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N.R.P. “Álvares Cabral” no POST
N.R.P. “Álvares Cabral” no POST
– Portuguese Operational Sea-Training –
INTRODUÇÃO estado do material. Esta avaliação permite es- Ao longo das duas semanas de terra com o
tabelecer o patamar inicial a partir do qual irá navio atracado na Base Naval de Devonport,
“From the start of training, an enthusiastic evoluir o treino do navio. continuaram diversos exercícios em várias áreas,
and wholly positive ships company demons- Após o MASC, as actividades de treino de- com destaque especial para a limitação de ava-
trated their willingness to learn...”. senrolaram-se ao longo de um programa estru- rias (com incêndios de porto), e para a seguran-
ça do navio quando atracado, em
oi com este espírito de per- que foram recriadas situações que
manente disponibilidade, visam preparar o navio a lidar com
F transcrito da mensagem fi- um alargado espectro de situações,
nal do “Flag Officer Sea Training” seja na presença de manifestantes
(FOST), que a fragata “Álvares Ca- inamistosos, seja quando confron-
bral” concluiu mais um exigente tado com ameaça terrorista nas
programa de treino e avaliação suas diversas formas de actuação
no Reino Unido, o “Portuguese (que vão da introdução de enge-
Operational Sea Training” (POST), nhos explosivos a bordo, ao ataque
que decorreu entre 15 de Setem- de viaturas com explosivos, ou ao
bro e 23 de Outubro nas áreas de N.R.P. “Álvares Cabral” atracado em Devonport - P lymouth. ataque por recurso a embarcações
exercício de Plymouth, durante o rápidas, ou a atiradores furtivos).
qual efectuou cerca de 1122 horas de missão, turado e focado nas necessidades que se identi- Ainda no período de terra, o navio actuou na
392 horas de navegação tendo percorrido 4622 ficaram como mais prementes, considerando o prestação de auxílio a uma população vítima de
milhas náuticas. leque de situações em que uma unidade deste catástrofe natural, no decurso do “Disaster Relief
Para a sétima guarnição da “Álvares Cabral” tipo pode vir a ser empenhada. No caso con- Exercise” (DISTEX).
este período de treino apresentava-se como creto da “Álvares Cabral” foi também conside- No DISTEX, a par do elevado nível de coman-
um acrescido desafio: por um lado, assumia-se rada a próxima missão como navio-almirante do e controlo requerido (situação na qual são
como instrumental à preparação para o navio da SNMG1, relevando-se a área de operações projectados para terra mais de cem elementos
desempenhar as funções de navio-almirante do associada a essa missão, com a particular inci- da guarnição e quase cinco toneladas em mate-
Standing NATO Maritime Group 1 (SNMG1) dência em aspectos relacionados com amea- rial), há que saber corporizar a flexibilidade de
durante primeiro semestre de 2009; por outro ças à segurança marítima, nomeadamente a do emprego do pessoal e das valências de bordo,
lado, permitiria validar um novo desenho de terrorismo, tendo presente a vulnerabilidade da num ambiente terrestre.
treino a implementar pela Flotilha, decorrente operação junto a estreitos e choke-points. Já no decurso das semanas de mar, o treino
das recentes alterações ao ciclo operacional das incidiu sobretudo nas áreas das operações na-
fragatas (FFGH). vais e das disciplinas conexas, exercitando-se,
numa primeira fase, cenários contra ameaças
O TREINO simples, e, posteriormente, situações de combate
em ambiente de multi-ameaça integrando uma
O novo modelo de treino das FFGH pres- força naval. Simultaneamente, foram ainda exer-
supõe a realização de um Período de Treino citadas acções de vistoria em navios mercantes,
Operacional (PTO), nacional, de quatro sema- de controlo da navegação mercante, de tiro de
nas (duas de terra e duas de mar), seguido do artilharia contra alvos rebocados e de tiro contra-
POST, desenvolvido ao longo das tradicionais costa. O treino na área da marinharia foi também
seis semanas (duas de terra e quatro de mar). Elemento de Segurança FZ durante ameaça assimétrica. amplamente exercitado, com enfase nas acções
Nesta nova versão o POST contempla, adicio- de reboque e de reabastecimento.
nalmente, a participação na “Weekly War” nas A par do treino no ambiente da “Batalha Ex-
semanas de terra, e uma fase de “free play”, com terna”, está também sempre presente o treino
o navio em Condição Geral 2, a decorrer na úl- em limitação de avarias, de armas e electróni-
tima semana de mar. ca, de logística e na área médica, conjugando,
A “Álvares Cabral” cumpriu um planeamento assim, o ambiente externo com o ambiente de
de transição, em que o PTO de quatro semanas “Batalha Interna”. Tal facto evidencia um mui-
foi substituido por um período de Treino Assis- to complexo e exigente, mas igualmente esti-
tido (TA) de duas semanas (uma de terra e uma mulante, desafio de comando e controlo e de
de mar), realizado em Março do corrente ano, desempenho.
ao qual se seguiu um conjunto de missões du- Equipas Médicas prestando assistência. Cumulativamente, foi profusamente exercita-
rante as quais se procurou complementar as do o relacionamento com órgãos de comunica-
acções de treino necessárias à preparação pré- ção social, factor de acrescida importância nos
via ao POST. actuais quadros de actuação.
Assim, e chegados a Plymouth em 11 de Se- Em síntese, a “Álvares Cabral” atingiu a ava-
tembro, deu-se início a um conjunto de visitas liação global final de “Satisfactory”, iniciada
preliminares de preparação do período de trei- com a classificação de “Safe – Satisfactory”
no, o qual se viria a iniciar, formalmente, em 15 durante o MASC, e atingindo as avaliações nas
de Setembro, com a realização do “Material As- áreas base de “Very Satisfactory” em “Manpo-
sessement and Safety Check” (MASC). Com o wer”, de “Very Satisfactory” em “Equipment”,
MASC visa-se a aferição dos padrões do navio Elementos da equipa de segurança em acção de de “Satisfactory” em “Training” e de “Very Sa-
nos seus aspectos básicos de segurança e do vistori a (a bordo do RFA “Orangeleaf”). tisfactory” em “Sustainability”.
6 DEZEMBRO 2008 U REVISTA DA ARMADA