Page 7 - Revista da Armada
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este ano e o seu incansável contributo para a Oceânica, dos quais apenas temos ao servi- Foto 1SAR M REF Manuel Ribeiroto, é necessário uma cooperação efetiva e
salvaguarda e a divulgação do passado ma- ço o Viana do Castelo, que visa substituir as uma partilha, em tempo real, de dados e
rítimo português. velhas corvetas com mais de 40 anos de ser- informações entre todas as entidades que
viço e iniciar o programa de construção das exercem funções de vigilância e fiscali-
Resumindo, posso afirmar que o empenho Lanchas de Fiscalização Costeira, visando a zação, no âmbito das suas atribuições e
do pessoal, suportado por uma enorme mo- substituição dos patrulhas, que também estão competências, nos espaços marítimos sob
tivação, a par com uma utilização judiciosa praticamente no fim da sua vida operacional, soberania e jurisdição nacional.
dos meios e recursos colocados à nossa dis- restando apenas 3 navios em operação.
posição permitiu o cumprimento da missão Importa, neste campo, e mencionando a
da Marinha. Mas apesar de todas as dificuldades a Ma- legislação recentemente promulgada, referir
rinha não esteve parada, nem expectante, que a Marinha representa uma moldura ins-
Quem está de fora pode parecer que a “cri- antes metemos mão à obra e preparamos titucional com legitimidades heterogéneas e
se” passou ao lado da Marinha e que, apesar o futuro, analisamos os processos, com o capacidades multifuncionais, constituindo-se
da diminuição de alguns dos índices que objetivo de procurar sinergias e eliminar como um excelente exemplo da utilização cri-
apresentei, quando comparados com anos as tão referidas “gorduras”, investimos em teriosa dos escassos recursos humanos, mate-
transatos, conseguimos fazer tudo o que nos formação do nosso pessoal e na tecnologia riais e infraestruturas de que dispomos, numa
é cometido. para, desta forma, nos tornarmos mais efi- lógica de Duplo Uso, consubstanciando-se no
cientes e eficazes. Chefe do Estado-maior da Armada que é por
Mas assim não o é, de facto cumprimos inerência a Autoridade Marítima Nacional.
a nossa missão, mas a que custo? O custo Posso neste âmbito referir que desde que
associado a uma significativa diminuição do celebramos o dia da Marinha no Barreiro, há Ainda no âmbito legis-
investimento e das verbas 16 anos atrás, já reduzimos cerca de 5900 lativo e na sequência do
alocadas à manutenção e efetivos dos quadros de pessoal militar, mi- recentemente aprovado
ao treino. litarizado e civil que corresponde aproxima- Conceito Estratégico de
damente a 35% do total. Defesa Nacional, e da
Durante o ano transa- resolução do Conselho
to, apenas efetuamos as Efetuámos um esforço no sentido de con- de Ministros “Defesa
ações de treino e manu- centrar grande parte dos órgãos e dos servi- 2020”, perspetivam-se
tenção estritamente ne- ços da Marinha no Alfeite e na Ribeira das alterações profundas.
cessárias à manutenção Naus, fechando e alienando vários prédios Neste âmbito temos co-
dos níveis mínimos de militares e permitindo a geração de sinergias laborado, ativamente,
operacionalidade. e a poupança de recursos. nas reformas que se en-
contram em curso, com
Neste contexto pode No campo tecnológico gostaria de sa- o objetivo bem claro de
tudo isto parecer normal, lientar que o Barreiro ficará mais uma vez melhorar a capacidade
mas devo alertar que não ligado à Marinha e à sua modernização tec- operacional das Forças
é possível prolongar esta nológica. Há 16 anos inauguramos o nosso Armadas, garantindo
situação por mais tempo, primeiro portal da internet, hoje tenho o pra- que os ganhos de efi-
pois estamos a navegar e zer de apresentar uma nova imagem da Ma- ciência organizacional e
operar no limite. rinha na internet, tornando-a mais moderna, redução de custos com o
apelativa e funcional. pessoal sejam reafectados para operação e
O prolongar desta si- manutenção.
tuação poderá potenciar Portugal prepara-se para adotar uma nova Senhor Ministro da Defesa Nacional,
a ocorrência de aciden- Estratégia Nacional para o Mar, documento A Marinha cruza os mares há séculos,
tes, com o material, por ausência de manu- estruturante para o desenvolvimento de todas cumprindo as missões que lhe são atribuí-
tenção, ou com o pessoal, por ausência de as atividades marítimas. A concretização desta das, com brio, dedicação e espírito de bem
treino, pois o risco aumenta exponencial- estratégia vai corresponder, necessariamente, a servir e assim continuará a faze-lo enquan-
mente com a diminuição do investimento uma maior exigência sobre as funções da segu- to Portugal e os Portugueses o exijam.
nestas áreas, que se constituem como dois rança e do exercício da autoridade, pelo que O nosso saber, os meios e a experiência
dos mais importantes pilares da nossa ope- haverá necessidade de reforçar e qualificar os agregada que a Marinha possui, deve, e
racionalidade. dispositivos atualmente existentes, considera- tem de ser potencializada como um ativo a
dos imprescindíveis para que as restantes ati- explorar no contexto da estratégia nacional
Neste sentido urge ultrapassar a situação vidades decorram em ambiente de segurança. para o mar.
em que nos encontramos. Os homens e as mulheres, militares, mi-
Saliento que, para atingir este desidera- litarizados e civis, que orgulhosamente
É necessário colmatar o défice de manuten- comando, continuarão, na senda dos seus
ção dos meios navais, das infraestruturas e antecessores, mas bem conscientes das
dos meios de transporte, bem como a exaus- dificuldades que o País atravessa, a dar o
tão dos stocks de sobressalentes. seu melhor para que a Marinha se assu-
ma como um parceiro indispensável na
É necessário retomar os níveis de treino, afirmação de Portugal no mar cumprindo
para garantir elevados níveis de operaciona- com o lema, que há 150 anos foi insti-
lidade dos meios, e assim diminuir o risco de tuído e mandado inscrever nos navios,
acidente. Neste âmbito recordo, como exem- “A Pátria honrae que a Pátria vos con-
plo, que celebramos os 20 anos da esquadri- templa”.
lha de helicópteros e simultaneamente as 20
mil horas de voo, sem qualquer acidente, José Carlos Saldanha Lopes
situação que nos orgulha e é digna de registo. Almirante
Celebramos também os 100 anos da exis- REVISTA DA ARMADA • JUNHO 2013 7
tência de submarinos em Portugal. Estamos
bem cientes do esforço financeiro que foi
necessário efetuar para os adquirir, importa
agora garantir que teremos as verbas necessá-
rias à sua manutenção e operação para assim
potencializar a sua utilização.
É também urgente retomar os programas
de reequipamento da esquadra, designada-
mente a construção dos Navios de Patrulha