponibiliza na UTITA situada na Base Naval de Lisboa,
           Esta tendência manifesta-se na evolução dos padrões de consumo  consultas especializadas para os militares e militarizados com estes pro-
         de álcool pelas mulheres, que se está a aproximar dos valores dos ho-  blemas quer estejam no activo, na reserva ou na reforma, sem marcação
         mens, quer quanto à quantidade consumida, quer quanto ao número  prévia e em qualquer dia útil.
         de embriaguezes e ainda ao consumo progressivamente mais precoce   Prevenir é mudar para comportamentos mais saudáveis!
         (a idade média do primeiro consumo situa-se agora nos 12 anos).  UTITA – Tel 212728187 INT 313472     Z
           Encontramos duas formas problemáticas de utilização do álcool: Te-        (Colaboração da Direcção do Serviço de Saúde)


                                             SAIBAM TODOS


                                                        VACINA

         ¬ Foi recentemente introduzida no mercado português uma vacina   a.  A inscrição para a aquisição da vacina far-se-á por mensagem a
         contra o cancro do colo do útero, cuja administração está recomenda-  dirigir ao Centro de Abastecimento Sanitário (CENTSANMAR),
         da aos jovens do sexo feminino entre os 9 e 26 anos.    identificando o militar / militarizado requisitante e o n.º de bene-
           Esta vacina - a administrar em três doses, a segunda e terceira, res-  ficiária ADM da utente à qual a vacina se destina;
         pectivamente, 2 e 6 meses após a primeira -, sendo bastante dispendiosa   b. Aceitam-se inscrições a partir de 26NOV07;
         (PVP de 480 `, 160 ` por dose), não se encontra actualmente compar-  c.  O fornecimento de cada uma das doses da vacina será desencadea-
         ticipada pelo Serviço Nacional de Saúde.                do por contacto do Centro de Abastecimento Sanitário (CAS) com
           Posto isto, dada a importância em termos de Saúde Pública da reali-  as unidades, organismos ou serviços dos interessados, procedendo
         zação atempada e quanto possível generalizada desta vacinação, e ten-  estes últimos ao respectivo levantamento na Delegação Farmacêu-
         do em vista a preocupação, sempre presente na Marinha, com a saúde   tica do CAS que com o mesmo previamente acordarem, mediante
         e bem estar do seu pessoal e respectivas famílias, informa-se o seguinte:  apresentação de receita médica e cartão de beneficiária ADM em
           - Encontra-se a Marinha disponível, através dos seus Serviços Farma-  nome da destinatária do medicamento, e pagamento integral da
         cêuticos, para proporcionar a aquisição aos militares e militarizados da   dose da vacina em apreço (116 `).
         Marinha ou respectivos familiares - estes, desde que titulares do cartão   Nota: Importa esclarecer que, mesmo no caso de militares ou milita-
         ADM e sob prescrição médica - da vacina contra o cancro do colo do  rizadas como destinatárias da administração da vacina, o fornecimento
         útero em condições de preço mais vantajosas que as praticadas no mer-  não cabe no âmbito do ITSAUD – 2, por se tratar de medicamento não
         cado, devendo os interessados cumprir os seguintes requisitos:  comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde.
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2007  27
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