Page 27 - Revista da Armada
P. 27
nal, designadamente na Comissão desempenhou-se de forma brilhante
Luso-Francesa, mantendo sempre o das suas responsabilidades como V/
mesmo nível de eficiência e de com- CEMGFA, desenvolvendo acção que
petência técnica que tem sido muito muito contribuiu para o bom enten-
apreciado não só pelas nossas Forças dimento e frutuosa cooperação entre
Armadas como por entidades estran- os três Ramos e para a manutenção
geiras. da coesão e disciplina das Forças Ar-
Inicia mais um período da sua carrei- madas. Enumera depois as actividades
ra naval, em Outubro de 1973, quan- desenvolvidas pelo Almirante Souto
do assume o comando da Flotilha de Cruz, afirmando que fica a dever-se-lhe
Patrulhas. uma notável e aturada acção na cor-
Dá-se o 25 de Abril e a partir des- recta inserção das Forças Armadas na
ta data as suas promoções suce- Nação, e que nas reuniões nacionais
dem-se com rapidez. Em Junho de e internacionais, em particular nestas
1974 é nomeado Superintendente últimas, exerceu uma representação
dos Serviços de Material da Ar- prestigiante, afirmando-se com inegá-
mada, cargo que se coaduna com Cerimónia de imposição da Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo ao vel autoridade junto dos círculos po-
os seus profundos conhecimentos Almirante Souto Cruz, no Palácio de Belém. líticos e militares da Aliança Atlântica
e distintos trabalhos realizados nas áreas apreciadas em encontros internacionais. e defendendo da melhor maneira os interesses
das Comunicações e das Infra-estruturas. Quando entrega o cargo de CEMA, em Ou- das Forças Armadas e do País. Menciona que a
A promoção a Comodoro chega em Setembro tubro de 1978, a Marinha tinha, claramente, sua acção foi desenvolvida no sentido de obter
de 1974 e logo em Junho do ano seguinte é ultrapassado as sequelas causadas pelo perí- compensações e contrapartidas dos países nos-
Contra-Almirante. odo revolucionário pós 25 de Abril. sos fornecedores do material indispensável ao
A situação social e política a nível nacional, Em Novembro assume o cargo de Presiden- funcionamento e reequipamento das Forças Ar-
depois de um período de convulsões, começa te da Delegação Portuguesa à Comissão Mista madas, conseguindo, assim, criar novas opor-
a normalizar-se a partir dos acontecimentos de Luso-Alemã. tunidades para as nossas indústrias. Termina o
25 de Novembro de 1975. É então que General CEMGFA declarando que com o
a Marinha faz saber que necessita, com louvor deseja deixar público testemunho
brevidade, de um Almirante que desem- do meu apreço e admiração pelas suas
penhe, em exclusividade, as funções qualidades de homem e de militar e do re-
do Chefe do Estado Maior da Armada conhecimento pelos serviços prestados às
(CEMA), já que na época quem exerce Forças Armadas e à Nação, que reputo de
essas funções é o Almirante Pinheiro de extraordinários, relevantes e distintíssimos.
Azevedo, desde Setembro 1º. Ministro. Com a Medalha Militar de Ouro dos
A escolha recai no Contra-Almirante Serviços Distintos que então lhe é muito
Souto Cruz, promovido a Vice-Almirante justamente concedida, cessam, na práti-
a 29 de Novembro, data em que assume ca, 48 anos de uma distintíssima carreira.
o cargo mais elevado da Marinha. Apesar Apesar de ter deixado o serviço efec-
de, contrariamente à sua tradição, a Mari- tivo, continua dedicado à sua Marinha.
nha encontrar-se com significativas cliva- Assim, em 1984, preside à Comissão
gens devido a causas internas e externas, Promotora de um Monumento a Gago
a indicação do seu nome mereceu um Coutinho e Sacadura Cabral que, situado
alargado consenso. perto da Torre de Belém, é solenemente
Membro por inerência do Conselho de inaugurado em Novembro de 1991.
Revolução, o Almirante Souto Cruz, mer- Já na situação de Reforma, a que passa
cê das suas excepcionais qualidades de em Setembro de 1988, é de Outubro de
carácter, competência e dedicação, põe 1990 a Maio do ano seguinte Presidente
a Marinha “a navegar no rumo certo”. da Comissão Executiva para a Recupera-
Durante cerca de três anos que esteve ção da fragata D. Fernando II e Glória.
à frente dos destinos da Marinha é vas- Almirante Souto Cruz. Em 1 de Maio de 1995 falecia em
ta e notável a sua obra. A sua preocupação O General CEMGFA, que muito apreciou Lisboa o Almirante Augusto Souto Silva Cruz,
principal é “apaziguar” a Corporação, para o o modo como chefiou a Marinha, nomeia-o oficial dotado de inexcedíveis qualidades de
que tem especial atenção com a área do Pes- seu Vice. carácter, inteligência, competência e dedica-
soal, regulamentando os Conselhos de Classe Como Vice-CEMGFA, o Almirante Souto ção com que serviu de uma forma altamente
e de Promoções e reestruturando o Estatuto Cruz se por um lado continua muito ligado a meritória a Marinha durante cinco décadas.
dos Oficiais e os Quadros do Pessoal. A Ins- assuntos NATO, por outro, devido à sua ponde-
trução é outra área que toma como prioritária ração e espírito conciliador, consegue harmoni- As cinzas do Almirante Souto Cruz foram
e cujo plano de actividades merece sempre zar as relações entre os Chefes dos três Ramos lançadas ao mar no dia 8 de Junho, a 5 milhas
o seu melhor atendimento. Igualmente os as- das Forças Armadas e estabelecer acordos con- do farol do Bugio, em cumprimento do dese-
suntos respeitantes a infra-estruturas, de que juntos, sempre difíceis perante escassos recur- jo expresso por aquele oficial. A pequena urna
era perfeito conhecedor dada a sua recente sos e arreigados espíritos corporativistas. contendo as suas cinzas, coberta com a bandei-
passagem pela Superintendência do Material, ra nacional, foi lançada ao mar na presença da
constituem pontos importantes da sua agen- Em Junho de 1979 é exonerado de Vice- viúva, do filho e do neto do Almirante, enquan-
da de trabalhos. Versado em assuntos NATO, -CEMGFA por ter transitado para a situação to eram lançadas ao mar duas coroas de flores,
de Reserva, por limite de idade. Recebe então uma em nome da família e outra em nome da
mantém as participações em reuniões interna- um extenso louvor do CEMGFA, General Ra- Marinha (Revista da Armada – Julho 1995).
cionais daquela Organização, como delegado malho Eanes, em que o considera oficial de
do Chefe do Estado Maior General das Forças indefectível lealdade, dotado de inexcedível
Armadas (CEMGFA). As suas sólidas propostas espirito de missão e de hombridade e de ine- José Luís Leiria Pinto
e esclarecidas opiniões continuam a ser muito quívocas qualidades de inteligência e trabalho, CALM
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2013 27