Page 11 - Revista da Armada
P. 11

e como o signatário teve a oportunidade de     forçou a necessidade do programa MNMIS           soleta, dizendo os mais otimistas que depois
referir numa apresentação durante o MAR-       para a futura utilização do TRITON pelas         de 2018 não haverá mais MCCIS e este será
COMET 2012 (encontro anual dos Coman-          Nações, salientando a necessidade de haver       substituído pelo TRITON. Algumas das Na-
dantes Navais) em Roma, em abril passado,      uma Nação que se oferecesse para liderar         ções NATO, entre elas Portugal através da
a MISC em Lisboa seria fundamental para o      este programa multinacional. Esta proposta       Marinha, usam o MCCIS como a principal
desenvolvimento do FMIS, devendo daí, sair     não foi aceite pelos mais de 100 participan-     ferramenta operacional de Comando e Con-
propostas concretas para o programa MN-        tes na Conferência. Muitos deles defenderam      trolo marítimos.
MIS. Além disso, e como estabelecido pelo      que a MISC, tal como funciona agora, é o
ACT, seriam ainda revistos os requisitos ope-  forum apropriado para desenvolver o FMIS.         Face a esta realidade, Portugal e a Marinha
racionais do sistema TRITON, permitindo às     Nas conclusões da Conferência é explícita a      têm que estar atentas face à sua dependência
Nações NATO apresentar as suas propostas,      vontade de a MISC ser o forum que coorde-        do MCCIS. Para já não há a vontade de de-
ficando assim dentro do processo de desen-     na o desenvolvimento do sistema TRITON           senvolver o programa MNMIS. Mas o FMIS
volvimento deste sistema. No final da Confe-   com as Nações NATO. Dir-se-ia que aqui o         tem que avançar seja qual for a forma para o
rência, seria submetido à NCIA um relatório    conceito de Smart Defence não vingou.            fazer. As questões levantadas pelas Nações
com as propostas emanadas pelas Nações.                                                         e expostas anteriormente continuam sem
                                                Face a este acordo generalizado dos parti-      respostas.
 O primeiro objetivo, revisão dos requisitos   cipantes na MISC, o signatário propôs que se
operacionais do TRITON, foi atingido na        estabelecessem Termos de Referência para o        Concluindo, a MISC continuará a ter um
plenitude; Itália, que coordenou estes tra-    funcionamento da MISC por forma a acolher        papel de relevância para facilitar a cola-
balhos, elaborou o respetivo Relatório Final.  o MNMIS nos moldes aprovados no plená-           boração de todos os agentes NATO (ACT,
Antes da Conferência, poucas foram as Na-      rio, proposta que foi aceite. Esta será uma ta-  ACO, NCIA, futuro Comando Marítimo da
ções NATO que contribuíram com propos-         refa a desenvolver para a próxima MISC Fall      NATO (MARCOM) em Northwood e Na-
tas. Portugal, através do EMGFA e da Mari-     2012 a realizar na Alemanha.                     ções NATO) no desenvolvimento do FMIS e
nha, foi dos poucos países a fazer o trabalho                                                   concomitantemente do sistema TRITON.
de casa e a apresentar propostas concretas.     Em jeito de conclusão, dir-se-ia que o se-
No entanto, durante a Conferência houve        gundo objetivo foi atingido de acordo com        		                                    Paulo Sousa Costa
uma maior participação das Nações e hoje o     a vontade das Nações (ou pelo menos dos                                                              CMG
ACT pode dizer com toda a autoridade que       representantes das Nações). É assim o fun-
a NATO e as Nações NATO estiveram envol-       cionamento normal da NATO – a NATO de-                                                 Chairman da MISC
vidas no processo de desenvolvimento dos       senvolve aquilo que as suas Nações querem.
requisitos operacionais do TRITON.                                                              Notas
                                                Há no entanto um ponto importante que
 O segundo objetivo, proposta para o futuro    todos aqueles que lidam com as ativida-          1NATO Secretary-General Document PO(2012)0101,
da MISC, do FMIS e do programa MNMIS,          des operacionais marítimas concordam: o          de 19 de março de 2012.
não foi atingido de acordo com os deside-      MCCIS é uma ferramenta operacional com           2“Strategic Concept For the Defence and Security of The
ratos do ACT. Este comando estratégico re-     mais de 20 anos, que está a ser utilizada no     Members of the North Atlantic Treaty Organisation” adota-
                                               máximo da sua capacidade e que está ob-          do pelos Chefes de Estado e de Governo em Lisboa 2010.

GRUPO ESTRATÉGICO PARA A PROTEÇÃO PORTUÁRIA

R PRIMEIRA REUNIÃO INTERNACIONAL
ealizou-se no passado dia 24 de outu-          do Material, entre outros. Para além dos dele-   comum de modo a criar um “sistema dos siste-
bro de 2012, em Lisboa, a primeira reu-        gados nacionais e da NATO, a reunião contou      mas”. No final deste encontro foram aprovadas
nião internacional do Grupo Estratégico        com a presença de representantes de nove pa-     as linhas gerais orientadoras do planeamento
para a Proteção Portuária, no âmbito da lideran- íses aliados, de um centro de investigação e de das atividades com outros países e com os dife-
ça de Portugal do projeto “Harbour Protection” um centro de excelência NATO, que em muito rentes organismos da NATO envolvidos no de-
da iniciativa “Smart Defence” da NATO.         contribuiram para o sucesso da mesma.            senvolvimento deste programa multinacional.
A iniciativa “Smart Defence” decorre do                                                                          A liderança nacional no desenvolvi-
atual quadro económico e financeiro inter-                                                      Foto Júlio Tito  mento deste projeto confere à Marinha,
nacional e tem como objetivo auxiliar os                                                                         através do GEPP, uma responsabilidade
países aliados a reduzir os investimentos na                                                                     acrescida na aplicação neste programa
área da defesa através do desenvolvimento                                                                        do seu modelo e das suas ferramentas
de projetos de cooperação multinacional                                                                          de planeamento estratégico, e a Portu-
para colmatar as atuais lacunas de capaci-                                                                       gal uma enorme visibilidade internacio-
dades. O projeto “Harbour Protection” visa                                                                       nal, pela importância operacional que a
edificar uma nova capacidade militar para                                                                        NATO passou a atribuir à defesa portuá-
os países da NATO, através do desenvolvi-                                                                        ria expedicionária.
mento de um sistema modular para prote-                                                                          A Marinha, como habitualmente, as-
ção de portos, composto por sistemas de                                                                          sumirá a liderança deste projeto com
comando e controlo, equipas de vigilância,                                                                       firmeza e rigor institucional, encontran-
sensores e armas, pronto para ser empregue em Na reunião foi analisada a perspetiva nacional do, dentro de um quadro de racionalização e
qualquer parte do mundo.                       para a edificação desta capacidade, incluindo a optimização dos recursos existentes, as linhas
Portugal, através da Marinha, assumiu a lide- sua definição conceptual, os elementos base e de ação necessárias à edificação desta capa-
rança desde projeto e organizou a primeira reu- os seus requisitos operacionais. Os participan- cidade, atuando fundamentalmente como um
nião internacional do Grupo Estratégico para a tes na reunião tiveram também a oportunidade dinamizador, facilitador de esforços e orienta-
Proteção Portuária (GEPP) que conta com repre- de conhecer diversos sistemas internacionais dor de políticas.
sentantes do Estado-maior da Armada, do Co- já existentes no âmbito da proteção portuária,
mando Naval, da Direção-Geral de Autoridade de modo a aproveitar as sinergias já existentes
Marítima e da Superintendência dos Serviços e enformá-las por uma política de exploração                                              L. Carmo Falcato
                                                                                                                                                 CTEN

                                                                                                REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 2013 11
   6   7   8   9   10   11   12   13   14   15   16