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O NRP “Álvares Cabral” na SNMG1
O NRP “Álvares Cabral” na SNMG1
Viagem de Circum-Navegação a África Conclusão
Viagem de Circum-Navegação a África
A navegaram apenas com o apoio de um rea- tiveram-se muito centradas na recolha de
As tarefas implícitas para a fase seis man-
sexta, e última, fase da viagem de cir-
bastecedor, e dispunham de um único heli-
cum-navegação ao Continente Afri-
cano do Standing NATO Maritime cóptero orgânico – o LYNX (SONIC) da “Ál-
informação (Maritime Situation Awareness
Group 1 (SNMG1), começou com a entra- vares Cabral” -, o qual foi precioso, não só - MSA), uma vez que, recordo, esta foi uma
da dos navios no Mar Vermelho, e terminou, como instrumento de acção táctica da força, missão probatória e que tinha como objec-
após a passagem do Canal do Suez, com o mas também na flexibilidade que permitiu tivo principal o de reconhecer as caracte-
inicio do trânsito para Creta, já no Mar Medi- no apoio médico, movimentando pessoal rísticas destas áreas de operações para po-
terrâneo. Cumprido este passo, o já anterior- da área de saúde e doentes entre os navios, tenciar a execução de futuras missões da
mente mencionado objectivo de levar seis Aliança na região.
navios, de seis países diferentes, ao longo O plano inicialmente estabelecido para
de 12000 milhas, com apenas duas escalas, a operação no Mar Vermelho foi alterado
ficava alcançado. pela necessidade emergente de empenhar
Reflictamos, a este propósito, no desafio a força nas tarefas de busca e salvamento
que esta missão constituiu. Os países da quando da erupção do vulcão da ilha Ie-
costa africana são na sua generalidade menita de Jazirat At Tai’r.
pobres, oferecem poucas garantias Os primeiros sinais daquela erupção
do ponto de vista médico-sanitário fizeram-se sentir logo na manhã do
e dispõem de reduzidas facilidades dia 30 de Setembro, sob a forma de
de apoio logístico. As condições uma notícia que indicava ter havido
ambientais são desfavoráveis para uma forte explosão numa ilha ao lar-
a operação e condução da genera- go do Iémen. Nesta altura, a “Á lvares
lidade dos equipamentos, afectan- Cabral”, em companhia do navio
do muito em especial as unidades Holandês Evertson, encontrava -se a
de refrigeração. Os motores diesel navegar a cerca de sessenta milhas a
registam uma significativa perda de norte dos restantes navios da força, e
rendimento e só podem ser usados em foi instruída para registar e comunicar
baixos regimes. qualquer situação anómala que detectas-
Com temperaturas de água do mar na se. Na tarde do mesmo dia, ao largo da já
ordem dos trinta e cinco graus centígrados, referida ilha e ainda com luz do dia, pu-
verifica-se uma diminuição muito acentuada deram observar-se diversos clarões, que se
no débito dos sistemas de ar-condicionado, atribuíam a explosões de origem vulcânica,
e um expressivo aumento das temperaturas conduzindo MEDEVAC’s, ou transportando as quais, apesar da distância a que os na-
nos contentores dos sistemas electrónicos. material e sobressalentes entre unidades, e/ vios se encontravam – fora da fronteira das
As condições de funcionamento dos rada- ou a partir de terra. águas territoriais das doze milhas – eram
res têm de ser cuidadosamente monitoriza- No seu total, o SONIC voou cerca de 95 perfeitamente visíveis tendo possibilitado
das, e sendo de admitir que não é possível horas, sem ter tido qualquer tipo de avaria a captação de imagens em suporte digital
garantir a sua operação em contínuo, ma- que afectasse a sua operacionalidade e o im- e o seu imediato envio ao CSNMG1 atra-
terializa-se a necessidade de gerir criterio- pedisse de voar, um registo impressionante e vés de um e-mail seguro (NATO SECRET
samente os períodos em que é imperioso que prova a grande fiabilidade destas aerona- WAN). Pese embora a situação parecesse
mantê-los em activo. Os navios da SNMG1 ves se devidamente mantidas e operadas. rodear -se de alguma gravidade, os primeiros
“Sonic Flight”, o único helicóptero embarcado da SNMG1 e o navio holandês HNLMS “Evertson” em fundo.
6 FEVEREIRO 2008 U REVISTA DA ARMADA