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BICENTENÁRIO DA PARTIDA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL
1807: O Embarque da Família Real para o Brasil
1807: O Embarque da Família Real para o Brasil
Inauguração da Exposição
om a presença da Ministra da Cultura tórica e Geográfica é embarcado na nau Con- Existindo no Museu de Marinha o Bergan-
e do Almirante Chefe do Estado-Maior de D. Henrique e ainda hoje existe no Arquivo tim Real e a Galeota Grande, representados
Cda Armada teve lugar no passado dia Histórico da Marinha a relação desse material naquela obra, foi solicitado ao Museu dos
28 de Novembro a inauguração da exposi- embarcado. Coches o empréstimo da Berlinda D. Maria I,
ção 1807: O Embarque da Família Real para Em 26 de Novembro o Governo tem conhe- do Sege dos Óculos e da Cadeirinha, também
o Brasil. cimento que as forças franco-espanholas passa- representados no quadro, e existentes naque-
A exposição, integrada na evocação le Museu.
das Invasões Francesas e da Trans- Reuniu-se assim um conjunto de
ferência da Corte para o Brasil, vem cinco magníficas peças do Patrimó-
completar o ciclo de exposições tem- Foto 1SAR FZ Pereira nio Nacional evocativas daquele acon-
porárias sobre a Marinha Portuguesa tecimento.
no virar do séc. XIX e que se iniciara A este conjunto de peças juntaram-se
em Julho com a abertura ao publico dois modelos de navios da época; o da
da exposição O Marquês de Nisa, um nau Príncipe Real e o de uma fraga-
Almirante Português entre Nelson e ta inglesa, construída em osso, gentil-
Napoleão, e que representa a acção da mente cedidas pelos seus proprietá-
Armada Real nos finais do séc. XVIII, rios para figurarem neste evento.
nomeadamente, o seu envolvimento Completam a exposição várias pe-
nas lutas contra a França. ças e documentos da época, uma re-
Ao contrário daquela exposição, A Ministra da Cultura e o Almirante CEMA na abertura da Exposição. produção ampliada do quadro de Ni-
constituída quase exclusivamente por patrimó- ram a fronteira e dá a ordem de embarque. colas Deleride, alguns painéis explicativos, um
nio da Marinha (Museu e Biblioteca), para esta Os ventos de SW impediriam os navios mapa da viagem, uma maqueta do embarque
o Museu de Marinha contou com a colaboração de sair a barra do Tejo o que só vai aconte- (produzida especialmente põe maquetistas do
de várias instituições e particulares, nomeada- cer no dia 29 de Novembro, quando Junot e GAMMA) e um quadro também representan-
mente, o Museu Nacional dos Coches que ce- os 1.500 homens da sua vanguarda estão em do a nau Príncipe Real onde a rainha fez a sua
deu dois coches e uma cadeirinha aqui apresen- Sacavém. viagem para o Brasil e que foi recentemente
tados; o Centro Cultural de Belém cedeu os dois Napoleão perdia deste modo os dois gran- oferecido ao Museu pelo seu autor o coman-
cavalos que aparelham os coches; a Comissão des objectivos de invasão: não aprisionava a dante Anjos Branco.
200 Portugal Brasil que elaborou e divulgou o Rainha e não se apoderava dos navios por- Uma menção muito especial à Marinha do
Spot Televisivo; o Sr. Eng.º Posser de Andrade, tugueses. Brasil que, desejando associar-se a esta inicia-
cedeu o modelo da Nau Príncipe Real; o Sr. Dr. A este embarque podemos associar duas tiva, nos enviou um conjunto valioso de peças
João Rebelo Carvalho, cedeu o magnífico mo- questões importantes da realidade do Reino que permitiram completar a nossa exposição
delo em osso da fragata inglesa. de Portugal. Por um lado a existência de um com dados sobre a chegada e a permanência
Nos primeiros anos do séc. XIX a França pro- poder marítimo de nível europeu que permi- da Corte no Brasil até 1821.
tagoniza mais uma tentativa de hegemonia da tiu realizar a operação. Por outro lado, o pro- A importância da contribuição Brasileira
Europa impondo pela força das armas a sua jecto de salvaguarda da soberania que desde levou à decisão de construir um segundo nú-
influência e a sua vontade às monar- cleo expositivo com o material que nos
quias europeias. chegou do Brasil e veio sem duvida
Após as vitórias sobre a Prússia e tornar mais rica esta mostra e permi-
sobre a Rússia em 1806, faltava ape- Foto Cabo L Figueiredo tir iniciar uma frutuosa colaboração
nas Napoleão apoderar-se de Portu- entre os Museus das Marinhas dos
gal para impedir os navios ingleses de dois países.
utilizar qualquer porto do continente Para além das entidades já cita-
europeu, através do Bloqueio Conti- das, assistiram à cerimónia mais de
nental decretado em Novembro de duas centenas de convidados de que
1806 e reiterado em Julho de 1807. se realçam o Duque de Bragança,
Em Setembro de 1807 é mandado D. Duarte Pio, os embaixadores do
verificar o estado de aprontamento da Brasil e do Reino Unido, o Prefeito do
frota portuguesa, verificando-se que Pormenor da Exposição. Rio de Janeiro, muitos oficiais da Ar-
apenas um pequeno número de unida- mada e Directores de Museus; permi-
de necessita completar o seu abastecimento. a Guerra de Sucessão de Espanha, no início to-me salientar a presença de uma Delegação
Em Outubro são mandados regressar a Lis- do séc. XVIII, previa a retirada do Monarca da Marinha do Brasil, com os comandantes do
boa os navios da Esquadra do Estreito basea- para fora do território Europeu em caso de in- Corpo de Fuzileiros e da Escola Naval e o Di-
da em Gibraltar. Por um lado evitava-se que vasão do País. rector do Museu Naval do Brasil que visitaram
fossem tomados pelos ingleses, como suce- A exposição que pretende recordar este em- Portugal a convite do Almirante CEMA.
deu com os navios dinamarqueses; por outro barque da família Real, há 200 anos atrás, foi As exposições ficarão abertas ao público até
preparavam-se com tempo, para integrarem a baseada no quadro de Nicolas Deleride exis- 16 de Março de 2008 devendo depois seguir
frota que seguiria para o Brasil. tente no Museu Nacional dos Coches e que re- para o Brasil.
O material da Academia Real dos Guar- presenta o embarque da Rainha D. Maria I e do Z
das-Marinhas e da Sociedade Marítima His- Príncipe Regente D. João (futuro D. João VI). (Colaboração do Museu de Marinha)
REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2008 11