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Na tentativa de contribuir para a definição  ambiente externo, de forma a usufruírem das  volvimento e realizam esforços decisivos na
         do processo de trabalho racional antes referi-  oportunidades que apresenta.  área da segurança. Desta forma, procuram
         do, e com base em investigações próprias re-  A postura de manutenção é adoptada quan-  garantir a sobrevivência do Estado. Por exi-
         centemente concluídas, parece aceitável afir-  do, apesar de haver predominância de vulne-  gir grandes sacrifícios, a postura de retirada
         mar que pode ser iniciado com a conjugação  rabilidades, o ambiente proporciona, mesmo  não pode ser mantida indefinidamente como
         dos resultados das apreciações dos ambien-  assim, bastantes oportunidades que podem ser  um objectivo nacional permanente do tipo
         te interno e externo do país, efectuada, por  exploradas. Nesta situação, são lançadas novas  “sobreviver por sobreviver”.
         exemplo, com recurso à técnica da matriz  acções estratégicas que, ao corrigirem as vul-  Do exposto resulta que as acções públicas e
         SWOT (strenghts, weakness, opportunities, thre-  nerabilidades, permitem um desempenho es-  privadas devem ser posicionadas segundo as
         ats, ou seja, potencialidades, vulnerabilidades,  tratégico estável, que garante a continuação da  quatro ideias estratégicas identificadas, cor-
         oportunidades e ameaças).          exploração de oportunidades proporcionadas  respondendo cada uma delas a uma deter-
           Tendo presente a visão estratégica adop-  pelo ambiente externo. A adopção da postura  minada postura estratégica nacional. Cabe ao
         tada, utiliza-se esta matriz para cruzar as  de manutenção está associada, essencialmente,  Governo decidir e gerir as principais acções
         ameaças e as oportunidades do ambiente  aos aspectos económicos e diplomáticos de in-  nacionais, de modo a que os objectivos nacio-
         externo, com as potencialidades e as vulne-  ternacionalização das actividades do país.  nais permanentes se encontrem, preferencial-
         rabilidades do ambiente interno, de forma   A postura defensiva é usada quando se po-  mente, na zona de postura ofensiva, evitando,
         a obter quatro conjuntos de ideias estraté-  dem identificar ameaças, mas o país possui  ao máximo, a zona da postura de retirada. É
         gicas fundamentais, verdadeiramente alter-  um conjunto razoável de potencialidades, que  neste contexto que o conceito estratégico na-
         nativas e nacionais, destinadas a orientar as  lhe permitem conservar a posição alcançada.  cional dá orientação sobre o caminho que deve
         acções públicas e privadas na construção do  Para isso, internamente procura-se consolidar  ser seguido e dos esforços que precisam de ser
         devir colectivo. Essas ideias estratégicas são  as potencialidades e minimizar vulnerabilida-  realizados para a materialização dos objectivos
         essenciais: no emprego das potencialidades  des. Relativamente aos contendores, visa-se  nacionais permanentes. Porém, o conceito es-
         para usufruir as oportunidades, adoptando  maximizar e explorar as suas vulnerabilida-  tratégico nacional também é essencial para
         uma postura ofensiva; na exploração das  des e minimizar e degradar as suas poten-  consubstanciar a energia fundamental, o im-
         oportunidades para corrigir as vulnerabi-  cialidades. A postura defensiva não obriga a  pulso permanente e o compromisso de todos
         lidades, perfilhando uma postura de ma-  grandes reduções nos esforços para alcançar  os portugueses para tornar o país bem sucedi-
         nutenção; na aplicação das potencialidades  os objectivos nacionais permanentes nas áreas  do naquelas acções. Para esse efeito, alinha as
         para superar ameaças, elegendo uma pos-  do progresso e bem-estar. Mostra-se adequa-  múltiplas perspectivas dos diferentes grupos
         tura defensiva; na correcção das vulnerabi-  da para fazer face a dificuldades moderadas,  sociais, para que sejam partilhadas por todos,
         lidades para superar ameaças, escolhendo  quando o risco é enfrentável.  requisito essencial para garantir a sua partici-
         uma postura de retirada.             A postura de retirada é adoptada como úl-  pação e compromisso na materialização dos
           A postura ofensiva está associada à predo-  tima alternativa, quando os ambientes inter-  objectivos nacionais permanentes.
         minância de oportunidades, que permitem  no e externo são adversos, isto é, apresentam,   Nestas circunstâncias, conforme refere o
         pôr em prática acções estratégicas que tiram  respectivamente, um elevado índice de vul-  professor Adriano Moreira, sem um novo
         partido das potencialidades nacionais, de  nerabilidades e ameaças, sendo o risco alto  conceito estratégico nacional é muito difícil,
         forma a empregá-las, preferencialmente, no  e associado a situações de crise ou de declí-  senão impossível, a estruturação das acções
         exterior. A postura ofensiva mais forte, cor-  nio nacional. Numa acção deste tipo, o país  públicas e privadas, orientadas para a cons-
         responde à intensa diversificação dos empe-  concentra todos os seus recursos e apoios na  trução de um futuro para Portugal mais se-
         nhamentos externos do país. Como tal, só as  correcção das principais vulnerabilidades e  guro e com maior desenvolvimento.
         grandes potências conseguem pôr em práti-  na superação das ameaças mais graves, que                  Z
         ca estas acções, que exigem muitos recursos e  o podem aniquilar. Para isso, os cidadãos   António Silva Ribeiro
         capacidades para influenciar decisivamente o  abdicam dos seus anseios na área do desen-            CALM



             XIVª Reunião Internacional de História da Náutica
             XIVª Reunião Internacional de História da Náutica

               o passado mês de Outubro, teve lugar no                       Palavra a Profª. Doutora Maria da Nazaré Mendes
               Departamento de Matemática da Facul-                          Lopes, Presidente do Departamento de Matemá-
         Ndade de Ciências e Tecnologia da Univer-                           tica, e o Prof. Doutor Francisco Contente Domin-
         sidade de Coimbra, a XIVª Reunião Internacional de                  gues, Presidente da Comissão Internacional de
         História da Náutica, contando com a presença de                     História da Náutica. Seguiram-se três intensos dias
         trinta e seis conferencistas, representando países                  de trabalho, com sessões que abordaram temas de
         como Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Uni-                        arqueologia e construção naval, cartografia, ciência
         dos, Hungria, Itália, Marrocos, México, Portugal e                  náutica (propriamente dita), historiografia e outros
         Reino Unido. O estudo e investigação no âmbito                      temas associados às explorações marítimas e na-
         da História da Náutica é algo que nos transporta                    vegações do passado, suscitando debates vivos e
         aos fundamentos científicos do que foi a activida-                   diversificados, como seria de esperar do amplo
         de marítima ao longo dos séculos, e interessa par-                  leque de nacionalidades presentes.
         ticularmente à nossa Marinha, que sempre apoiou                      A Marinha Portuguesa marcou a sua presen-
         esta disciplina.                                                    ça nas sessões, com as conferências feitas por seis
           Os trabalhos abriram no dia 23, pelas 10 horas,                   Oficiais, e com a colaboração permanente de dois
         com uma sessão solene presidida pelo Prof Doutor Luís Meneses, re-  cadetes da Escola Naval no respectivo secretariado. Na noite de dia
         presentante do Reitor da Universidade de Coimbra e Vice-Presidente  25 – terminados que foram os trabalhos – teve lugar no Convento de
         do Conselho Directivo da Faculdade de Ciências e Tecnologia que sau-  S. Francisco um excelente concerto da Banda da Armada organizado
         dou os presentes dando-lhes as boas vindas e salientando a satisfação  em colaboração com a Empresa Municipal de Turismo de Coimbra.
         da Universidade e da Faculdade em ter presente uma reunião que re-  O espectáculo foi aberto à população, contou com a presença do Pre-
         pete, quarenta anos depois, a iniciativa levada a cabo pelos Professores  sidente da Câmara de Coimbra, Dr. Carlos Encarnação.
         Armando Cortesão e Luís Albuquerque. Na mesma sessão usaram da                                        Z
                                                                                    REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2008  19
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