Page 8 - Revista da Armada
P. 8

REVISTA DA ARMADA | 484

NRP VIANA DO CASTELO
NA MADEIRA

ONRP Viana do Castelo iniciou a sua primeira comissão na Re-           Esta comissão do navio na RAM obrigou, por parte das entidades
     gião Autónoma da Madeira (RAM) no passado dia 20 de janei-      locais, à tomada de um conjunto de ações que garantisse a susten-
ro, dia em que largou da Base Naval de Lisboa com 42 militares a     tabilidade da missão, nomeadamente ao nível do apoio portuário.
bordo e muitas expetativas relativamente ao sucesso da missão.       Este facto implicou uma ligação de proximidade com a Administra-
Sendo esta a missão de maior duração realizada pelo navio desde      ção dos Portos da Região Autónoma da Madeira, uma vez que o ha-
a sua entrega à Marinha, o regresso à Zona Marítima da Madeira       bitual cais de atracação praticado em exclusividade pelos navios da
(ZMM), após a colaboração prestada à deslocação do Presidente        Marinha não reunia as condições estruturais e de acostagem ade-
da República Portuguesa às Ilhas Selvagens no passado mês de         quadas ao navio. Hoje, sensivelmente a meio da comissão pode afir-
julho, acaba por constituir uma fase importante no processo de       mar-se que esta ação foi concretizada com pleno sucesso, existin-
conhecimento e treino que permite hoje à sua guarnição operar        do um diálogo permanente entre as diversas partes envolvidas que
e rentabilizar um navio que tem tanto de complexo e exigente,        permite ao navio articular os seus movimentos com as frequentes
como de versátil e estimulante para todos os que diariamente são     solicitações de cais no Porto do Funchal.
confrontados com os inúmeros desafios resultantes da sua ope-
ração, dando desta forma sequência a um processo contínuo de           Da experiência vivida em anteriores comissões realizadas na RAM
aprendizagem ainda longe de estar concluído.                         observa-se que a atividade desenvolvida pelos navios da Marinha
                                                                     em nada mudou ao longo da última década, mantendo-se o forte
   Após ter sido realizada a calibração da agulha magnética a Sul    apoio à estrutura do Parque Natural da Madeira (PNM), através das
de Sesimbra, com a colaboração de elementos do Instituto Hi-         ações logísticas de rendição dos seus elementos às Ilhas Desertas e
drográfico, o navio iniciou nessa tarde o trânsito para a RAM, vin-  Selvagens, o apoio aos diversos órgãos militares em Porto Santo e o
do a atracar no Porto do Caniçal na manhã do dia 22, em resul-       cuidado especial relativamente às inúmeras áreas protegidas exis-
tado da inexistência no Porto do Funchal de meios de elevação        tentes no arquipélago.
que permitissem proceder ao desembarque da embarcação SR40
transportada pelo navio e destinada ao Instituto de Socorros a         Mas, se não existiram alterações significativas ao nível da co-
Náufragos da Madeira. À chegada o navio tinha à sua espera o         laboração prestada pela Marinha, o mesmo não se pode afirmar
Comandante da Zona Marítima da Madeira, CMG Félix Marques,           relativamente à atividade de pesca e ao tipo de embarcações a
e uma equipa da RTP Madeira com o objetivo de realizar uma           operar na Região. O Arquipélago da Madeira é rodeado por uma
primeira reportagem do navio e dessa forma assinalar o início da     Zona Económica Exclusiva (ZEE) muito extensa (454.009 km2),
primeira comissão de um Navio Patrulha Oceânico à ZMM. Mais          caracterizada por fundos marinhos com fortes declives numa pla-
tarde, já no Porto do Funchal e durante as audiências realizadas     taforma insular quase inexistente, verificando-se ainda uma pra-
com o Representante da República para a RAM, Juiz Conselheiro        ticamente ausência de correntes de afloramento significativas,
Ireneu Cabral Barreto, e o Comandante Operacional da Madeira,        muito limitativa em termos de capacidade produtiva, atendendo
MGEN Marco António Mendes Paulino Serronha, o Comandante             à baixa capacidade de produção primária fito planctónica, o que
do navio ouviu de ambos palavras de satisfação e regozijo pela       acaba por condicionar, em muito, a exploração (técnicas e estra-
chegada do NRP Viana do Castelo à Região, tendo sido demons-         tégias de pesca) em face das limitações resultantes da natureza
trada grande curiosidade relativamente às características e capa-    dos fundos marinhos.
cidades do navio.
                                                                       Devido às características predominantemente oceânicas do Ar-
                                                                     quipélago da Madeira, a fauna marinha é muito diversificada e

8 ABRIL 2014
   3   4   5   6   7   8   9   10   11   12   13