Page 381 - Revista da Armada
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Na tentativa de contribuir para a definição ambiente externo, de forma a usufruírem das volvimento e realizam esforços decisivos na
do processo de trabalho racional antes referi- oportunidades que apresenta. área da segurança. Desta forma, procuram
do, e com base em investigações próprias re- A postura de manutenção é adoptada quan- garantir a sobrevivência do Estado. Por exi-
centemente concluídas, parece aceitável afir- do, apesar de haver predominância de vulne- gir grandes sacrifícios, a postura de retirada
mar que pode ser iniciado com a conjugação rabilidades, o ambiente proporciona, mesmo não pode ser mantida indefinidamente como
dos resultados das apreciações dos ambien- assim, bastantes oportunidades que podem ser um objectivo nacional permanente do tipo
te interno e externo do país, efectuada, por exploradas. Nesta situação, são lançadas novas “sobreviver por sobreviver”.
exemplo, com recurso à técnica da matriz acções estratégicas que, ao corrigirem as vul- Do exposto resulta que as acções públicas e
SWOT (strenghts, weakness, opportunities, thre- nerabilidades, permitem um desempenho es- privadas devem ser posicionadas segundo as
ats, ou seja, potencialidades, vulnerabilidades, tratégico estável, que garante a continuação da quatro ideias estratégicas identificadas, cor-
oportunidades e ameaças). exploração de oportunidades proporcionadas respondendo cada uma delas a uma deter-
Tendo presente a visão estratégica adop- pelo ambiente externo. A adopção da postura minada postura estratégica nacional. Cabe ao
tada, utiliza-se esta matriz para cruzar as de manutenção está associada, essencialmente, Governo decidir e gerir as principais acções
ameaças e as oportunidades do ambiente aos aspectos económicos e diplomáticos de in- nacionais, de modo a que os objectivos nacio-
externo, com as potencialidades e as vulne- ternacionalização das actividades do país. nais permanentes se encontrem, preferencial-
rabilidades do ambiente interno, de forma A postura defensiva é usada quando se po- mente, na zona de postura ofensiva, evitando,
a obter quatro conjuntos de ideias estraté- dem identificar ameaças, mas o país possui ao máximo, a zona da postura de retirada. É
gicas fundamentais, verdadeiramente alter- um conjunto razoável de potencialidades, que neste contexto que o conceito estratégico na-
nativas e nacionais, destinadas a orientar as lhe permitem conservar a posição alcançada. cional dá orientação sobre o caminho que deve
acções públicas e privadas na construção do Para isso, internamente procura-se consolidar ser seguido e dos esforços que precisam de ser
devir colectivo. Essas ideias estratégicas são as potencialidades e minimizar vulnerabilida- realizados para a materialização dos objectivos
essenciais: no emprego das potencialidades des. Relativamente aos contendores, visa-se nacionais permanentes. Porém, o conceito es-
para usufruir as oportunidades, adoptando maximizar e explorar as suas vulnerabilida- tratégico nacional também é essencial para
uma postura ofensiva; na exploração das des e minimizar e degradar as suas poten- consubstanciar a energia fundamental, o im-
oportunidades para corrigir as vulnerabi- cialidades. A postura defensiva não obriga a pulso permanente e o compromisso de todos
lidades, perfilhando uma postura de ma- grandes reduções nos esforços para alcançar os portugueses para tornar o país bem sucedi-
nutenção; na aplicação das potencialidades os objectivos nacionais permanentes nas áreas do naquelas acções. Para esse efeito, alinha as
para superar ameaças, elegendo uma pos- do progresso e bem-estar. Mostra-se adequa- múltiplas perspectivas dos diferentes grupos
tura defensiva; na correcção das vulnerabi- da para fazer face a dificuldades moderadas, sociais, para que sejam partilhadas por todos,
lidades para superar ameaças, escolhendo quando o risco é enfrentável. requisito essencial para garantir a sua partici-
uma postura de retirada. A postura de retirada é adoptada como úl- pação e compromisso na materialização dos
A postura ofensiva está associada à predo- tima alternativa, quando os ambientes inter- objectivos nacionais permanentes.
minância de oportunidades, que permitem no e externo são adversos, isto é, apresentam, Nestas circunstâncias, conforme refere o
pôr em prática acções estratégicas que tiram respectivamente, um elevado índice de vul- professor Adriano Moreira, sem um novo
partido das potencialidades nacionais, de nerabilidades e ameaças, sendo o risco alto conceito estratégico nacional é muito difícil,
forma a empregá-las, preferencialmente, no e associado a situações de crise ou de declí- senão impossível, a estruturação das acções
exterior. A postura ofensiva mais forte, cor- nio nacional. Numa acção deste tipo, o país públicas e privadas, orientadas para a cons-
responde à intensa diversificação dos empe- concentra todos os seus recursos e apoios na trução de um futuro para Portugal mais se-
nhamentos externos do país. Como tal, só as correcção das principais vulnerabilidades e guro e com maior desenvolvimento.
grandes potências conseguem pôr em práti- na superação das ameaças mais graves, que Z
ca estas acções, que exigem muitos recursos e o podem aniquilar. Para isso, os cidadãos António Silva Ribeiro
capacidades para influenciar decisivamente o abdicam dos seus anseios na área do desen- CALM
XIVª Reunião Internacional de História da Náutica
XIVª Reunião Internacional de História da Náutica
o passado mês de Outubro, teve lugar no Palavra a Profª. Doutora Maria da Nazaré Mendes
Departamento de Matemática da Facul- Lopes, Presidente do Departamento de Matemá-
Ndade de Ciências e Tecnologia da Univer- tica, e o Prof. Doutor Francisco Contente Domin-
sidade de Coimbra, a XIVª Reunião Internacional de gues, Presidente da Comissão Internacional de
História da Náutica, contando com a presença de História da Náutica. Seguiram-se três intensos dias
trinta e seis conferencistas, representando países de trabalho, com sessões que abordaram temas de
como Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Uni- arqueologia e construção naval, cartografia, ciência
dos, Hungria, Itália, Marrocos, México, Portugal e náutica (propriamente dita), historiografia e outros
Reino Unido. O estudo e investigação no âmbito temas associados às explorações marítimas e na-
da História da Náutica é algo que nos transporta vegações do passado, suscitando debates vivos e
aos fundamentos científicos do que foi a activida- diversificados, como seria de esperar do amplo
de marítima ao longo dos séculos, e interessa par- leque de nacionalidades presentes.
ticularmente à nossa Marinha, que sempre apoiou A Marinha Portuguesa marcou a sua presen-
esta disciplina. ça nas sessões, com as conferências feitas por seis
Os trabalhos abriram no dia 23, pelas 10 horas, Oficiais, e com a colaboração permanente de dois
com uma sessão solene presidida pelo Prof Doutor Luís Meneses, re- cadetes da Escola Naval no respectivo secretariado. Na noite de dia
presentante do Reitor da Universidade de Coimbra e Vice-Presidente 25 – terminados que foram os trabalhos – teve lugar no Convento de
do Conselho Directivo da Faculdade de Ciências e Tecnologia que sau- S. Francisco um excelente concerto da Banda da Armada organizado
dou os presentes dando-lhes as boas vindas e salientando a satisfação em colaboração com a Empresa Municipal de Turismo de Coimbra.
da Universidade e da Faculdade em ter presente uma reunião que re- O espectáculo foi aberto à população, contou com a presença do Pre-
pete, quarenta anos depois, a iniciativa levada a cabo pelos Professores sidente da Câmara de Coimbra, Dr. Carlos Encarnação.
Armando Cortesão e Luís Albuquerque. Na mesma sessão usaram da Z
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