Page 369 - Revista da Armada
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CONCLUSÃO lência, de onde se destacam a experiência e o cias não só nas FFGH, mas tem sido igualmente
conhecimento do staff do FOST, mas também fonte de difusão deste vasto leque de conheci-
O POST continua a disponibilizar condições pela inquestionavel mais valia em que se tra- mento e experiência às demais unidades da
ímpares de treino, realizadas num quadro de duz o acompanhamento e ligação efectuados Esquadra, ajudando a Marinha a adaptar-se à
grande exigência e complexidade, constituindo- pela equipa da Flotilha destacada no FOST, o crescente exigência e complexidade das mis-
se ainda como um momento único para a práti- PLTEAM. sões que lhes são atribuídas.
ca, teste e validação de novos procedimentos e A frequência do POST tem permitido, ao lon- Z
doutrina. Tal só é possível pelo enquadramento go de anos de participação dos navios portugue- (Colaboração do COMANDO
proporcionado por uma organização de exce- ses, a agregação de conhecimentos e competên- DO NRP “ÁLVARES CABRAL”)
Exercício “LUSÍADA 2008”
Exercício “LUSÍADA 2008”
O Elegível para Evacuação), com o apoio da Uni- mão, procedeu-se ao desembarque dos 48
Já com os navios fundeados em Porti-
“Lusíada 2008” é um ponto de evacuação de PEEVAC (Pessoal
um exercício con-
junto conduzido dade de Mergulhadores, num elevado estado PEEVAC.
pelo EMGFA, envolvendo de alerta de protecção de força. Quando tudo parecia aparentemente mais
os três ramos das FA’s, com Foram transferidas pelo helicóptero orgânico calmo, surgiu na tarde do dia seguinte uma
o propósito de proporcionar Lynx MK95, duas toneladas de material: ten- “piroga”, simulada por uma semi-rígida, com
treino operacional às forças atribuídas à Força das, duas viaturas “moto 4”, dois atrelados e dois elementos desconhecidos embarcados,
de Reacção Imediata (FRI). diverso material contentorizado. a navegar em direcção ao NRP “Côrte-Real”.
No período de 3 a 10 de Novembro, num Entre 06 e 08 de Novembro, foi conduzida “Aviso de ameaça de Superfície Vermelho – Es-
cenário de resposta a uma situação de crise, a fase três (fase de Recolha), num cenário de tado de Alerta 1 em vigor”, foram as palavras
Art.º 5º da Carta das Nações Unidas, o CE- complexidade crescente. Assim, no dia 07 de que soaram ao ETO, testando a organização
MGFA determinou a activação da FRI, tendo interna de defesa contra ameaça terrorista. Jun-
a Componente Naval sido composta pelos to ao navio os dois homens solicitaram auxí-
NRP “Côrte-Real” (navio-chefe), NRP “Jacin- lio, já que a “piroga” começava a meter água,
to Cândido”, pela Força de Desembarque simulando um afundamento, tornando uma
(Companhia de Fuzileiros Nº 21) e Unidade acção defensiva numa acção de salvamento
de Mergulhadores (CDT), comandada pelo no mar. Resgatados os dois indivíduos, foram-
CFR Gonçalves Alexandre, com a missão de -lhes prestados os primeiros-socorros. Os dois
efectuar uma operação de evacuação de cida- indivíduos de “IDASSE” acabaram por solici-
dãos não combatentes (NEO) num país fictício tar asilo político, tendo sido autorizado o seu
“IDASSE” (Algarve). transporte para Portugal.
Tendo em vista apoiar a evacuação dos cida- Em terra, junto do CCE de PAN Portimão, as
dãos através de dois pontos de embarque (PE) interacções com a população a requerer eva-
criados para o efeito, por via marítima e por via cuação continuavam e o trabalho de controlo
aérea, o exercício contou com a instalação de de evacuados por parte da Força de Desem-
dois Centros de Controlo de Evacuados (CCE), barque parecia não abrandar. Para testar aquela
instalados no PAN de Portimão e em Faro. organização, surgiu um pedido de auxílio por
Neste exercício participou ainda o Desta- parte de uma cidadã francesa que tinha entra-
camento de Acções Especiais (DAE) integran- do em trabalho de parto. Foi equacionada a sua
do uma Força de Operações Especiais que evacuação para o NRP “Côrte-Real”, mas era
conduziram um conjunto de acções isoladas, Novembro, e após rapto por parte das FL20 demasiado tarde pois o bebé poderia nascer a
culminando no resgate de um cidadão portu- de um cidadão português, os militares do DAE todo o momento. Desembarcou o médico do
guês sequestrado pelas “Forças de Libertação estiveram empenhados no seu resgate, tendo navio-chefe e foram-lhe prestados os cuidados
20” (FL20). conduzido com enorme êxito essa operação essenciais, ficando o recém-nascido e a mãe
O exercício decorreu em quatro fases, uma junto à praia da Salema. Estiveram igualmente bem de saúde.
inicial, durante o trânsito para a área de opera- envolvidos o CDT, na “Clearance” da praia, e Na madrugada de 09 de Novembro, iniciou-
ções, consistindo na realização de um conjunto o helicóptero “DAXTER”, com a tarefa de pro- -se a quarta e última fase, correspondendo à
de exercícios, tendo como objectivos promover ceder à evacuação do cidadão. A Componente Recolha da Força de Desembarque, embarque
a integração das unidades e melhorar o ades- Naval teve nesta fase um grande empenhamen- de material logístico e retracção para Território
tramento e desempenho da componente naval, to e teste às suas capacidades. Com os navios Nacional, com um total de cento e cinquenta
com vista à concretização da operação NEO. na enseada de Sagres, no dia 07 de Novembro, e um PEEVAC evacuados de IDASSE.
Após a chegada à área de operações, foi ini- a Componente Naval foi envolvida no plano De salientar ainda a visita do Comandante
ciada a segunda fase (fase de Implementação), de evacuação, por via marítima, de quarenta e da FRI, COR Carlos Pereira, à Componente Na-
concretizando-se as acções indispensáveis à oito PEEVAC, a partir da extinta Estação Rádio val na tarde do dia 08 de Novembro, tendo tido
Interdição e Segurança Marítima, assim como Naval de Sagres até ao CCE de Portimão, tendo a oportunidade de visitar o NRP “Côrte-Real”,
à defesa da Componente Naval contra a amea- todos os PEEVAC embarcado no NRP “Jacinto o NRP “Jacinto Cândido” e a Força de Desem-
ça terrorista assimétrica existente, entre os me- Cândido” a partir da Baleeira. barque nas instalações do PAN Portimão.
ridianos de Sagres e Portimão, garantindo as A ameaça foi constante com acções de sa- O exercício “LUSÍADA 2008” constituiu
condições necessárias para a projecção anfíbia botagem, tentativas de infiltração de elemen- uma excelente oportunidade para treino de
da Força de Desembarque e de um dispositivo tos das FL20 junto dos PEEVAC, minagem de Força Naval de projecção anfíbia para opera-
em terra destinado a efectuar a recolha (áreas de praias, ataques aos navios por aeronaves a bai- ções face a situações de crise – evacuação de
concentração – AC) e o processamento dos eva- xa altitude e embarcações a alta velocidade cidadãos não combatentes, testando a capaci-
cuados indicados pela Embaixada Portuguesa. armadas com armamento ligeiro, com perfil dade de resposta e protecção própria num ce-
O desembarque foi efectuado, no PAN Por- suicida, o que permitiu testar a sustentação e nário com permanente ameaça assimétrica.
timão a simular uma área de concentração e resposta da Força Naval. Z
REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2008 7