Page 28 - Revista da Armada
P. 28
VIGIA DA HISTÓRIA 52
CÓDIGO DE SINAIS
Tanto na Biblioteca Central da Marinha
como na Biblioteca da Ajuda existem casos do Arsenal e da Cábrea e que na Torre quanto à preparação da defesa. As respos-
dois manuscritos iguais que julgo ser das Chagas se deveriam usar tigelas ou pe- tas a estas perguntas encontram-se à parte,
dos primeiros códigos de sinais em uso em quenos alguidares com o material usado para resumindo-se a Sim (Bandeira Igual a Todas)
Portugal 1. as luminárias. e Não (Bandeira de Cifra) e se for necessário
indicação de número, à bandeira correspon-
Datados de 1796 e 1797 têm por título As recomendações que se acabam de refe- dente ao número juntamente com um galhar-
“Signaes que a Raynha Nossa Senhora Man- rir fazem supor que todo o processo era novo dete para significar tratar-se de resposta.
da Estabelecer, e executar em algumas Forta- e, até então, não praticado.
lezas, e outros sítios”. Os sinais 47 e 49 representam ordens, rela-
O código de 1796 incluía 3 bandeiras e três cionadas com a defesa do Porto.
Apesar de terem o mesmo objectivo, in- galhardetes, sendo as bandeiras utilizadas
formar da aproximação de navios a Lisboa, para informar quanto ao número de navios O procedimento de reconhecimento dos
são de conteúdo bem diferente. Em qualquer avistados e os galhardetes para inquirir sobre sinais também se encontra igualmente regu-
deles se encontra estabelecido que os sinais, o avistamento de navios, a sua nacionalidade lado. Em ambos os códigos se salienta que
de bandeiras durante o dia e por fachos ou e rumo seguido. o estipulado não invalida as ordens que o
fogueiras durante a noite, se iniciariam no Quartel General do Exército estabelecer
Farol do Cabo da Roca e transmitidos suces- No que se refere aos sinais nocturnos en- quanto às comunicações das vigias para o
sivamente entre o Forte do Cabo da Roca, o contravam-se previstos 4. O código de 1797, Norte do Cabo da Roca.
Forte das Três Pedras, o Forte dos Oitavos, o que se me afigura veio revogar o anterior, já
Farol da Guia, a Fortaleza de Cascais, o For- que a sua utilização simultânea se afigura O código de 1797 deve ter tido aplicabili-
te de S. António, a Fortaleza de S. Julião da impossível, inclui 11 bandeiras, de que 9 re- dade e interesse pois, no seu número de 29
Barra, o Forte das Maias, o Forte de Caxias, presentam os algarismos de 1 a 9, uma desig- de Agosto de 1801, a Gazeta de Lisboa pu-
a Torre de Belém, a Cordoaria, o Forte de nada por “Cifra” poderia representar o zero blicava o seguinte anúncio:
Alcântara, a Torre das Chagas, o navio que e uma última designada “Igual a todas” que
servia de cábrea, um guindaste da Ribeira, o representava o algarismo da bandeira içada “Regimento de Sinais da Entrada dos navios
observatório da Casa das Formas e o Castelo conjuntamente. No que se refere aos sinais no porto de Lisboa, novamente acrescentado
de S. Jorge e bem assim a comunicação até nocturnos este código prevê a utilização de com a explicação dos cinco números de 42
ao palácio de Queluz. 10 sinais, 9 de fachos (ou fogueiras) e 1 de a 47 (o que não tem o que corre impresso
fachos e foguetes. há dias)2 como também os sinais particulares,
Para o período nocturno considerava-se praticados nessa ocasião no sítio de Buenos
ainda a possibilidade de sinalização entre o O uso de galhardetes não se encontra con- Aires.”
Farol do cabo Espichel, a Serra da Arrábida, templado excepto para uma única situação.
o Castelo de Almada e por fim o Castelo de Pela utilização de uma bandeira, ou asso- Com. E. Gomes
S. Jorge. ciando duas, elaborou-se uma tabela com 49
itens dos quais 4 (o 43, 44, 45 e 46) não se Notas:
O código de 1796 estabelecia a necessida- encontram preenchidos. Os itens de 1 a 30 1 É conhecida a utilização anterior de sinais, efectuados
de de uma vara transversal, ao pau da ban- são informativos, referindo-se a navios que se por tiros de artilharia, entre navios da mesma armada,
deira, para, no caso de falta de vento, se dis- aproximam, de que tipo são, do seu número, sinais esses integrados no regimento do capitão mor
porem as bandeiras, estabelecia igualmente a a que rumo seguem, de que nacionalidade, dessas armadas.
necessidade de, nos locais sem gente, haver etc ... 2 Os exemplares analisados têm falta dos cinco artigos
três homens efectivos para estes serviços, de- 43 a 46 inclusive.
finindo-se também que, nalguns locais, não Os itens de 31 a 41 constituem perguntas,
se poderiam fazer fogos ou utilizar fachos, sobre as informações prestadas, acerca da Fontes:
distância a que se encontram, para onde na- Cod. 49-II-51 e Cod 49-II-52 da Biblioteca da Ajuda,
vegam, se se aproximaram entretanto e ainda Biblioteca Central da Marinha. RDd 4 31 e RDd 4 32.
ESTÓRIAS
A PROVERBIAL FAMA DE MARINHEIRO?
Q uando entrei como Assisten-
te Social para a Marinha em do já as informações solicitadas, op- – Oh menina, ele embarcou! Não
1995, o sistema de Acção tei por procurar o número telefónico pense mais nisso!!!!!
Social das Forças Armadas era uma interno do respectivo serviço, em vez
realidade que eu praticamente desco- de gastar à Marinha uma chamada Fiquei sem fala e desliguei. Contactei
nhecia. Com o objectivo de apoiar os para o telemóvel particular do militar. o respetivo indivíduo através do seu te-
militares e familiares que se dirigiam Tratando-se de assunto delicado, ao lemóvel particular.
ao meu gabinete na DAS, ficava com contactar a Base Naval solicitei que
os respectivos contactos, para onde li- me chamassem o utente, mas não me Passados uns tempos volto a ligar
gava após ter obtido junto das colegas identifiquei de modo a preservar a pri- para a Base Naval, para contactar um
do IASFA as informações necessárias. vacidade do mesmo. Do outro lado da outro utente e repete-se a cena:
linha, após ter mencionado o nome do
Aconteceu que a dada altura fui militar com que pretendia falar ocorre – Oh menina, ele embarcou! Não
contactada por uma praça a prestar um longo …… silêncio, seguido da se- pense mais nisso!!!!!
serviço na Base Naval do Alfeite. Ten- guinte frase:
Luísa Rego
Assistente Social
28 MARÇO 2013 • REVISTA DA ARMADA