Page 10 - Revista da Armada
P. 10
A LISBON NATO MARITIME INFORMATION SERVICES CONFERENCE
PERSPETIVAS DE EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
EM AMBIENTE MARÍTIMO
Lisboa acolheu a Maritime Information responsabilidade de desenvolver e implementar d. Irá a NATO propor acordos legais para uma
Services Conference (MISC) entre os o sistema TRITON, a recém-criada NATO Com- efetiva troca de informação marítima entre as
dias 1 e 4 de maio. A MISC pretendeu munication and Information Agency (NCIA). Nações NATO?
atingir dois objetivos principais:
1. Rever os requisitos operacionais do futu- FUTURE MARITIME e. Se o TRITON é para ser usado pela NATO e
ro sistema de comando e controlo marítimos INFORMATION SERVICES pelas Nações NATO, por que motivo as Nações
da NATO, o TRITON; não estão no processo?
2. Aprovar uma proposta do NATO Allied Ao longo do desenvolvimento deste processo,
Command Transformation (ACT) para o futu- o ACT foi divulgando as suas iniciativas em di- O ACT, ciente não só da falta de envolvimen-
ro da MISC, do Future Maritime Information versos fora internacionais de que são exemplo to das Nações, bem como da pertinência das
Services (FMIS) e do programa Multinational as duas MISC anteriores, em Halifax (maio de questões, avançou com uma nova proposta, o
Maritime Information Services (MNMIS). 2011) e Berlim (novembro de 2011), e diversos Future Maritime Information Services. O FMIS
Se por um lado o primeiro objetivo foi atingi- outros eventos NATO tais como TIDESPRINT, tem como principal projeto o desenvolvimen-
do e da MISC resultou uma proposta de revisão WEBEX e MC3CaT. Em todos estes eventos foi to e implementação do sistema TRITON numa
dos requisitos operacionais para o TRITON, já o percetível o seguinte: perspetiva DOTMLPFI (acrónimo NATO que
segundo objetivo não foi atingido, tendo as significa Doctrine, Organization, Training,
Nações rejeitado as propostas do ACT. De Material, Leadership, Personnel, Facilities and
facto, da MISC resultaram propostas para o
futuro da MISC, FMIS e MNMIS, mas com Interoperability). A melhor forma que en-
ideias diferentes do ACT. controu para envolver as Nações, foi atra-
Vamos por partes. Comecemos por apre- vés do programa MNMIS, que em seguida
sentar o histórico de todo o processo nas se explica.
diferentes vertentes.
De registar que o Secretário-Geral da
CAPABILITY PACKAGE NATO, Anders Fogh Rasmussen, remeteu
ao NAC uma proposta para aprovação do
FMIS1, a qual foi aprovada no passado dia
29 de março. Assim FMIS é hoje ‘Lei’ no
seio da NATO.
Em janeiro de 2008 o Comité Militar da MULTINATIONAL
NATO aprovou a criação de um conceito MARITIME INFORMATION
NATO para a Maritime Situational Awa- SERVICES
reness (MSA Concept). Neste âmbito, em
16 de dezembro de 2011, o North Atlan- O Conceito Estratégico da NATO, apro-
tic Council (NAC) aprovou o instrumento vado na Cimeira de Lisboa em 2010, es-
financeiro (Capability Package 9C0107 tabelecia que “We will … develop and
- CP107) que irá permitir o desenvolvi- operate capabilities jointly, for reasons of
mento dos programas que irão providen- cost-effectiveness …”2. Nesse sentido, a
ciar informação operacional nas diferentes NATO desenvolveu o conceito Smart De-
áreas funcionais para os comandos NATO fence, cujo objetivo é o de obter uma me-
exercerem o seu comando e controlo e exe- lhor eficiência no investimento em defesa
cutarem a sua missão. Assim, a NATO pas- e segurança. Para a sua concretização, os
sou a dispor de 125 milhões de euros dos Ministros da Defesa aprovaram o estabele-
quais 13 milhões serão para investimento cimento de uma Task Force para a edifica-
na componente marítima. ção de capacidades através de abordagens
multinacionais e inovadoras. Foi assim es-
TRITON E OS SEUS O conceito do FMIS tabelecida a designada Multinational and
REQUISITOS Innovative Approaches Task Force (MNA
OPERACIONAIS 1. As Nações NATO não estiveram envolvidas TF) sob a liderança do ACT.
de forma ativa no processo de desenvolvimento Neste âmbito, o ACT recomendou o pro-
O maior projeto na componente marítima da dos requisitos operacionais do TRITON, e não se grama MNMIS com o objetivo de estabelecer
CP107 é o desenvolvimento e implementação vislumbrava o seu envolvimento futuro; um forum para facilitar a cooperação entre a
do sistema TRITON, que visa substituir o popu- 2. As Nações NATO tinham um conheci- NATO e as Nações NATO para o desenvolvi-
lar sistema Maritime Command and Control In- mento muito reduzido do sistema TRITON e mento e implementação FMIS.
formation System (MCCIS) em uso na NATO e levantaram uma série de questões relacionadas
pelos aliados, adicionando ainda funcionalida- com o seu desenvolvimento e implementação, A MARITIME INFORMATION
des ao protótipo MSA (MSA Prototype), desen- designadamente: SERVICES CONFERENCE EM
volvido pelo ACT entre 2008 e 2010, em uso a. Os requisitos operacionais do TRITON se- LISBOA (MAIO DE 2012)
nos Comandos Marítimos NATO em Naples e rão pelo menos os mesmos que existem actual-
Northwood. mente no sistema MCCIS e no MSA Prototype? Feita a abordagem histórica de todo o pro-
O ACT dentro das suas funções e responsa- b. Será o TRITON suficientemente interoperá- cesso nas diferentes vertentes, passemos pois
bilidades, desenvolveu os requisitos operacio- vel com outros sistemas existentes? à MISC de Lisboa.
nais para o sistema TRITON, num documento c. As Nações vão ter que pagar mais pelo TRI-
designado Project Mandate, e que serão agora TON? O que está planeado relativamente às Esta Conferência surge numa altura em que
trabalhados pelo organismo NATO que irá ter a licenças para o TRITON? estão a decorrer grandes desenvolvimentos
na atividade marítima da NATO. Com efeito,
10 FEVEREIRO 2013 • REVISTA DA ARMADA